Economia

Inadimplência cresce quase 4% entre as empresas de BH

Um dos destaques na pesquisa foi o setor da agricultura, com forte avanço nas contas em atraso, sinalizando 11,39%
Inadimplência cresce quase 4% entre as empresas de BH
O índice de inadimplência das empresas de Belo Horizonte está abaixo do registrado no Estado (9%) e no Brasil (11,41%) | Crédito: Marcelo Casal Jr. / Agência Brasil

O índice de inadimplência entre as empresas de Belo Horizonte subiu 3,91% em maio deste ano. É o que revela o levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), realizado com base nos dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

No mesmo período de 2022, o indicador era de 1,76%. A inadimplência também aumentou na comparação mensal, passando de 0,96% em abril para 1,67% em maio. Já o valor médio das dívidas das empresas é de R$ 5.488,87.

O estudo mostra que, desde agosto do ano passado, tem sido observado um aumento constante no valor médio das dívidas. Essa elevação é causada pelas altas taxas de juros, que aumentam o montante devido e dificultam as negociações.

O presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, lembra que essa evolução no indicador de inadimplência vem ocorrendo desde janeiro do ano passado. “Mesmo após a pandemia, muitas empresas ainda são impactadas com os efeitos prolongados da crise, como a redução da demanda, caixa fragilizado e acúmulo de dívida. Tudo isso tem dificultado o pagamento das contas”, explica.

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Inadimplência por setores

Um dos destaques nessa pesquisa foi o setor da agricultura, com forte avanço nas contas em atraso, sinalizando 11,39%. O valor médio anual devido do setor foi R$ 5.065,92. Os serviços também aumentaram sua inadimplência, registrando 2,78%, e fecharam com um valor médio de R$ 5.373,67.

Já o setor industrial teve uma desaceleração de 0,98% na inadimplência. O segmento fechou o mês com um valor médio anual devido de R$ 5.357,17.

Enquanto o comércio foi o único a apresentar uma retração no mês de maio, com variação negativa de 1,19%. Porém, o setor possui o maior valor médio anual entre os analisados, com R$ 6.406,84 em dívidas.

A economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, conta que essa queda no índice ocorre pelo fato de o comércio ser uma atividade de transações de curto prazo e com a maioria dos pagamentos sendo feitos de forma imediata ou poucas parcelas.

“Isso significa que há mesmo tempo para ocorrer a inadimplência, ao contrário de outros setores que lidam com contratos de longo prazo e pagamentos parcelados”, explica.

A pesquisa da CDL/BH também apontou para as principais dívidas das empresas da capital mineira. A maioria está ligada à Água e Luz (10,08%). Logo em seguida aparecem Comunicação – internet, telefonia – (6,93%) e aquelas referentes aos Bancos (2,05%).

Quanto ao número de dívidas por CNPJ, o mês de maio registrou um crescimento de 2,85% em comparação ao mesmo período do ano passado. Isso serve para confirmar que a alta dos juros na economia tem dificultado a manutenção e a renegociação dos contratos das empresas.

Empresas mineiras devem menos

Esse índice observado na Capital (3,91%) é menor que o registrado em Minas Gerais, que ficou em 9%. Por sua vez, as empresas do Estado possuem menos contas em atraso se comparadas com o indicador nacional, que ficou em 11,41%.

“Esses dados nos mostram que, apesar do endividamento e do cenário econômico fragilizado, Minas Gerais tem conseguido, ainda que de forma tímida, recuperar a saúde econômica e vislumbrar um reaquecimento a médio prazo”, conclui Souza e Silva.

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