EDITORIAL | Voltando ao rumo certo

O Brasil assistiu, a partir de decisão tomada em 2016, no governo do então presidente Michel Temer, à escalada dos preços dos derivados de petróleo, que então passaram a ser regulados pelas cotações internacionais. Teria sido, no discurso oficial, tentativa de blindar a Petrobras de injunções políticas, um discurso fácil e conveniente para a época, quando a empresa estava sendo alvejada de todas as direções, muito mais por conta da ameaça representada por sua coleção de êxitos, do qual o mais expressivo foi o pré-sal, que, pelos desvios administrativos que eram então, pareciam fazer parte a estratégia de minar a empresa. Certo é que pagamos todos um alto preço pelo sucedido, com impacto nunca adequadamente justificado em toda a economia.
Deu-se agora, pelo menos parcialmente, a correção desejada, esperada e necessária, com o Ministério de Minas e Energia anunciando que a partir de agora a formação de preços levará em conta os custos internos e não mais os externos em que até os custos de frete eram agregados. Na terça-feira passada, quando a decisão foi tornada pública, as ações da Petrobras negociadas na Bovespa tiveram alta de 2,5%, ajudando a contrariar tudo o que foi dito antes acerca da sensibilidade dos acionistas que deveriam permanecer no centro das atenções da companhia, para além de suas obrigações públicas.
Como tantas vezes foi dito nesse espaço, a formação de preços para o mercado interno dos derivados de petróleo deveria expressar o resultado de uma conta bem simples. O custo, para a Petrobras, de cada barril extraído, refino e transporte, além das necessárias margens para cobrir investimento, e custos financeiros, além da importação de derivados. Nunca, é claro, os preços ditados – e sabidamente manipulados – pela Opep, que regula o mercado internacional. Algo de uma obviedade elementar mas que deixou de ser feito porque os interesses a proteger eram outros. Nada mais, nada menos.
Cabe agora, em primeiro lugar, acompanhar e controlar a redução de preços já anunciada para gasolina, óleo diesel e GLP, fazendo com que o benefício chegue rápida e efetivamente ao consumidor final. Segundo, num redesenho da política de investimentos para o setor, recuperar e expandir o parque de refino até que o suprimento interno seja assegurado. A Petrobras, mesmo com todos os percalços que enfrentou ao longo de sua existência, não chegou por acaso à produção média de 3 milhões de barris/dia de óleo cru, mais que suficientes para cobrir a demanda, extraídos de reservas que se contam entre as maiores do planeta. Eis o melhor aval à credibilidade que não lhe pode ser negada.
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