Agronegócio

Produtividade e sustentabilidade mantêm peso do café na economia

Avanços práticos e tecnológicos têm ajudado a alavancar resultados do café | Crédito: Leonardo Morais
Colheita e exportação crescem apesar dos desafios

No Dia Nacional do Café, 24 de maio, é importante ressaltar os avanços produtivos e a relevância econômica do grão para a economia mineira e nacional. A data marca o início da colheita nas principais regiões cafeeiras do Brasil.

Minas Gerais é o maior produtor do País, respondendo por quase 51% do volume nacional. Cultivado comercialmente em 451 municípios mineiros, ocupando área de 1,3 milhão de hectares no Estado, o café tem um mercado crescente e exigente.

Para atender a demanda, os cafeicultores trabalham constantemente na melhoria da qualidade do grão e na produção dos cafés especiais. Pela diversidade do Estado, são produzidos cafés para todos os gostos. Os cafeicultores também têm investido, cada vez mais, na produção sustentável. Todas as iniciativas são importantes para agregar valor ao grão. 

Impacto da produção do grão na economia mineira é grande: maior faturamento bruto entre produções agrícolas e pecuárias | Crédito: Evgenia Terekhova / AdobeStock

Em Minas Gerais, o café é cultivado em 451 municípios, sendo, em grande parte, a principal cultura e atividade responsável pelo desenvolvimento econômico das regiões, da geração de empregos, renda e riquezas. 

Neste ano, a produção de café total no Estado deve alcançar 27,8 milhões de sacas beneficiadas, volume 26,7% superior, segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção de Minas é a maior do País, respondendo por 50,78% do volume nacional. 

“Minas Gerais é o maior produtor nacional de café e na safra atual vamos produzir 50,78% do café do Brasil. Estamos em um ano de bienalidade baixa, mas a previsão é de aumento da produção, chegando a 27,83 milhões de sacas. O volume produzido em Minas Gerais é muito representativo. Se fôssemos um país, seríamos o maior produtor do mundo”, destacou o assessor Técnico Especial sobre Café da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Julian Silva Carvalho.

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O impacto da produção na economia mineira é grande. O grão tem o maior faturamento bruto entre as produções agrícolas e pecuárias do Estado. De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o faturamento bruto da atividade em 2023 deve alcançar R$ 30,4 bilhões, superando em 6,32% o resultado de 2022. Somente os grãos arábica, maior produção do Estado, irão faturar R$ 30,2 bilhões, aumento de 6,59%. 

Nas exportações, o grão é o principal produto da pauta do agronegócio e segundo produto mais exportado pelo Estado, perdendo apenas para o minério de ferro.

No ano passado, nas exportações, o café apresentou recorde histórico tanto em relação ao volume quanto em receita. Ao todo, foram US$ 6,9 bilhões movimentados com o embarque de 28,5 milhões de sacas do grão.

Neste ano, no período de janeiro a abril, a receita com as exportações alcançou US$ 1,7 bilhão, com o envio de 7,7 milhões de sacas. Com o resultado, o café encerrou o período com participação de 14% nos embarques do Estado.

“O café é muito relevante para o Estado. A cultura é uma grande geradora de emprego e renda. É uma cadeia muito estruturada, com grandes cooperativas e grandes torrefadoras mundiais comprando o café de Minas Gerais. O café mineiro é exportado para mais de 80 países”, disse Carvalho.

Apesar da importância, a produção de café enfrenta desafios constantes. A safra atual, segundo a analista de agronegócio do Sistema Faemg/Senar, Ana Carolina Gomes, será marcada pela inversão da bienalidade, passando da negativa para a positiva. A previsão de colher mais café em 2022 se deve à recuperação de áreas que foram severamente afetadas pelas geadas em 2021.

A previsão de alta, segundo Ana Carolina, se deve também à safra de 2022 ter sido bem menor que o potencial, devido a fatores climáticos que prejudicaram a produção. Neste ano, o clima também é um desafio, já que os cafezais enfrentaram a seca em 2022.

“Estamos com a safra em andamento e iniciando a colheita em algumas regiões do Estado. No momento, o que a gente pode observar é que esse ano seria de bienalidade negativa, mas, pelos dois últimos anos de condições climáticas desfavoráveis, que assolando as lavouras, notamos que há uma tendência de inversão de safra e ela deve ser maior que a passada, que foi muito prejudicada”.

Ainda segundo Ana Carolina, os problemas climáticos dos últimos anos, como as geadas, granizo e um déficit hídrico muito acentuado prejudicaram a floração, outras etapas de desenvolvimento do café e a parte fisiológica. Entre os impactos já percebidos na safra atual estão a desuniformidade na maturação, o que dificulta e atrasa a colheita.

Nas exportações, grão é o principal produto da pauta do agronegócio mineiro; em 2022, houve recorde em volume e receita | Crédito: Fernando SIqueira

Cafés especiais agradam paladares de todo o mundo

A desuniformidade na maturação é um desafio para o produtor, que para garantir a rentabilidade precisa investir nos cafés especiais. De acordo com Ana Carolina, para agregar valor à produção é essencial que os cafeicultores invistam nos processos pós-colheita, o que vai potencializar a qualidade dos grãos. 

“Os preços do café em 2023 estão menores que os de 2022, e isso gera perdas para os cafeicultores que estão trabalhando com margens bastante apertadas. A produção de cafés especiais aliada à gestão eficiente e a diversificação das atividades são essenciais para um melhor resultado”.

Ainda segundo a analista do Sistema Faemg/Senar, a qualidade diferenciada do café também está atrelada aos processos pós-colheita e ao clima.

“A gente nota que o zelo do produtor no pós-colheita ajuda a potencializar a qualidade do grão. Mas também depende das condições climáticas para que as ações pós-colheita ocorram com plenitude”. 

O assessor Técnico Especial sobre Café da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Julian Silva Carvalho, explica que além de produzir o maior volume de café do País, Minas Gerais se destaca na produção de cafés especiais, com uma diversidade que é capaz de atender a todos os gostos. 

“Minas Gerais produz um  volume muito grande de café e tem uma qualidade excepcional. Devido às várias regiões produtoras – Sul de Minas, Matas de Minas, Cerrado e Chapada de Minas – são produzidos café com diversas nuances e sabores. No Estado é possível encontrar café para todos os paladares mundiais, com nuances e aromas frutados, florais, cítricos, achocolatados entre outros que são capazes de agradar os paladares mais exigentes”.

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