Faturamento da indústria mineira avança em março

A indústria mineira registrou, em março, crescimento de 1,1% no faturamento na comparação ao mês anterior. Essa foi a terceira elevação seguida do indicador. Já no confronto com março de 2022, o avanço foi de 3,7%.

Com esse resultado, o acumulado de 2023 está em 8,7%, enquanto o índice dos últimos 12 meses ficou com uma variação positiva de 6,3%. Os dados são da Pesquisa Indicadores Industriais realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

A economista da Fiemg Daniela Muniz explica que o avanço pode ser relacionado ao aumento dos pedidos em carteira. Ela também destaca o fato de fevereiro ser uma base de comparação fraca, por ser menor e com um longo feriado de Carnaval.

Daniela Muniz conta que a pesquisa mostrou uma evolução positiva em todos os indicadores analisados, tanto os de atividade quanto aqueles ligados ao mercado de trabalho.

No caso das horas trabalhadas, na produção, observa-se uma elevação de 1,1% frente ao mês anterior. Porém, se comparado com o mesmo período do ano anterior, o indicador apresentou um recuo de 3,9%. Também houve quedas nos acumulados do ano (-1,4%) e dos últimos 12 meses (-0,1%).

A pesquisa ainda mostra que a utilização da capacidade instalada expandiu 1,2 ponto percentual, passando de 80,7 para 81,9 pontos. Essa melhora ocorreu em virtude dos avanços nos dois segmentos da indústria.

Mercado de trabalho inverte tendência

Já com relação ao mercado de trabalho, a economista destaca que os dados vêm apresentando gratas surpresas até mesmo em outros indicadores como o Caged. “Aparentemente estão invertendo a tendência do segundo semestre de 2022, de desaceleração mais intensa”, analisa.

O nível de emprego na indústria registrou um leve aumento de 0,8% na comparação com fevereiro deste ano. Esse resultado é decorrente do acréscimo no segmento de transformação. O desempenho também foi positivo no comparativo com março de 2022 (2%).

A massa salarial expandiu 3,6% no comparativo com o mês anterior, o que, para Daniela Muniz, pode ser explicado pela ocorrência de alguns pagamentos pontuais no mês. Como o de participações nos lucros e resultados e de gratificações e também pelo aumento do emprego.

Esses pagamentos também contribuíram para o crescimento de 3,5% do rendimento médio real frente a fevereiro.

Juros altos desafiam desempenho

A economista da Fiemg conclui que esses dados mostram uma melhora da atividade industrial em março e que eles podem indicar uma mudança positiva de trajetória. Contudo, ela também ressalta que esses resultados obtidos até aqui podem ser apenas uma melhora pontual. “A gente só vai saber se foi um caso ou outro nos próximos meses”, conclui.

Daniela Muniz avalia que o cenário econômico ainda é bastante desafiador e que há alguns fatores que podem, portanto, dificultar o desempenho do setor em Minas, como a política monetária restritiva que vem sendo adotada para conter o processo inflacionário. “Essas taxas de juros elevadas podem afetar os investimentos e a demanda por bens industriais que são mais dependentes do financiamento, como automóveis”, afirma.

Outro fator que preocupa o mercado, segundo a economista, é a demanda enfraquecida devido à inflação e juros elevados e um alto nível de inadimplência. Ela também aponta, porém, que a ampliação das medidas de transferência de renda e o reajuste do salário mínimo podem acabar contribuindo para o consumo de bens industriais ao longo do ano.

Quanto ao cenário externo, Daniela Muniz destaca a aceleração da economia chinesa, dado o fim da política de Covid zero no fim de 2022, como um possível incentivador da demanda por commodities, principalmente da indústria extrativista mineral. Mas a economista lembra que esse não é o único fator importante, já que o próprio setor extrativista do País possui muitos outros clientes além da China.