Opinião

EDITORIAL | Resposta à altura

EDITORIAL | Resposta à altura
Crédito: Reprodução Freepik

O mundo inteiro parece ter se dado conta de que a internet, concebida para aproximar pessoas e amplificar o acesso ao conhecimento, produziu efeitos indesejados na medida em que passou a atuar sem qualquer tipo de controle ou limitação. Na verdade, e conforme já foi dito em diversas oportunidades nesse mesmo espaço, trocou os benefícios esperados, na forma de aproximação, entendimento e compartilhamento, pelo mais absoluto descompromisso pelo que se possa entender como informação e conhecimento, tomando rumo oposto e assim ameaçando valores que podem ser tidos como pilares da vida em sociedade. Algo que está claro o suficiente para a compreensão de que são necessários limites e controles até em defesa do que se possa entender legitimamente como liberdade de expressão, tal como já buscam fazer países mais adiantados, especialmente na América do Norte e Europa.

O Brasil, ainda que com algum atraso, busca esses caminhos e tem encontrado reações que apenas confirmam as proporções da ameaça a ser contida. Estamos falando dos movimentos explícitos de empresas que operam as chamadas redes sociais, procurando confundir e desorientar, fazendo da mentira o seu principal instrumento. Caso mais recente do Telegram, controlado a partir da Rússia, que na terça-feira distribuiu a seus usuários brasileiros mensagem afirmando que a proposta em tramitação no Congresso Nacional restabelece a censura, constituindo portanto ameaça à própria democracia. Ameaça, sim, que as próprias big techs encarnam na medida em que tentam confundir mentiras com liberdade de expressão ou regulação, que existe para a imprensa, com censura. Ou mentem para que seu suposto direito de mentir possa continuar intocado.

As reações imediatamente provocadas, com firmes condenações nas esferas, principalmente do Legislativo e do Judiciario, podem fazer crer que o Telegram, que opera a partir do exterior, tenha exagerado na dose, assim acabando por provar de seu próprio veneno ao explicitar a extensão da ameaça que já não disfarça. Ainda na terça-feira o Ministério da Justiça informou que a plataforma será notificada, podendo ser exigida correção ou supressão do conteúdo, além do pagamento de multa. Também se fizeram ouvir os presidentes da Câmara e do Senado, ambos ressaltando a extensão do abuso e da pretendida intervenção em assuntos internos do País.

Diante do acontecido, que deve ter bastado para ilustrar definitivamente a extensão da ameaça, o que se pode esperar é que as discussões sejam aceleradas e que o Brasil e suas instituições possam, afinal, estar protegidas, tal como já acontece nos países mais avançados.

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