Cultivares de café destacam-se no Cerrado

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Federação dos Cafeicultores concluíram a apuração dos resultados do projeto de cultivares de café, desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento para a Região do Cerrado Mineiro para as safras de 2019 a 2022. Foram implantadas 22 Unidades Demonstrativas nos principais polos cafeeiros do Cerrado.
“Foram estudadas 12 cultivares registradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC). Três foram utilizadas como padrões: a cultivar Catuaí Vermelho IAC 144 pela produtividade; a cultivar Bourbon Amarelo IAC J10, referência em qualidade; e a cultivar IAC 125RN pela resistência à ferrugem. As demais cultivares, desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético coordenado pela Epamig, foram escolhidas em função de características específicas”, explica o pesquisador da Epamig, Gladyston Carvalho.
O plantio das mudas ocorreu em outubro de 2016 e a avaliação considerou as colheitas realizadas no quadriênio 2019 a 2022. “Ao longo do projeto conseguimos comprovar a premissa inicial de que é possível aumentar a produtividade e a qualidade dos cafés do Cerrado Mineiro pela escolha de uma variedade mais adequada às condições de clima, de solo e de manejo de cada microrregião”, acrescenta o pesquisador.
O superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro, Juliano Tarabal, reforça que o projeto comprovou que, de fato, existe diferença de comportamento das variedades conforme a microrregião: “Não existe uma recomendação única, conforme varia a altitude, o solo, o manejo e outros fatores há diferenças no comportamento da variedade. Há que se considerar também se a área é de sequeiro ou irrigada”.
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Os resultados abrangendo as médias de produtividade, qualidade sensorial da bebida e rendimento de café da roça para café beneficiado no quadriênio 2019/2022 por cultivar e por microrregião serão disponibilizados em uma cartilha que está sendo preparada pela Epamig e formatada pela federação.
“No período do projeto, os ganhos em produtividade, quando comparados à cultivar Catuaí Vermelho IAC 144, foram de até 15,8% na média geral. No quesito qualidade sensorial da bebida, o incremento na nota foi de até 1,1 ponto acima da nota obtida pela cultivar Bourbon Amarelo IAC J10, o que elevou o café à classificação de excelente, caso da MGS Paraíso 2, que obteve média superior a 85 pontos”, destaca Carvalho.
Parceria
O modelo das unidades demonstrativas envolve o dono da propriedade em todas as fases do processo. O produtor se responsabiliza por todo o custo de implantação e manutenção da área, por fazer o registro de cada procedimento adotado na unidade e por preparar as amostras para as análises sensoriais, além disso concorda em fazer da propriedade uma vitrine para visitas e eventos técnicos. Como contrapartida recebe o suporte tecnológico das instituições parceiras em todo o período.
“Com este trabalho comprovamos que os investimentos em melhoramento genético do café trouxeram avanços na produtividade das lavouras e na qualidade dos grãos produzidos”, afirma o pesquisador da Epamig. Ele acrescenta que modelo serviu de base para um projeto estadual, em parceria com a Embrapa Café, que instalou 42 unidades demonstrativas em 41 municípios das seguintes regiões: Sul; Sudoeste; Oeste; Campo das Vertentes; Zona da Mata; Vale do Rio Doce; Vale do Jequitinhonha; Norte; Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
As áreas implantadas entre o fim de 2021 e início de 2022 devem iniciar a produção na safra de 2024.
Renovação
A viveirista Elisa Müller Veronezi, responsável pelo preparo das mudas implantadas nas unidades demonstrativas, conta que a procura pelas novas cultivares tem aumentado nos últimos anos. “Essa mudança tem se concretizado nos últimos anos. Variedades como a MGS Paraíso 2, a Topázio (Epamig) e Arara (Procafé) estão entre as mais buscadas por cafeicultores que querem renovar suas lavouras. Isso se deve a essa maioragregação de benefícios que está sendo comprovada no campo”, completa.
Cafeicultor de Monte Carmelo, César Jordão recebeu na Fazenda Londrina uma das Unidades Demonstrativas. “Usei uma área já destinada à cafeicultura com o intuito de renovação da lavoura. Em produtividade, as cultivares que mais se destacaram na unidade instalada na minha propriedade foram a MGS Epamig 1194, a MGS Ametista e a MGS Aranãs. Em qualidade, foi a MGS Paraíso 2”, revela. Ele acrescenta que a experiência é bastante positiva e válida pelo propósito de diferenciar as recomendações levando-se em conta as características de cada microrregião”.
O projeto contou com o apoio financeiro do Consórcio de Pesquisa Café, da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto de Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT Café). (Epamig)
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