Com taxa de 6,8%, desemprego cresce no 1º trimestre em MG

A taxa de desocupação em Minas Gerais foi estimada em 6,8% no primeiro trimestre de 2023, redução de 2,5 pontos percentuais (p.p.) frente a igual período do ano passado (9,3%). Já na comparação com o quarto trimestre de 2022, houve alta de 1,0 p.p.
Na ocasião, a taxa era de 5,8%. Os dados são do resultado trimestral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa verificada no Estado está abaixo da estimada para o País, que foi de 8,8%, e que caiu 2,4 p.p. frente ao mesmo trimestre de 2022 (11,1%). Entretanto, aumentou 0,9 ponto percentual ante o quarto trimestre do exercício passado (7,9%).
O professor e coordenador do curso de Ciências Contábeis da Estácio Venda Nova, Alisson Batista, diz que o aumento da taxa de desocupação no acumulado dos três primeiros meses do ano frente ao quarto trimestre do ano anterior está relacionado aos cargos temporários, que são encerrados após as vendas de fim de ano, destacando o aspecto sazonal da ocupação. Além disso, ele lembra que diversas ocupações são reorganizadas pelas empresas no começo do ano.
De acordo com o IBGE, nos três primeiros meses deste ano a força de trabalho em Minas Gerais era composta por aproximadamente 11,26 milhões de pessoas, com redução de 1,2% frente ao primeiro trimestre de 2022 e alta de 0,4% em relação ao trimestre anterior.
Do total de pessoas na força de trabalho, 10,5 milhões estavam ocupadas e 766 mil desocupadas. Assim, em relação ao quarto trimestre de 2022, houve variação negativa de 0,7% da população ocupada (71 mil pessoas a menos) e variação positiva de 18,2% da população desocupada (118 mil pessoas a mais).
Em relação ao primeiro trimestre de 2022, o levantamento mostrou que o total de pessoas ocupadas teve aumento de 1,5% no Estado (acréscimo de 159 mil pessoas), ao passo que o total de desocupados diminuiu 27,9% (296 mil pessoas a menos).
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 59,4% em Minas Gerais, com aumento de 0,5 p.p. em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e com redução de 0,5 p.p. na comparação com o quarto trimestre de 2022.
Para a presidente do Conselho Regional de Economia – 10ª Região – Minas Gerais (Corecon-MG), Valquíria Assis, a retomada do emprego tende a perder velocidade neste ano. “A projeção está associada ao cenário de desaceleração da atividade econômica em meio ao contexto de juros elevados e as incertezas do mercado internacional”, diz.
O professor e gerente do Ibmec BH, Márcio Salvato, diz que, considerando o cenário atual, a estimativa de crescimento para este ano no Brasil é menor que o resultado de 2022, o que acaba interferindo na geração de postos de trabalho no País. “A projeção é de um crescimento pífio neste ano”, frisa.
Conforme o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado cresceu 2,9%. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a pasta pretende revisar a projeção do PIB. De acordo com ele, a secretaria de política econômica está reprojetando o crescimento para 1,9%.
Já o professor da Estácio Venda Nova aposta em um cenário positivo. “Estamos com uma retomada econômica favorável. O segmento do varejo, por exemplo, tem apresentado números excelentes”, argumenta. Para ele, com a possibilidade de uma diminuição da Selic, espera-se uma nova onda de crescimento econômico, e consequentemente, mais geração de postos de trabalho.
Grupamento de atividade
Analisando o número de pessoas ocupadas por grupamentos de atividade econômica, em Minas Gerais, em relação ao quarto trimestre de 2022, o IBGE observou a diminuição (-5,9%) apenas no grupo da administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais. Em todos os demais grupamentos de atividade, não foram estimadas variações estatisticamente significativas.
No primeiro trimestre de 2023, o grupamento de atividade em que havia o maior número de ocupados no Estado foi o de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (18,1% dos ocupados), seguido do grupamento de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, com 15,5%.
Rendimento médio cresce no Estado
O rendimento médio real habitual de todos os trabalhos das pessoas em Minas foi de R$ 2.632 no primeiro trimestre de 2023, com alta em ambas as comparações. Em relação ao mesmo trimestre de 2022, houve aumento de 12,6% (R$ 2.337). Frente ao trimestre imediatamente anterior, o incremento foi de 4,2% (R$ 2.527). As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da expansão, o resultado do Estado permanece abaixo da média nacional, confirmando tendência que se mantém durante toda a série histórica da pesquisa. No País, o rendimento médio real habitual de todos os trabalhos foi estimado em R$ 2.880, o que representa incremento 7,4%, quando comparado com o mesmo período do ano passado (R$ 2.682). Já na comparação com o quarto trimestre de 2022, o IBGE informou que não foi verificada variação estatisticamente significativa (R$ 2.861).
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