Opinião

EDITORIAL | Mobilidade custa caro

EDITORIAL | Mobilidade custa caro
Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo Diário do Comércio

As discussões, hoje um tanto esquecidas, sobre mobilidade em Belo Horizonte e região metropolitana vêm do século passado, dos anos 70, quando o tema central era o transporte de massa. O tempo foi passando sem que a rigor nada acontecesse, embora não tenha faltado assunto para muita conversa e promessas que não foram poucas. Como aquelas que pintavam um cenário bem diferente para 2014, o ano da realização da Copa do Mundo, que teria na cidade uma de suas subsedes. Naquele ano, dizia-se, o metrô, ou trem metropolitano, seria algo mais concreto, capaz por exemplo de ser a melhor forma de acesso ao Mineirão. A duplicação do Anel Rodoviário estaria pronta, como mais um elemento de integração e outras intervenções garantiriam um cenário de conforto para os usuários e de facilitação dos negócios.

Desnecessário lembrar que nada, ou pouco mais de nada, aconteceu e o tão falado “legado da Copa” acabou sendo enorme frustração, tal como a derrota para a seleção alemã justamente no Mineirão. E assim, mais uma vez, o assunto adormeceu. Reapareceu adiante, agora com as formas e traçado de um Rodoanel com pouco mais de cem quilômetros. Seria, primeiro, a Alça Norte, a ser completada adiante com a Alça Sul, formando afinal um anel rodoviário verdadeiro abraçando a Região Metropolitana de Belo Horizonte. E é nesse ponto que hoje os acontecimentos são aguardados, numa conta que inclui também verbas para o metrô.

Eis que nesse exato momento surge estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) batizado de “Mobilidade Urbana do Brasil: marco institucional e propostas de Modernização”, cujo conteúdo foi revelado em recente edição deste jornal. Sobre Belo Horizonte, uma revelação impactante: será preciso investir pelo menos R$ 25 bilhões para que a infraestrutura de transporte atinja padrões comparáveis aos da cidade do México e Santiago do Chile, consideradas referências na América Latina nesse quesito. Do total estimado, cerca de R$ 20 bilhões seriam destinados ao transporte de massa, ficando R$ 3,6 bilhões para transporte sobre trilhos e o restante para transporte sobre rodas, ou BRT. Tudo tendo como objetivo reduzir significativamente a dependência do transporte individual.

Antes de indagar onde e como estes recursos poderiam ser levantados é relevante informar que o mesmo estudo estima em R$ 295,2 bilhões o investimento necessário, ao longo de duas décadas, nos quinze maiores centros urbanos brasileiros. Uma conta, já se percebe, difícil de ser fechada se antes não for o rompido o marasmo que entorpece a gestão pública no País.

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