Agronegócio

Importação de leite em pó prejudica produtores

Megaleite é aberta com reivindicações
Importação de leite em pó prejudica produtores
Evento aberto na quarta-feira (7) no Parque da Gameleira, em BH, reúne o que há de mais moderno em bovinocultura | Crédito: Marco Evangelista imprensa

As importações desenfreadas de leite em pó estão prejudicando a cadeia leiteira de Minas Gerais. Diante do problema, representantes do setor irão elaborar um documento para ser enviado à Presidência da República, solicitando medidas que protejam a produção mineira e nacional. O assunto foi abordado ao longo da cerimônia de abertura da 18ª Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite (Megaleite).

O evento, que reúne os melhores exemplares das raças leiteiras, acontece até neste sábado (10), no Parque Bolívar de Andrade (Parque da Gameleira), em Belo Horizonte. A Megaleite é considerada a maior exposição leiteira da América Latina, sendo importante por estimular investimentos em genética e também para debater os desafios da atividade.

Durante a solenidade de abertura da Megaleite, o presidente do Sistema Faemg/Senar, Antônio Salvo, classificou o momento atual para a pecuária de leite como desafiador. O principal motivo é o aumento expressivo das importações de leite, provenientes da Argentina e Uruguai.

“No momento dificultoso como esse, de importações ilegítimas, que estão massacrando e nosso produtor, principalmente o de pequeno porte, precisamos ter atenção a isso. Temos um mercado livre, mas nós precisamos proteger de forma firme quem produz dentro do nosso País. Precisamos que, junto ao governo de Minas, essa questão seja trabalhada”, disse.

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O secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, disse que a pasta já está trabalhando em busca de soluções. Ele explicou que, junto ao setor produtivo e representantes, será criado um documento a ser entregue à Presidência da República, solicitando providências para conter as importações de leite no País. 

“Vamos ouvir o setor produtivo, elaborar e levar um documento sobre a importação do leite ao nosso vice-presidente, Geraldo Alckmin. A importação de leite desregrada já colocou este ano no nosso mercado 214 milhões de toneladas de leite, praticamente 10% da nossa produção nacional. A importação de produtos é importante, mas temos que proteger o produtor mineiro e brasileiro e não o produtor, argentino e uruguaio”.

Fernandes destacou ainda que Minas Gerais tem uma produção leiteira pujante e ressaltou a grandeza da Megaleite. Segundo ele, a exposição vai receber mais de 60 mil pessoas, são mais de 1,2 mil animais expostos com a genética mais avançada da América Latina. Serão mais de R$ 250 milhões em negócios feitos durante o evento.

“Os números da pecuária leiteira de Minas Gerais são muito robustos. Produzimos mais de 9,6 bilhões de litros de leite ao ano, somos o maior produtor nacional, geramos mais de 2 milhões de empregos. Somos o setor que movimenta R$ 17 bilhões ao ano”.

A importância do setor agropecuário para o Estado também foi destacada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Ele defendeu que é importante mostrar ao mundo que o setor desenvolve um trabalho nobre, gerando empregos e cuidando do meio ambiente. 

“O Agro para Minas Gerais é importantíssimo. Temos batido recordes na exportação, na participação do PIB do Estado e, isso, demonstra a relevância e a importância desse setor que vai continuar recebendo total apoio nosso. O setor também é um dos grandes geradores de empregos. No que se refere ao meio ambiente, nós temos cuidado de maneira adequada. Precisamos mostrar que o nosso agro é uma atividade nobre e não uma atividade criminosa como alguns querem caracterizá-lo”, disse o governador. 

Genética e sustentabilidade 

A Megaleite é considerada um dos mais importantes eventos da cadeia láctea por reunir toda a cadeia produtiva, tecnologias, inovações e avanços em genética. Tudo isso é fundamental  para o desenvolvimento da produção de leite.  

De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (Girolando), entidade organizadora da Megaleite, Domício Arruda, a realização da exposição é de grande relevância para o setor produtivo.

“Inovação, difusão de novas tecnologias, debates relevantes para o setor,  julgamentos, encontros, visitas técnicas, leilões, confraternização, gastronomia e turismo sim, pois o evento traz grandes caravanas para fazer turismo em Minas Gerais. Isso é a Megaleite”.

Arruda destacou ainda que o avanço em genética é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento e aumento da produção leiteira, que vem crescendo de forma sustentável. Segundo ele, é preciso que o setor se una para que os pequenos e médios produtores também tenham acesso às tecnologias e ao melhoramento genético.

“No caso da raça girolando, o aumento de produção foi acompanhado de  sustentabilidade. Temos um aumento de 60% na produtividade de nossas lactações oficiais. Aliada a uma redução de 40% das emissões de metano nos 20 últimos anos”.

Um dos desafios do setor é levar o melhoramento genético e outras tecnologias para propriedades menores, uma vez que as grandes unidades já têm acesso. 

“O momento é de unirmos esforços para consolidar políticas públicas voltadas para os pequenos e médios produtores, é preciso união para levar essas tecnologias a todos os pecuaristas”, disse.

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