Opinião

Reminiscências da política mineira (II)

Reminiscências da política mineira (II)
Linha de transmissão de energia | Crédito: REUTERS/Wolfgang Rattay

José Eloy dos Santos Cardoso *

Um dos principais problemas do ex-governador mineiro Juscelino Kubitschek, quando ele foi eleito governador, era tentar resolver o problema da falta de energia elétrica, que sempre foi um dos obstáculos ao desenvolvimento de prefeituras, governos estaduais e do governo federal. A empresa que era responsável pelo fornecimento de energia elétrica em Belo Horizonte não conseguia resolver esse obstáculo ao desenvolvimento.

A falta de energia elétrica não era um problema exclusivo de Belo Horizonte, mas do Estado como um todo. Foi por tentar resolver essa triste realidade que Juscelino Kubitschek criou a Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig). Nos anos 50, quando um bairro de Belo Horizonte conseguia ter as luzes acesas, outro bairro ficava às escuras.

Juscelino criou o programa “Energia e Transportes”, o famoso binômio que norteou seu governo. As preocupações juscelinistas não ficavam só na energia elétrica. As estradas mineiras eram, em grande parte, precárias e os transportes funcionavam como obstáculos ao desenvolvimento. Por exemplo, a estrada que ligava o município de Rio Pomba a Juiz de Fora, nos anos 50, ainda não era ainda asfaltada. Na época chuvosa, o trecho ficava quase intransitável.

O jornal “Binômio” foi criado para fazer oposição ao governo de JK, mas, também, para fazer oposição ao prefeito da capital mineira. As críticas não eram só em referência ao governador JK e ao prefeito de Belo Horizonte.

Em um de seus números, o jornal caiu na besteira de criticar as ações do comandante do Exército em Belo Horizonte. Insatisfeito com as críticas feitas, o comandante mandou seus comandados invadir o jornal. As instalações do Binômio como máquinas de escrever e móveis foram invadidas e até depredadas por  soldados do Exército. Esse fato ficou também marcado em Belo Horizonte porque, naqueles anos chamados “de chumbo”, os militares eram intocáveis e poderosos. Isso também faz parte do passado político mineiro.

*Economista, professor e jornalista

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