Movimento Minas 2032

Minas Gerais participa da Semana Nacional de Museus

O museu de São João del-Rei realizará uma visita às pinturas rupestres da Serra do Lenheiro | Crédito: João Victor Militani
168 instituições representam o Estado

Muito mais do que repositórios do passado ou um lugar que guarda memórias, os museus são equipamentos culturais vivos, que dialogam permanentemente com a comunidade. Atentos aos problemas reais e às demandas da sociedade por um mundo mais equilibrado e justo, estão se engajando por meio de ações e práticas estruturantes e cotidianas e também utilizando acervos e promovendo mostras e performances que colocam foco sobre a sustentabilidade. 

E é justamente esse o tema da 21ª Semana Nacional de Museus, que acontece entre os dias 15 e 21 deste mês. Mais de 1.100 museus de todo o Brasil estarão unidos em prol de atividades e eventos que promovem o tema “Museus, Sustentabilidade e Bem-Estar”. 

Em Minas Gerais, serão 168 instituições participantes, que apresentarão exposições, palestras e outras atividades. 

Neste ano, a ação destaca a importância dos museus como espaços que promovem o bem-estar e a sustentabilidade, apoiando três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2015: ODS 3: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades; ODS 13: Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos; e ODS 15: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.

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No Campo das Vertentes, o Museu Regional de São João del-Rei realizará, no dia 17 de maio, uma visita às pinturas rupestres da Serra do Lenheiro. De acordo com o chefe de serviços do Museu Regional de São João del-Rei, João Victor Vilas Boas Militani, as ações estão ligadas ao bem-estar, memória e à preservação do patrimônio natural e cultural em conjunto. 

“Teremos uma oficina de bordado, que é um elemento forte da cultura mineira, para falar de bem-estar e saúde. Sentir-se confortável e seguro tem muita relação com as lembranças, a memória. No pilar da sustentabilidade vamos promover uma expedição pela Serra do Lenheiro até o sítio de pinturas rupestres. Nesse caminho, vamos discutir a relação entre a natureza e o patrimônio histórico. Sobre como podemos proteger um protegendo o outro e, assim, cuidarmos melhor das pessoas. Nessa caminhada vamos passar por alguns pontos onde aconteceu a mineração nos tempos da colônia e ver como essa atividade atingiu o patrimônio natural e ajudou a nos formar como povo”, explica Militani.

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), em Sabará, no Museu do Ouro, no dia 16 de maio, será inaugurada a mostra fotográfica “Lavadeiras do Sabará”, uma reunião de registros e memórias sobre a transformação das águas do rio Sabará e os saberes e práticas relacionados ao ofício das lavadeiras. Já no Museu Regional de Caeté, também no dia 16, serão apresentados relatos de experiências sobre sustentabilidade e meio ambiente.

Na Capital, o MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, que faz parte do Circuito Cultural Praça da Liberdade (região Centro-Sul), preparou atividades especiais para o seu público, que poderá participar de encontros sobre o tema. As ações acontecem nos dias 11 e 18 de maio, dia em que se comemora o Dia Internacional de Museus. 

De acordo com a gerente de Relacionamento do MM Gerdau, Paola Oliveira, por ser um museu de ciência e tecnologia dedicado às ciências da terra, o equipamento cultural, além de ações internas como coleta seletiva e uso de energia fotovoltaica, desenvolve projetos integrados para tratar do tema a partir das mostras e espetáculos que fazem parte da programação corrente do Museu desde a sua criação, há 13 anos.

“Na nossa construção diária trazemos uma consciência sobre a mineração através de uma programação científica. Queremos dialogar com a sociedade como um todo. Temos um núcleo de pesquisa que provoca a divulgação científica e que faz a curadoria das mostras e eventos de forma que eles tenham esse sentido da educação para o uso dos recursos, especialmente os minerários. Ao fim de tudo, queremos construir pertencimento e girar a cadeia produtiva da economia criativa. Aproveitamos as efemérides como a Semana dos Museus para ganhar visibilidade, mas temos uma programação contínua relacionada com o tema. Todas as ações conversam e assim mostram a vocação do Museu”, afirma Paola Oliveira.

Na região Leste, o Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também já está pronto para a semana especial. Espaço privilegiado em que a natureza faz parte do acervo, o Museu já nasceu com a responsabilidade socioambiental como um pilar, mesmo antes de terminologias como ESG e ODS existirem.

Segundo a coordenadora educativa do Museu de História Natural, Adriana Mortara, os museus têm um duplo papel na missão de levar temas como os ODS para a população. A primeira é nas suas ações internas, em como trabalham pela sustentabilidade do próprio equipamento. E a segunda, utilizando o seu poder de comunicação, valendo-se de meios diferentes dos tradicionais para falar com a população.

