Minas Gerais participa da Semana Nacional de Museus
Muito mais do que repositórios do passado ou um lugar que guarda memórias, os museus são equipamentos culturais vivos, que dialogam permanentemente com a comunidade. Atentos aos problemas reais e às demandas da sociedade por um mundo mais equilibrado e justo, estão se engajando por meio de ações e práticas estruturantes e cotidianas e também utilizando acervos e promovendo mostras e performances que colocam foco sobre a sustentabilidade.
E é justamente esse o tema da 21ª Semana Nacional de Museus, que acontece entre os dias 15 e 21 deste mês. Mais de 1.100 museus de todo o Brasil estarão unidos em prol de atividades e eventos que promovem o tema “Museus, Sustentabilidade e Bem-Estar”.
Em Minas Gerais, serão 168 instituições participantes, que apresentarão exposições, palestras e outras atividades.
Neste ano, a ação destaca a importância dos museus como espaços que promovem o bem-estar e a sustentabilidade, apoiando três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2015: ODS 3: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades; ODS 13: Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos; e ODS 15: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
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No Campo das Vertentes, o Museu Regional de São João del-Rei realizará, no dia 17 de maio, uma visita às pinturas rupestres da Serra do Lenheiro. De acordo com o chefe de serviços do Museu Regional de São João del-Rei, João Victor Vilas Boas Militani, as ações estão ligadas ao bem-estar, memória e à preservação do patrimônio natural e cultural em conjunto.
“Teremos uma oficina de bordado, que é um elemento forte da cultura mineira, para falar de bem-estar e saúde. Sentir-se confortável e seguro tem muita relação com as lembranças, a memória. No pilar da sustentabilidade vamos promover uma expedição pela Serra do Lenheiro até o sítio de pinturas rupestres. Nesse caminho, vamos discutir a relação entre a natureza e o patrimônio histórico. Sobre como podemos proteger um protegendo o outro e, assim, cuidarmos melhor das pessoas. Nessa caminhada vamos passar por alguns pontos onde aconteceu a mineração nos tempos da colônia e ver como essa atividade atingiu o patrimônio natural e ajudou a nos formar como povo”, explica Militani.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), em Sabará, no Museu do Ouro, no dia 16 de maio, será inaugurada a mostra fotográfica “Lavadeiras do Sabará”, uma reunião de registros e memórias sobre a transformação das águas do rio Sabará e os saberes e práticas relacionados ao ofício das lavadeiras. Já no Museu Regional de Caeté, também no dia 16, serão apresentados relatos de experiências sobre sustentabilidade e meio ambiente.
Na Capital, o MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, que faz parte do Circuito Cultural Praça da Liberdade (região Centro-Sul), preparou atividades especiais para o seu público, que poderá participar de encontros sobre o tema. As ações acontecem nos dias 11 e 18 de maio, dia em que se comemora o Dia Internacional de Museus.
De acordo com a gerente de Relacionamento do MM Gerdau, Paola Oliveira, por ser um museu de ciência e tecnologia dedicado às ciências da terra, o equipamento cultural, além de ações internas como coleta seletiva e uso de energia fotovoltaica, desenvolve projetos integrados para tratar do tema a partir das mostras e espetáculos que fazem parte da programação corrente do Museu desde a sua criação, há 13 anos.
“Na nossa construção diária trazemos uma consciência sobre a mineração através de uma programação científica. Queremos dialogar com a sociedade como um todo. Temos um núcleo de pesquisa que provoca a divulgação científica e que faz a curadoria das mostras e eventos de forma que eles tenham esse sentido da educação para o uso dos recursos, especialmente os minerários. Ao fim de tudo, queremos construir pertencimento e girar a cadeia produtiva da economia criativa. Aproveitamos as efemérides como a Semana dos Museus para ganhar visibilidade, mas temos uma programação contínua relacionada com o tema. Todas as ações conversam e assim mostram a vocação do Museu”, afirma Paola Oliveira.
Na região Leste, o Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também já está pronto para a semana especial. Espaço privilegiado em que a natureza faz parte do acervo, o Museu já nasceu com a responsabilidade socioambiental como um pilar, mesmo antes de terminologias como ESG e ODS existirem.
Segundo a coordenadora educativa do Museu de História Natural, Adriana Mortara, os museus têm um duplo papel na missão de levar temas como os ODS para a população. A primeira é nas suas ações internas, em como trabalham pela sustentabilidade do próprio equipamento. E a segunda, utilizando o seu poder de comunicação, valendo-se de meios diferentes dos tradicionais para falar com a população.
