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Brasil se destaca na rota dos investimentos asiáticos

Exportações, importações, investimentos, trocas de experiências e negócios entre os países envolvem bilhões de dólares
Brasil se destaca na rota dos investimentos asiáticos
O Café com Investimentos tem como proposta abordar assuntos relevantes para a economia mineira e as empresas do Estado | Crédito: UV Foto e Vídeo Sama Produções

As relações comerciais bilaterais entre o Brasil e os gigantes asiáticos envolvem bilhões de dólares anuais. Em 2021, o País tornou-se o principal destino dos investimentos da China no mundo, concentrando 13,6% dos aportes chineses naquele exercício. A Índia, por sua vez, tem ampliado, ano após ano, as trocas comerciais com o Brasil e a expectativa é ultrapassar os US$ 20 bilhões em 2023.

Seja por meio das exportações, importações, investimentos ou trocas de experiências e negócios entre os países, são grandes os desafios, mas igualmente elevadas as oportunidades para que cada um mantenha seu protagonismo nessa relação intercontinental.

O assunto foi debatido na primeira edição do Café com Investimentos, realizado na última semana, com a proposta de abordar assuntos relevantes para a economia mineira e as empresas do Estado. Por isso, inclusive, Minas Gerais também esteve no centro das discussões. Participaram do debate o membro do Comitê Consultivo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Reinaldo Ma, e o Presidente da Câmara de Comércio Índia-Brasil, Leonardo Ananda, mediados pelo advogado Daniel Manucci, sócio do escritório Manucci Advogados.

Na oportunidade, os especialistas abordaram a pujança da relação do Brasil com ambos os países. Mas a relevância de Minas Gerais nesses negócios foram os grandes destaques do debate, mediado pelo advogado Daniel Manucci, sócio do escritório Manucci Advogados.

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Resiliência do mercado nacional atrai olhares de investidores

Durante sua apresentação, Reinaldo Ma falou sobre as características e potencialidades da China. Com uma população de mais de 1,419 bilhão e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 12,24 trilhões, o País se tornou o maior exportador mundial em 2009 e conseguiu manter uma economia crescendo a ritmo acelerado por anos, influenciando, inclusive, o desempenho do restante do mundo.

Ele lembrou que as empresas chinesas se tornaram globais e estão se expandindo mundo afora. E vêm em um processo de expansão de duas décadas. Começaram no Sudeste Asiático, foram para África, depois pegaram parte da Europa, Estados Unidos e a última fronteira com a América latina. “E não tem como entrar na América Latina sem estar no Brasil. Essa é a palavra de todos os investidores estrangeiros”, explicou.

Entre as potencialidades do Brasil, Reinaldo Ma citou a resiliência do mercado de consumo. “É um mercado muito ávido por consumo. É só baixar os juros que as vendas de vários setores explodem. Essa é a perspectiva que os estrangeiros têm. O mercado está sempre entre os 10 maiores do mundo. Há momentos ruins, de alta e de baixa, mas o Brasil é sempre um mercado relevante. Quando o cenário está bom, o mercado cresce e aparece nas primeiras posições. Quando está ruim, cai para oito, que ainda é relevante”, explicou.

Prova disso é que, em 2021, o Brasil se tornou o principal destino dos investimentos chineses no mundo, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Naquele ano, o País recebeu 13,6% dos recursos chineses aportados em outras nações. E, entre os setores, destaque para eletricidade (46%) e tecnologia da informação (36%).

US$ 5,9 bilhões em investimentos chineses no Brasil

As empresas chinesas investiram US$ 5,9 bilhões no País na época, totalizando 28 grandes projetos, os maiores no setor de petróleo. Conforme o levantamento da CEBC, o setor de eletricidade atraiu 13 dos 28 projetos instalados no País. E o setor de tecnologia da informação, 10 projetos – quase o mesmo número de empreendimentos implementados entre 2007 e 2020.

