EDITORIAL | Custo Brasil pesa muito

Ainda enfrentando dificuldades no campo da articulação política, que se revela mais escorregadio que de costume, não seria exagerado afirmar que o novo governo permanece imobilizado ou, pelo menos, sem tempo para cuidar das grandes questões nacionais. Ou daquelas que ocuparam seu tempo e seu discurso na ainda recente campanha eleitoral. Diante das questões que permanecem abertas, resumidas na necessidade de que sejam criadas condições que possibilitem a recuperação da economia, não é pouca coisa, sobretudo quando o tempo e os espaços são ocupados por questões que ficariam melhor se abrigadas no noticiário policial. Estamos falando de um jogo de provocações, com uma tática tão antiga quanto bem conhecida que, sendo aceitas, provoca consequências que estão bem longe do desejável.
Para que assim sobre tempo, por exemplo, para um mapeamento mais sério das questões econômicas, passo que antecede – ou deveria – a construção de um projeto que, afinal, dê forma e conteúdo às ambições, senão por inteiro do governo instalado em Brasília, com toda certeza da maioria dos brasileiros.
Entre tanta coisa que permanece por ser feita, e prosseguindo no campo da economia e dos negócios, deveria figurar, e com merecido destaque, a questão do Custo Brasil, assunto muito falado em passado ainda recente mas que caiu no esquecimento. Algo que evidentemente não pode ser ignorado, não pelo menos quando no discurso oficial continua colocada – e destacada – a questão da presença do Brasil no cenário internacional, a partir de uma inserção mais ampla no comércio, com agregação de valor à pauta de exportações. Algo que cabe no discurso, que fica bem como tema para as viagens do presidente da República pelo mundo, mas que não tem como avançar se o País não tiver, efetivamente, capacidade de competir. Ou exatamente de remover o tal Custo Brasil.
Tudo isso nos ocorre a partir da divulgação de pesquisa do Movimento Brasil Competitivo (MBC), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Lá está dito que o conjunto de entraves no ambiente de negócios no País, ou exatamente o tal Custo Brasil, onera as empresas que operam no País em R$ 1,7 trilhão por ano, valor que aumentou exatos R$ 200 bilhões nos últimos quatro anos. Como se percebe, movimento contrário ao pretendido. Competir, nessas condições, permanece sendo tarefa bastante difícil, se não impossível, para produtos brasileiros industrializados e de maior valor agregado. E sem eles o País continuará ocupando posição marginal no comércio global, sem chances de chegar ao Primeiro Mundo.
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