Agronegócio

Abertura da Safra Mineira vai ser marco do setor

Integrantes da cadeia, políticos e produtores reuniram-se em Araguari
Abertura da Safra Mineira vai ser marco do setor
Na safra 2023, MG responderá por 50,78% da produção do País | Crédito: Cultivar Cafés

A primeira edição da “Abertura da Safra Mineira de Café”, realizada ontem, em Araguari, na Região do Cerrado, foi considerada estratégica para o setor. Durante o evento, que reuniu os integrantes da cadeia, entidades e políticos, os representantes da cafeicultura do Estado apresentaram demandas importantes do setor.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Fávaro, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, prestigiaram o evento. Entre os gargalos enfrentados, os produtores solicitaram aos governos melhorias das estradas, da qualidade da energia elétrica, maior segurança no campo, investimentos em pesquisas e também no marketing do café no mundo.

A abertura da safra de café foi realizada pela primeira vez e deve passar a integrar o calendário da cultura em Minas Gerais. O evento foi realizado pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado – Região do Cerrado Mineiro, Prefeitura Municipal de Araguari e Agência de Desenvolvimento de Minas Gerais (Ademinas). 

Na safra 2023 de café, Minas Gerais será responsável por 50,78% da produção nacional. De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado tende a colher um total de 27,8 milhões de sacas beneficiadas de café, volume que supera em 26,7% a registrada no ano anterior. A importância do setor foi destacada pelo presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Glaucio de Castro.

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“O café representou nas exportações do agronegócio de Minas Gerais 45,2% do valor. Em 2022, foram US$ 6,9 bilhões movimentados, portanto, nosso setor é altamente estratégico para o Estado e merece a devida atenção”, cobrou.

Durante o evento, o presidente da Fundação do Desenvolvimento do Cerrado (Fundacer), Francisco Sérgio de Assis, explicou que a cerimônia que marcou a abertura oficial da safra de café é um marco para a produção mineira e brasileira e um momento oportuno para mostrar o potencial da cultura.

“Que essa iniciativa seja um marco para a cafeicultura de Minas Gerais e do Brasil. Esse projeto de abertura da safra veio para mostrar o valor que a cafeicultura tem por onde ela passa”.

Durante o discurso, Assis ressaltou a importância da pesquisa no desenvolvimento de novas cultivares, que são mais resistentes e produtivas, e também para o avanço das tecnologias, que permitem uma cafeicultura cada vez mais eficiente, com o uso racional dos recursos e tornando a atividade mais sustentável. 

“É preciso turbinar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, principalmente, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)”, disse. 

O representante da Fundacer também reivindicou melhorias na qualidade e oferta da energia elétrica nas estradas e também do marketing do café brasileiro no mercado interno e externo.

“O Brasil é o protagonista da cafeicultura mundial, só que nós nos comunicamos mal. Precisamos usar essa cadeia unida do café – indústria, exportação, solúvel e a produção – para que a gente faça uma política de divulgação global. Beba café, beba café sustentável”. 

Ainda segundo Assis, é importante mostrar ao mundo a sustentabilidade da produção nacional. “O Brasil produz carbono neutro, tem as maiores reservas florestais do mundo e nós precisamos fazer isso valer. Nós precisamos vender esse peixe cada dia mais e juntos, de forma estratégica de forma inteligente”.

O ministro Carlos Fávaro ressaltou que entre os desafios a serem enfrentados à frente da pasta, está a necessidade de trabalhar a imagem do produtor rural. 

“É preciso trabalhar a imagem do produtor, principalmente, no mercado internacional. Insistem em colocar a peça de que nossos produtores não respeitam o meio ambiente, que não têm boas práticas ambientais e trabalhistas. Muitas vezes, fazem isso só para tirar a nossa competitividade. Porque no fundo, sabem que os nossos produtores são competentes, cumprem as leis e sabem que nós temos o Código Florestal mais exigente do mundo”, explicou.

Durante o evento, o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro,  anunciou que o setor cafeeiro vai disponibilizar para o governo o “Café do Governo” para ser distribuído como brinde pelo mundo. Diante da oferta, Fávaro explicou que está peregrinando pelo mundo e vai divulgar o café brasileiro nas viagens.  

“Vou levar o café mineiro, brasileiro, com QR code e mostrar a forma como é produzido, que tem sustentabilidade, que sequestra carbono e que tem respeito às boas práticas trabalhistas. Vamos mostrar para o mundo o que nós temos”, garantiu. 

Ministro Fávaro e governador Zema estiveram em Araguari | Crédito: Alexandre Vieira

Estado investe em asfalto e energia

A importância da cafeicultura na economia do Estado e dos municípios foi destacada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema.

“Como governador do Estado, que caso fosse um país seria o maior produtor mundial de café, eu não poderia deixar de estar nesse momento tão importante. Eu, que venho do varejo, sei que esse momento é muito impactante em várias cidades. Na empresa que eu administrei, o período da safra de café era o melhor do ano, o que demonstra o impacto que essa atividade tem na nossa economia e fico muitíssimo satisfeito”.

Diante das solicitações do setor cafeeiro em relação à melhoria das estradas e à qualidade do fornecimento de energia, o governador disse que está trabalhando para avançar. 

“Os problemas que foram ditos eu tenho plena consciência e nós estamos correndo atrás. As estradas precisam melhorar. No ano passado, depois de 10 anos, nós começamos a ver asfalto novo. Esse ano, os investimentos continuam”.

Ainda seguindo o governador do Estado, a Cemig está fazendo investimentos recordes para corrigir os problemas de fornecimento de energia. Além disso, parte da rede será transformada em trifásica.

“Nós estamos construindo mais de 200 subestações para melhorar a qualidade da energia e também a quantidade. Então, é questão de tempo para que esse problema seja equacionado”.

Zerma destacou ainda que os problemas enfrentados no Estado pela má prestação de serviços da Cemig são resultado de questões políticas dos governos anteriores.

“Antes, a Cemig ao invés de atender o mineiro foi fazer política e investir em Belo Monte, em Santo Antônio, na Renova, no Sul da Bahia e na Light, no Rio de Janeiro. O único lugar do Brasil que ela não investiu foi em Minas Gerais. E aí ficamos com tudo sucateado aqui”, explicou.

Quanto à segurança no campo e o receio do setor produtivo em ter as terras invadidas, Zema disse que o produtor está assegurado. “Em quatro anos e meio de governo, temos zero invasão de terra e assim vai continuar aqui em Minas Gerais”.

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