É preciso ajudar o jovem estudante

Alexandre Cézar de Oliveira Melo*

Nos dias atuais, temos um caos instituído no qual as pessoas têm dificuldade de se identificar com a sua essência. Alguns se perdem ao serem indagados sobre quem realmente são ou do que realmente gostam, pois já se acostumaram às suas rotinas de casa, trânsito, trabalho, trânsito, TV ou celular, dormir o mínimo possível, sedentarismo e a retomada de tudo isso na manhã seguinte.

Tal cenário reflete no processo formativo da juventude que enxerga e repete padrões e rotinas prejudiciais aos seus corpos e mentes. Muitos são os jovens que utilizam o ambiente digital como fuga, já que nele detém o controle de seus avatares que respondem e refletem aquilo que eles gostariam de ser na vida real. Este seria um tipo de abstinência da realidade física que passa a ser suprida e substituída por uma existência digital.

A ilusão, seja digital ou por outras vias – talvez até mais perigosas – em muitos casos, é a desesperada tentativa de suprir carências relacionadas à ausência dos pais imersos no caos do cotidiano, afastados de seus objetivos, de seus sonhos e dos próprios filhos.

Não se trata apenas do resgate da consciência de quem somos, do que queremos, dos nossos sonhos e das nossas melhores perspectivas concretas. Se trata de uma responsabilidade que precisamos resgatar enquanto sociedade em prol da transformação deste cenário trágico e em prol da salvação das futuras gerações.

O jovem precisa de acolhimento, de direcionamento, de disciplina, de bons exemplos, de acompanhamento e de viver – e não somente existir – no ambiente concreto. Antigamente, muitos encontravam este apoio no ambiente escolar, mas nos dias atuais até as escolas são virtuais.

Me recordo de um chamado que recebi em uma certa ocasião, advindo de um idealista que conheci, que repetia a frase: “Nos ajude a ajudar ao jovem estudante”. Nos dias de hoje, esta frase é uma convocação para que a juventude receba acolhimento, direcionamento e oportunidades para que construam um futuro melhor para toda a sociedade.

Os programas de estágio e de aprendizagem, oferecidos por agentes de integração e entidades capacitadoras como o Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE /MG), são excelentes ferramentas para a conciliação entre o saber e o fazer, a teoria e a prática, oportunizando a superação de desafios reais em um ambiente real de trabalho e de aprendizagem.

Na aprendizagem, adolescentes e jovens são orientados para que apreendam conhecimento prático de alguma atividade profissional e compartilhem suas experiências com seus colegas nos encontros de capacitação. A entidade capacitadora e a empresa contratante passam a exercer papéis transformadores na vida desses jovens.

Como ato educativo, escolar e supervisionado, o estágio deve ser desenvolvido no ambiente do trabalho. Na prática, o estudante é desafiado a superar as dificuldades e a buscar soluções para os problemas reais da área profissional que escolheu. Ao mesmo tempo que recebe direcionamento e suporte do supervisor na empresa, tem a orientação do professor ou do coordenador de estágio na instituição de ensino.

Como educador e militante da causa que envolve a inserção de jovens e estudantes no mercado de trabalho, defendo a promoção de políticas públicas eficientes e que efetivamente promovam o elo entre o saber, o fazer e o ser. O estágio e a aprendizagem são excelentes alternativas neste sentido, tanto para ajudar ao jovem e ao estudante na conquista de uma oportunidade no mercado de trabalho, quanto para que esta juventude supere o caos e encontre objetivos concretos e ideais reais.

*Professor e supervisor de comunicação do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG)