Inverno é esperança para Polo de Meias

Os empresários do Polo de Meias de Juiz de Fora, na Zona da Mata, aguardam um aquecimento nas vendas do inverno deste ano de 7% a 8%, para que o setor não registre um ano ruim. Isso porque o cenário econômico gerou desconfiança e há dúvidas quanto ao crescimento do faturamento anual. A expectativa no início do ano era de um crescimento de 6%, agora, o foco é para que as empresas não registrem faturamento menor do que o do ano passado. As informações são do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Juiz de Fora (Sindivest-JF).
“O índice de confiança dos empresários em Minas reduziu e a dos daqui da região, mais ainda. Nossos empresários estão descrentes com as políticas públicas. Não há ainda uma definição se o arcabouço fiscal vai acontecer, se a reforma tributária sairá, além das bolsas que estão oscilando demais. Isso tudo gera uma falta de confiança”, analisa o presidente do Sindivest-JF, Mariângela Miranda Marcon.
Ela explica que a falta de definição de conduta do governo gera uma insegurança na classe empresarial que paralisa os investimentos. “Nós estamos no período pós-pandemia, passamos por uma fase difícil. Precisaríamos neste momento de uma atenção por parte do governo federal com incentivos e facilidades como o parcelamento de dívidas, por exemplo, para quem tem débito federal”, opina. Ela ressalta que o comércio não se recuperou totalmente e a indústria ainda tem medo de investir.
Segundo informações do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Juiz de Fora (Sindivest-JF), o segmento reúne na cidade aproximadamente 370 indústrias ativas no setor de vestuário que empregam 3.976 pessoas com carteira assinada. Nesses números estão as fábricas de meias, o que dá ao município o primeiro lugar no Estado na atividade.
Inverno promissor
Apesar do cenário de incertezas, o inverno é um período de boas expectativas. O Sindivest-JF estima aumento de 7% a 8% no faturamento, ante a queda de 5% nos últimos dois anos. Porém, não é certo que será suficiente para contribuir com o crescimento do setor ao longo deste ano.
Alexandre Henrique de Oliveira, da Torp Modas, revela que nos primeiros quatro meses de 2023 teve uma queda de 30% nos pedidos comparados com o mesmo período do ano passado. A redução fez com que ele recalculasse as metas e focasse os esforços para que a empresa registre ao menos o faturamento do ano passado. “Esperávamos um crescimento de 10%, mas diante do cenário, refizemos nossas metas e estamos procurando ao menos alcançar o volume de 2022”, revela.
Outro desafio que os empresários encontram é a mão de obra. “Estamos perdendo espaço para o trabalho informal e a assistência social. Mesmo que o inverno alavanque a produção e as vendas, temos o desafio de conseguir mão de obra para produzir os produtos”, explica Alexandre.
Concorrência desleal
A presidente do Sindivest ressalta ainda a questão da concorrência desleal com o mercado chinês e o e-commerce. Ela conta que a estimativa é que cerca de 3% do consumo aparente de vestuário no Brasil seja proveniente do exterior pelas lojas virtuais. “A falta de taxação para os produtos com valores menores de US$ 50 gera uma concorrência desleal e atinge diretamente nosso setor”, diz.
Ela afirma que o inverno é um período de boas expectativas. Com a queda das temperaturas, a tendência é de que as vendas se aqueçam, em função da procura maior por peças quentes. “O produto do inverno é mais caro, os insumos são mais caros, é o período que podemos faturar mais, mas temos um concorrente pesado que são plataformas virtuais”, diz.
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