“O próprio espaço do museu, seus processos internos e a escolha, por exemplo, de materiais para uma exposição, são uma face do papel de instituições como a nossa na disseminação dos ODS e da sustentabilidade. De outro lado, está a credibilidade e o potencial de comunicação dos museus com suas programações. Aproveitamos datas como a Semana dos Museus para ganhar visibilidade, mas tudo isso acontece no nosso dia a dia. No caso do Museu de História Natural isso fica mais nítido porque somos também um jardim botânico, mas essa agenda já está posta para além dessa característica”, pontua Adriana Mortara.

O Guia da Programação da 21ª Semana Nacional de Museus está disponível no site gov.br/museus.

Mobilização se alinha ao MM2032

Toda a mobilização gerada pelos museus brasileiros em prol da conscientização sobre os ODS e a sustentabilidade está em linha com os objetivos do Movimento Minas 2032 pela transformação global. Liderado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, em parceria com o Instituto Orior, o MM2032 propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos ODS.

No dia 17, no Centro de Arte Popular, integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, será realizada a mesa-redonda “Regeneração, comunidades e planeta saudável”, com a participação do diretor do Instituto Orior e coordenador do Movimento Minas 2032, Raimundo Soares. Estarão com ele na mesa, a presidente da Ecoavis / Kaburé, Claudia Rodrigues; e a superintendente da Federação Mineira de Fundações e Associações de Direito Privado (Fundamig), Julia Caldas de Almeida. A mediação será realizada pela de líder na Conectidea e curadora do evento, Nanda Soares.

“Os museus são importantes ambientes de resguardo da nossa identidade. Na mesa-redonda pretendo explorar o significado de cada um dos termos e como interagem entre si para um processo de concertação global, tendo a ‘regeneração individual’ como o principal timoneiro da nossa correção de rota, que encontra-se em colisão com a possibilidade de um desenvolvimento econômico e socioambiental para todas as nações”, explica o diretor do Instituto Orior e coordenador do Movimento Minas 2032, Raimundo Soares. 

Para a presidente do DIÁRIO DO COMÉRCIO e coordenadora do MM2032, Adriana Muls, a proposta da Semana dos Museus é um dos exemplos de como a comunidade deve estar conectada em todas as áreas para alcançar as metas da Agenda 2030.

“É uma inovação trazer para dentro dos museus o debate da sustentabilidade. O tema da mesa traz essa evolução porque envolve ODS de extrema importância: a boa saúde e o bem-estar, o combate às alterações climáticas e a vida sobre a Terra. Todos eles têm urgência em serem alcançados e, por isso, trabalhamos na articulação deles e de outros ODS no Movimento Minas 2032”, afirma Adriana Muls.

Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade é uma das ações da biblioteca | Crédito: Vicente de Almeida Sá/Prefácio Comunicação

Biblioteca tem ação permanente ligada aos ODS

Mas não apenas os equipamentos culturais envolvidos na 21ª Semana dos Museus se dedicam à causa da sustentabilidade e à divulgação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

A Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, também integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, tem uma ação permanente nesse sentido. O Projeto de Ampliação e Renovação do Acervo, que acaba de ser finalizado, demonstra isso, atendendo diretamente, pelo menos, dois ODS. O de número 4: Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos, e o 17: Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

A iniciativa, encabeçada pela Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Estadual (Sabe), contou com patrocínio da Gerdau, possibilitou o tratamento técnico e a incorporação ao acervo de 20 mil títulos doados e adquiridos recentemente, demonstra isso. O valor do investimento foi R$ 289.740,00. Entre os novos títulos, estão 24 livros em braille.

Segundo a vice-presidenta da Sabe, Alessandra Gino, o tratamento e o processamento técnico dos livros doados ou adquiridos é um trabalho que demanda tempo, cuidado e atenção à organização, o que impossibilita a sua incorporação à rotina da equipe interna da Biblioteca, hoje dedicada à execução de programas culturais e ao atendimento ao público. 

“Graças ao projeto, temos enorme satisfação em disponibilizar essas obras, que estavam paradas há tanto tempo, à população. Com isso, a Biblioteca reforça seu pioneirismo em ações de promoção da literatura e de incentivo à leitura junto às pessoas com deficiência visual”, explica Alessandra Gino. 

O trabalho levou sete meses para ser concluído e demandou a contratação de uma empresa especializada em processamento técnico que designou uma equipe de cinco profissionais dedicados à seleção, catalogação e incorporação das obras, incluindo os livros em uso do acervo, que foram distribuídos em diferentes setores.

Outros setores também foram incrementados com livros clássicos, informativos e da literatura moderna. À coleção infantojuvenil, por exemplo, foram incorporados exemplares da série Harry Potter e de autores bastante requisitados por jovens leitores, como Paula Pimenta e Jenna Evans Welch, além de obras que auxiliam no desenvolvimento infantil. O setor conta com brinquedoteca e espaço lúdico para leitura e pesquisa, onde são realizadas programações especiais voltadas para o público infantojuvenil. 

Outra novidade é a abertura de novos espaços no prédio Anexo da Biblioteca Pública Estadual, onde pode ser encontrada a maior parte do acervo disponível para empréstimo.

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