“O próprio espaço do museu, seus processos internos e a escolha, por exemplo, de materiais para uma exposição, são uma face do papel de instituições como a nossa na disseminação dos ODS e da sustentabilidade. De outro lado, está a credibilidade e o potencial de comunicação dos museus com suas programações. Aproveitamos datas como a Semana dos Museus para ganhar visibilidade, mas tudo isso acontece no nosso dia a dia. No caso do Museu de História Natural isso fica mais nítido porque somos também um jardim botânico, mas essa agenda já está posta para além dessa característica”, pontua Adriana Mortara.
O Guia da Programação da 21ª Semana Nacional de Museus está disponível no site gov.br/museus.
Mobilização se alinha ao MM2032
Toda a mobilização gerada pelos museus brasileiros em prol da conscientização sobre os ODS e a sustentabilidade está em linha com os objetivos do Movimento Minas 2032 pela transformação global. Liderado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, em parceria com o Instituto Orior, o MM2032 propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos ODS.
No dia 17, no Centro de Arte Popular, integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, será realizada a mesa-redonda “Regeneração, comunidades e planeta saudável”, com a participação do diretor do Instituto Orior e coordenador do Movimento Minas 2032, Raimundo Soares. Estarão com ele na mesa, a presidente da Ecoavis / Kaburé, Claudia Rodrigues; e a superintendente da Federação Mineira de Fundações e Associações de Direito Privado (Fundamig), Julia Caldas de Almeida. A mediação será realizada pela de líder na Conectidea e curadora do evento, Nanda Soares.
“Os museus são importantes ambientes de resguardo da nossa identidade. Na mesa-redonda pretendo explorar o significado de cada um dos termos e como interagem entre si para um processo de concertação global, tendo a ‘regeneração individual’ como o principal timoneiro da nossa correção de rota, que encontra-se em colisão com a possibilidade de um desenvolvimento econômico e socioambiental para todas as nações”, explica o diretor do Instituto Orior e coordenador do Movimento Minas 2032, Raimundo Soares.
Para a presidente do DIÁRIO DO COMÉRCIO e coordenadora do MM2032, Adriana Muls, a proposta da Semana dos Museus é um dos exemplos de como a comunidade deve estar conectada em todas as áreas para alcançar as metas da Agenda 2030.
“É uma inovação trazer para dentro dos museus o debate da sustentabilidade. O tema da mesa traz essa evolução porque envolve ODS de extrema importância: a boa saúde e o bem-estar, o combate às alterações climáticas e a vida sobre a Terra. Todos eles têm urgência em serem alcançados e, por isso, trabalhamos na articulação deles e de outros ODS no Movimento Minas 2032”, afirma Adriana Muls.

Biblioteca tem ação permanente ligada aos ODS
Mas não apenas os equipamentos culturais envolvidos na 21ª Semana dos Museus se dedicam à causa da sustentabilidade e à divulgação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, também integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, tem uma ação permanente nesse sentido. O Projeto de Ampliação e Renovação do Acervo, que acaba de ser finalizado, demonstra isso, atendendo diretamente, pelo menos, dois ODS. O de número 4: Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos, e o 17: Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
A iniciativa, encabeçada pela Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Estadual (Sabe), contou com patrocínio da Gerdau, possibilitou o tratamento técnico e a incorporação ao acervo de 20 mil títulos doados e adquiridos recentemente, demonstra isso. O valor do investimento foi R$ 289.740,00. Entre os novos títulos, estão 24 livros em braille.
Segundo a vice-presidenta da Sabe, Alessandra Gino, o tratamento e o processamento técnico dos livros doados ou adquiridos é um trabalho que demanda tempo, cuidado e atenção à organização, o que impossibilita a sua incorporação à rotina da equipe interna da Biblioteca, hoje dedicada à execução de programas culturais e ao atendimento ao público.
“Graças ao projeto, temos enorme satisfação em disponibilizar essas obras, que estavam paradas há tanto tempo, à população. Com isso, a Biblioteca reforça seu pioneirismo em ações de promoção da literatura e de incentivo à leitura junto às pessoas com deficiência visual”, explica Alessandra Gino.
O trabalho levou sete meses para ser concluído e demandou a contratação de uma empresa especializada em processamento técnico que designou uma equipe de cinco profissionais dedicados à seleção, catalogação e incorporação das obras, incluindo os livros em uso do acervo, que foram distribuídos em diferentes setores.
Outros setores também foram incrementados com livros clássicos, informativos e da literatura moderna. À coleção infantojuvenil, por exemplo, foram incorporados exemplares da série Harry Potter e de autores bastante requisitados por jovens leitores, como Paula Pimenta e Jenna Evans Welch, além de obras que auxiliam no desenvolvimento infantil. O setor conta com brinquedoteca e espaço lúdico para leitura e pesquisa, onde são realizadas programações especiais voltadas para o público infantojuvenil.
Outra novidade é a abertura de novos espaços no prédio Anexo da Biblioteca Pública Estadual, onde pode ser encontrada a maior parte do acervo disponível para empréstimo.
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