Reminiscências políticas de Minas

Jose Eloy dos Santos Cardoso*
A política mineira é rica de lembranças dos tempos passados. Em Belo Horizonte, nos anos 50/60, havia uma completa falta de água nas torneiras. Naqueles anos, foi fundado em Belo Horizonte o jornal Binômio, que fazia oposição tanto ao governador Juscelino Kubitschek quanto ao prefeito de BH, Amintas de Barros. O nome “Binômio” do jornal foi para aproveitar o programa juscelinista “Energia e Transportes”, daí o binômio que norteou os planos de Kubitschek e a fundação de um novo jornal, o “Binômio”.
Diziam que o prefeito Amintas gostava, nas horas vagas, de tomar uma boa cachacinha. A falta do precioso líquido (água) era quase geral. Famílias inteiras compravam tanques inteiros de material plástico ou um tambor de 200 litros, preparado para armazenar água sobressalente. A água era liberada em algum bairro da capital mineira, mas, para compensar, era cortada em outro local. O jornal Binômio se aproveitou dessa autêntica lenda popular para estampar, em uma de suas edições, a falta de água e, desse fato, surgir com a seguinte manchete: “A cidade, sem água, e o prefeito, na água”. O termo “na água” era muito usado pela população para dizer que uma pessoa estava bêbada. A manchete engraçada do jornal Binômio fez história e foi muito comentada pela população.
Foi justamente para tentar resolver o problema da água em Belo Horizonte que foi criada a Companhia Mineira de Águas e Esgotos, a Comag, que substituiu com êxito o Serviço Municipal de Águas e Esgotos em Belo Horizonte. Hoje, a atual Copasa absorveu a Comag, e passou também a absorver aos poucos os serviços de água e esgotos de vários municípios mineiros, cujas prefeituras não tinham dinheiro bastante para resolver por completo esse angustiante problema de captação, tratamento e distribuição de água. Resolver por completo os serviços de água e esgotos municipais sempre foi e será sempre um problema que serve para campanhas políticas de vários candidatos a cargos eletivos como vereadores, prefeitos, governadores e até a Presidência da República.
*Economista, professor e jornalista
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