Melhora do cenário econômico impulsiona o varejo em Minas

A melhora do cenário econômico no primeiro trimestre deste ano ajudou o varejo de Minas Gerais a vender mais na comparação com 2022. Conforme a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro a março de 2023, o varejo no Estado vendeu 3% mais frente igual período de 2022, resultado superior ao nacional, que teve alta de 2,4%.
E as expectativas dos economistas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO são de melhora nos próximos meses, com o impacto da redução dos combustíveis, que interfere no valor do frete e na formação dos preços dos produtos. Para eles, os resultados poderiam ser melhores se não fosse a elevada taxa de juros, que dificulta o consumo de produtos de maior valor agregado.
Para o economista da Associação Comercial de Minas (ACMinas), Paulo Casaca, o cenário de 2023 é melhor que o verificado no ano passado, com crescimento do setor de serviços e perspectiva de safra recorde neste ano, além da redução dos índices de inflação. “Isso tudo tem um efeito cascata na economia”, destaca.
Em Minas, o crescimento do segmento de serviços foi de 8,9% nos três primeiros meses deste ano, acima do desempenho no Brasil, cuja alta foi de 5,8%, conforme dado do IBGE. O faturamento da Indústria teve alta de 8,7%, conforme a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
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Além disso, a inflação está desacelerando, observa Casaca. Em Belo Horizonte, segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,27% em abril, menor que o resultado de março, quando havia subido 1,24%.
Os indicadores econômicos do primeiro trimestre, apresentados até o momento, surpreenderam os economistas, tanto que os bancos Santander, Bradesco e ABC Brasil, por exemplo, revisaram para cima suas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2023.
A economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Ana Paula Bastos, ressalta que inflação menor significa mais renda para o consumidor, que pode usar o recurso para quitar dívidas e comprar mais, em especial, os itens essenciais. E a redução dos combustíveis contribui para a redução dos índices de inflação. “A antecipação do 13º dos aposentados e pensionistas também é positiva para o comércio”, observa.
Retomada
O economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG), Stefan D’Amato, ressalta que o processo de retomada econômica contribuiu para o crescimento do setor. “As expectativas para os próximos meses são de continuidade desse crescimento, impulsionado pelo aumento da demanda e pela melhoria das condições econômicas”, diz. Ele acrescenta que o cenário é mais desafiador para as atividades sensíveis ao crédito devido à política monetária restritiva.
Já a economista da CDL-BH acrescenta que os juros altos “sacrificam a economia”. “É claro que o controle da inflação é importante, só que vale lembrar que não temos um cenário de inflação de demanda”, frisa.
Recuo ainda não está garantido
A Pesquisa de Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também mostra crescimento de 4,1% nas vendas de março frente a igual mês de 2022. Novamente, acima do resultado do País, que apresentou elevação de 3,2%.
Entre as atividades analisadas, o destaque no período ficou para os combustíveis e lubrificantes, com alta de 20,8% em seu volume de vendas. Já o grupo com a maior redução nos negócios frente a março do ano passado foi outros artigos de uso pessoal e doméstico (-30,7%).
Um dos responsáveis pela pesquisa do IBGE em Minas, Daniel Marcos Resende Dutra, ressalta que o segmento hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, teve alta de 7,7% no terceiro mês de 2023 na comparação com igual mês do exercício passado. “É um segmento essencial e que sofre com a inflação. Se a inflação diminuir, o consumidor pode comprar mais”, diz.
Na comparação de março deste ano ante fevereiro, o volume de vendas no Estado registrou crescimento de 1%, maior que o resultado nacional (0,8%). No acumulado dos últimos 12 meses, o varejo mineiro contabilizou alta de 2,8%, novamente melhor que o desempenho do País (1,2%).
O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de Veículos, motos, partes e peças, Material de construção e Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, apresentou alta de 10,6% em março frente ao mesmo mês de 2022, em Minas. No primeiro trimestre, a elevação foi de 6,1%, e no acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 2,2%, na comparação com iguais períodos do ano passado.
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