Economia

Vendas de aços planos recuaram 18,7% em abril

Inda revisa todas as projeções para 2023; crescimento de cerca de 3% passa para possível estabilidade e até queda
Vendas de aços planos recuaram 18,7% em abril
Crédito: Divulgação/Aço Brasil

As vendas do setor de distribuição de aços planos encerraram abril com forte queda, o que gerou revisão dos resultados para 2023. De acordo com o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), a comercialização retraiu 18,7% frente a março.

Com o resultado negativo e uma tendência de mercado retraído, a projeção para o ano passou de um crescimento de cerca de 3% sobre 2022 para uma possível estabilidade ou pequena variação de 1% para cima ou para baixo.

Conforme os dados do Inda, em abril, as vendas de aços planos pelas distribuidoras chegaram a 301,1 mil toneladas contra 370,3 mil realizadas em março, queda de 18,7% no período.

Frente a abril de 2022, o recuo foi de 0,5%. O resultado mensal fez com que no acumulado do ano as vendas ficassem 0,6% menores, com a comercialização de 1,28 milhão de toneladas.

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“Hoje, o resultado nos leva a um maior pessimismo. No início do ano, achávamos possível crescer 3% em 2023, mas esse resultado parece muito distante. Devemos terminar no zero a zero ou com uma variação de 1% para cima ou para baixo”, disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro.

A redução das vendas se deve a abril ter menos dias úteis que março e também ao mercado menos demandador enfraquecido. No mês passado, também houve um aumento dos preços por parte das usinas, que ficou em torno de 5%.

As usinas tentaram repassar um aumento maior e não conseguiram.  Isso mostra uma resistência muito forte do mercado com relação aos preços, tanto compradores quanto a concorrência”.

Ainda segundo Loureiro, no atual momento, as empresas distribuidoras estão trabalhando com margens bastante estreitas. 

O último aumento feito pelas usinas – que ficou ao redor de 5% – a grande maioria dos nossos associados não conseguiu repassar.  Esse aumento foi, em quase totalidade do setor, absorvido nas margens que já estavam muito fracas. A distribuição passa por um período de bastante apertos”. 

Quanto às compras em abril, foi verificada queda de 11,8% perante março, com volume total de 318 mil toneladas contra 360,7 mil. Frente a abril de 2022 (250,1 mil toneladas) o movimento foi de alta, 27,2%. No ano, as compras somam 1,19 milhão de toneladas, aumento de 7,1%.

Com as compras pouco maiores que as vendas, as distribuidoras de aço encerram o quarto mês do ano com o estoque 2,1% maior se comparado com o mês anterior,

atingindo o montante de 817,6 mil toneladas contra 800,6 mil. O giro de estoque fechou em 2,7 meses.

Apesar do incremento, o volume estocado está menor que a média histórica, resultado da maior cautela do setor distribuidor frente ao mercado com alta oferta e demanda enfraquecida. 

De acordo com Loureiro, no segundo semestre, a situação pode se agravar, com grande parte das usinas encerrando os períodos de manutenção e voltando à produção plena. O movimento aumentaria a oferta de aço e reduziria os preços, o que pode ser prejudicial para o setor, que se estiver com estoques formados a preços mais elevados, terá prejuízos. 

“Para a distribuição, a queda de preços seria ruim porque os estoques foram formados a preço mais alto. Isso também é um fator que vem segurando a retomada do estoque, que é balizado pelo preço de reposição. Se a distribuição comprou o produto mais caro e a reposição está mais barata, significa prejuízo”. 

Outro receio se refere às importações, que podem ser favorecidas, já que há uma queda de preços internacionais e prêmios interessantes. A queda dos valores internacionais é resultado do aumento das taxas de juros, o que inibe o consumo, e o receio de uma recessão global. 

Em abril, as importações subiram 46,7% frente a igual mês de 2022, chegando a 161 mil toneladas de aços planos. No acumulando no ano, a alta foi de 18,5%, com a importação de 659,5 mil toneladas.

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