Inteligência artificial e retrocesso da inteligência humana

Gregório José*
No passado era comum você ter professores e mestres com um prodigioso e natural saber que era admirado por décadas e sempre lembrado com saudosismo quando falecia. Eram centenas de ex-alunos dedicando tempo em escrever cartas, isso mesmo, cartas, falando e referenciando aquilo que se aprendia em uma sala de aula.
Alguns poucos tinham livros para acompanhar os ensinamentos, outros apenas um caderno com um lápis ou uma caneta para anotar o que era discorrido em sala de aulas de 45 minutos. E olha que aprendíamos muito naquele escasso tempo.
Hoje. Bom, hoje temos os mesmos 45 minutos, mas livros (que nem são abertos) e celulares nas mãos dos alunos e dos professores que entram no recinto com atraso, percorrem os olhos pela sala e professam ensinamentos vazios para alunos mais vazios ainda.
Não sou contra os professores atuais, mas as condições das escolas, salas abarrotadas de alunos e estudantes sem interesse algum em aprender. Aliás, temos lido e ouvido que, muitos estudantes buscam, agora, informações em sites de inteligência artificial em detrimento dos sites de buscas como Google, Bing, Firefox, Edge, enfim, nos inúmeros que existem. Cheguei a lembrar do Cadê e do “Aonde?”, mas estes são brasileiros lá dos idos 1994-96.
O problema é que, pesquisas e escritos inteligentes e com conteúdo estão dando vazão para os superficiais, sem sentido (podem até parecer que possuem conteúdo, mas faltam conotações reais). Alguns chegam ao absurdo de sequer saber o que se entrega, afinal, quem escreve um texto, tem noção do que foi expresso no papel.
Em meados dos anos 2000, começamos a notar o fechamento de editorias e a diminuição de textos informativos, pesquisados e aprofundados por repórteres, editores e comentaristas. As redações foram sendo enxugadas e muitos jornalistas tiveram que migrar para blogs, tornando-se independentes e buscando patrocínios para suas publicações. Algumas positivas enquanto outras, infelizmente, descambaram para factoides de denúncias vazias e sem sentido que terminavam em brigas e desavenças ou nas barras dos tribunais.
A inteligência humana está se perdendo com estes criadores de textos abastecidos por humanos com pensamentos e retóricas próprias. Afinal, quem abastece estes editores artificiais possuem suas próprias crenças e conceitos, muitas vezes deturpados e sem isenções de pré-conceitos e preconceitos.
E o pior de tudo é que vamos aceitando essas mudanças paulatinas e que surgem para facilitar nossa vida e nos fazendo esquecer leis bíblicas, de que a porta larga é caminho para a perdição, enquanto a estreia é mais difícil, leva à perfeição.
Enquanto ditamos palavras para um computador criar um texto para nós, perdemos a oportunidade de ler, pesquisar, entender e, principalmente, aprender!
As mentes artificiais ganham espaço em detrimentos das mentes naturais!
*Jornalista, Radialista, Filósofo, pós-graduado em Ciências Políticas e MBA em Gestão Pública
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