Pensando em Minas Gerais, o Estado aparece em segundo lugar entre as unidades federativas que recebem essas inversões. Ao todo, foram 10% de participação. A posição é dividida com o Rio de Janeiro. No topo da lista, São Paulo com 59%.

Além disso, em 2022, o comércio bilateral entre Minas Gerais e a China, maior parceiro comercial do Estado, bateu recorde ao somar US$ 19,485 bilhões – o maior resultado da série histórica iniciada em 1997, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

E as perspectivas do membro do Comitê Consultivo do Conselho Empresarial Brasil-China são promissoras. Ele acredita que os aportes podem ser ainda maiores e que é possível alavancar ainda mais a participação de Minas Gerais.

“Mesmo com todas as turbulências que a gente tem vivido, economicamente, e os demais aspectos, como a pandemia, o Brasil é muito atrativo. Existem dificuldades, muitos desafios, mas muitas oportunidades também. E os chineses estão ávidos por essa demanda. Precisamos buscar essas oportunidades e superar os desafios. Para isso, temos que trabalhar com eles para, quem sabe, sermos o maior destino para a próxima década”, afirmou Reinaldo Ma.

Relações comerciais com a Índia estão em ascensão

Apesar de grandes, as oportunidades no continente asiático não se restringem apenas à China. Com 1,3 bilhão de habitantes e PIB de US$ 3,25 trilhões, a Índia cada vez mais vem se consolidando como outro grande parceiro comercial brasileiro.

O Brasil é o sétimo maior exportador para a Índia, assim como o 18º importador daquele país – na perspectiva indiana. Tanto em embarques quanto em compras, as cifras da balança comercial entre os países crescem ano após ano. Dessa forma, as trocas comerciais entre as nações somaram US$ 15 bilhões no ano passado, por exemplo, e a projeção é que ultrapassem a casa dos US$ 22 bilhões em 2023.

Entre os setores de destaque, óleo e gás, tecnologia da informação, energia, aeroespacial, farmacêutico, construção e agronegócios. Na exportação, destaque para gorduras e óleo vegetais. Na importação, óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos.

O presidente da Câmara de Comércio Índia-Brasil, Leonardo Ananda, enalteceu o robusto crescimento da Índia nos últimos anos. Segundo ele, desde 1947, o país recebeu US$ 950 bilhões em investimentos diretos. Deste total, US$ 530 bilhões apenas em 2022. Os recursos vieram de 161 países e 62 setores diferentes. E alertou para que o Brasil enxergue esse potencial.

“É um mercado gigante com oportunidades imensas. Os valores ainda são bem inferiores aos da China, mas caminham para o mesmo patamar. Muita coisa está sendo construída. Vamos chegar aos níveis chineses nos próximos 10 anos, mas até lá, muita coisa tem que acontecer. Muito investimento, muita exportação, importação e a presença de empresas brasileiras e mineiras naquele país”, sugeriu.

Confira algumas empresas indianas com investimentos no Brasil e marcas brasileiras que atuam no país asiático

Neste sentido, o representante da Câmara de Comércio Índia-Brasil citou grandes marcas indianas que já atuam no Brasil. Entre elas, a ArcelorMittal, SAE Tawers, ACG, Aperam, OYO, Olam, Thermax, Unichem, Lupin, entre outras. Muitas delas com presença, inclusive, em Minas Gerais.

Na outra ponta, das brasileiras com alguma presença na Índia, Leonardo Ananda enumerou: Petrobras, Vale, Randon, Embraer, Alpargatas, Taurus, Braskem e outras.

Café com Investimentos

Diante tamanha importância, as relações comerciais entre o Brasil e esses países foi o tema central da primeira edição do Café com Investimentos, realizado na última semana. Com a proposta de abordar assuntos relevantes para a economia mineira e as empresas do Estado, o evento surge como mais uma importante ferramenta para tomadores de decisão e investidores do Estado.

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