PIB deste ano deve crescer 1,02%, estimam analistas

Brasília – A previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira este ano subiu de 1% para 1,02%. A estimativa está no boletim Focus, divulgada ontem pelo Banco Central (BC)
Para o próximo ano, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) é de crescimento de 1,38%. Em 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,7% e 1,8%, respectivamente.
A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerada a inflação oficial do País – também variou de 6,02% para 6,03% neste ano. Para 2024, a estimativa de inflação ficou em 4,15%. Para 2025 e 2026, as previsões são de 4%, para os dois anos.
A estimativa para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%. Segundo o BC, a chance de a inflação oficial superar o teto da meta em 2023 é de 83%.
A projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Em abril, influenciado pelo aumento dos remédios, o IPCA ficou em 0,61%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é inferior à taxa de março, de 0,71%. Em 12 meses, o indicador acumula 4,18%.
Taxa de juros
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está nesse nível desde agosto do ano passado, e é o maior desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.
Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2023 em 12,5% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 10% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 9% ao ano e 8,75% ao ano, respectivamente.
O patamar da Selic é motivo de divergência entre o governo federal e o Banco Central. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
Já a estimativa do mercado para a cotação do dólar está em R$ 5,20 para o fim deste ano. Para o fim de 2024, a previsão é de que a moeda americana fique neste mesmo patamar.
Ipea projeta superávit primário de R$ 15,9 bilhões
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, ontem, a estimativa de superávit primário de R$ 15,9 bilhões nas contas do governo federal no mês de abril. Enquanto a receita líquida do governo central atingiu R$ 170 bilhões nesse mês, com um decréscimo em termos reais de 1,8% em relação a abril de 2022, a despesa totalizou R$ 154,2 bilhões, alta de 7,8% na mesma base de comparação. No acumulado do primeiro quadrimestre do ano, o superávit primário ficou em R$ 48,4 bilhões, ante R$ 84,7 bilhões no mesmo período de 2022.
Os dados são da execução orçamentária, registrados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal, obtidos por meio do Tesouro Gerencial, e fornecem boa aproximação com os números oficiais relativos ao resultado primário a ser divulgado posteriormente pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Em relação a abril de 2022, a receita total apresentou um decréscimo real de 1,6%. A queda foi fortemente impactada pelas receitas não administradas pela Receita Federal do Brasil (RFB), que recuaram 20,9%, em termos reais, no período. As receitas administradas pela RFB tiveram alta de 2,5% na mesma base de comparação, enquanto a arrecadação do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) cresceu 2% e as transferências legais e constitucionais a entes subnacionais caíram 0,8%, em termos reais.
No que diz respeito às receitas administradas pela RFB, em abril houve um acréscimo real de R$ 3,2 bilhões (2,5%) frente ao mesmo mês do ano passado, impulsionado pela arrecadação do Imposto de Importação, Imposto de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e outras receitas administradas pela RFB, que tiveram um crescimento real de R$ 4,8 bilhões (5,5%). Os demais itens apresentaram um decréscimo real de R$ 1,6 bilhão (-4%). Já as receitas não administradas pela RFB registraram, em abril, um decréscimo real de R$ 7,5 bilhões (-20,9%) em relação ao mesmo mês de 2022, fortemente impactado pela queda nas arrecadações com a exploração de recursos naturais, que caíram R$ 9,3 bilhões (-38,4%).
Em abril, a despesa total aumentou 7,8%, em termos reais, relativamente ao mesmo mês de 2022. No acumulado dos primeiros quatro meses do ano, a despesa total cresceu R$ 15,9 bilhões (2,7%) em relação ao mesmo período do ano passado, com destaque para a expansão das despesas com a previdência, no valor de R$ 4,7 bilhões (1,8%), e das sujeitas à programação financeira, no valor de R$ 33 bilhões (31,3%). Esse aumento foi parcialmente compensado pelas reduções de despesas com pessoal – R$ 1,9 bilhão (-1,7%) – e outras despesas obrigatórias – R$ 19,9 bilhões (- 18,5%) –, na mesma base de comparação.
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