Opinião

A escolha elementar

A escolha elementar
Crédito: Reuters/Ricardo Moraes

Explorar ou deixar de explorar as riquezas do subsolo brasileiro será sempre e necessariamente uma decisão de Estado, levando em conta objetivos permanentes. Dentre eles, evidentemente, a transformação de riquezas potenciais em ativos valorizados, capazes de gerar recursos que elevem o conjunto da sociedade.

Definitivamente não pode ser diferente, como no caso presente da almejada exploração de reservas petrolíferas já identificadas no litoral Norte, tendo como referência locacional a foz do rio Amazonas. Um potencial tão grande que, chamado de Margem Equatorial, já começa a ser chamada de novo pré-sal, com reservas que podem chegar aos 30 bilhões de barris de petróleo e gás.

Diante desses números e de possibilidades que não há como desdenhar, não faz o menor sentido que o Ministério do Meio Ambiente tome a si, e através do Ibama, a prerrogativa de negar licença para o prosseguimento de sondagens e prospecções. E antecipando, conforme noticiado, uma posição inflexível, uma vez que a área seria “sensível”.

Tudo isso já desaguando numa crise no núcleo central do governo, com o Ministério de Minas e Energia se colocando em posição antagônica, reclamando que tenham prosseguimento os trabalhos da Petrobras, apontando que há décadas a estatal realiza, com o mais amplo sucesso, atividades semelhantes no litoral do Rio de Janeiro, sem um único registro de acidentes ambientais de impacto relevante.

Sim, o Brasil não pode assistir, passivo, à destruição da Amazônia, mas também não tem por que aceitar que a região seja como que congelada, transformada em alguma espécie de santuário simplesmente para satisfazer a sensibilidade de alguns ecologistas. Pior, muito possivelmente a interesses que estão fora das suas fronteiras.

Como já disse o próprio presidente Lula, de quem se espera que ponha um ponto final nessa polêmica, garantir o futuro da região e da população local significa também saber aproveitar as riquezas locais em seu proveito e de todos os demais brasileiros. No caso, por evidente, não há incompatibilidade entre prospecção, extração e refino de óleo e os cuidados ambientais necessários.

Como está dito no início desse comentário, absolutamente não se trata de dar fôlego à querela entre ambientalistas e desenvolvimentistas, como se estivéssemos mais uma vez diante do “nós contra eles”, prevalecendo o que for capaz de falar mais alto.

A questão é bem maior e, para que seja bem tratada, será preciso escapar da fulanização, no caso encarnada na figura de tantos méritos da ministra Marina Silva. Não estamos diante de um duelo e não é disso que se trata. Cabe sim, e exclusivamente, determinar o que é melhor para o Brasil. Nem mais nem menos.

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