Economia

PIB de Minas cresce 0,9% no 1º trimestre

Valor estimado entre janeiro e março foi de R$ 228,7 bilhões; expectativa do Estado é atingir R$ 1 trilhão no ano
PIB de Minas cresce 0,9% no 1º trimestre
Foto: Paulo Whitaker/Reuters

A economia mineira apresentou evolução de 0,9% no primeiro trimestre de 2023 na comparação ao último trimestre de 2022, depois de dois trimestres consecutivos de retração (1,7% e 1,2%, respectivamente).

Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 2,9%. Nos três primeiros meses deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais foi estimado em R$ 228,7 bilhões, acumulando R$ 945,6 bilhões, nos últimos quatro trimestres. Diante do resultado, a expectativa é que o Estado atinja R$ 1 trilhão no final de 2023.

Os dados são da Fundação João Pinheiro (FJP) e de acordo com o pesquisador da instituição, Raimundo e Sousa, os resultados são muito positivos, especialmente depois de dois trimestres de queda. Porém, ainda abaixo do crescimento nacional, quando a economia brasileira teve alta de 1,9%.

Os números favoráveis foram puxados, principalmente, pelo desempenho da produção de soja e do minério de ferro. O pesquisador ressalta que grande parte da colheita da soja acontece no primeiro trimestre do exercício e a safra deste ano veio positiva em relação a 2022. “Isso explica o crescimento que o setor teve no Estado e trouxe uma contribuição significativa para o resultado agregado da economia como um todo”, analisa. 

Em Minas Gerais, a atividade agropecuária apresentou expansão de 10% no primeiro trimestre, comparada aos últimos três meses de 2022. De acordo com o estudo feito pelos técnicos da Fundação, parte deste crescimento advém dos resultados desfavoráveis no quarto trimestre do ano passado. Isso gerou o efeito de comparação entre os trimestres consecutivos, e as ocorrências de problemas climáticos de 2022, que resultaram na quebra de safra da soja, sobretudo, nos estados do sul do País (Rio Grande do Sul e Paraná).

Minério de ferro

Outro setor que contribuiu com o crescimento do PIB mineiro de forma surpreendente na visão dos técnicos foi a produção de minério de ferro. Nos três primeiros meses de 2023, o segmento extrativista apresentou crescimento de 4,2% em Minas Gerais em relação ao último trimestre de 2022, e de 19,9% ao mesmo trimestre do ano passado. Com destaque para a produção de minério de ferro. 

“Apesar do período chuvoso (sobretudo no mês de janeiro), foi determinante para o resultado positivo, nessa ótica de comparação, a performance operacional dos Sistemas Sul e Sudeste da Vale. Quando se compara a quantidade produzida de janeiro, fevereiro e março de 2023 com o mesmo período de 2022, destaca-se o incremento na produção de minério de ferro no complexo de Minas Centrais, em Brucutu, e no complexo de Vargem Grande”, reforça o pesquisador da FJP, Thiago Almeida.

Ele explica que, da mesma forma, o aumento na produção de minério de ferro no primeiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo trimestre de 2022, pelas mineradoras Anglo American, CSN-Mineração e Mineração Usiminas, também contribuiu para o desempenho positivo do segmento em Minas Gerais no período.

Sousa ressalta que as mineradoras tiveram aumento na produção, mas queda nas vendas. Daí o resultado surpreendente. “O que notamos é que, como em 2022, o preço do minério caiu e a retomada, agora em 2023, favoreceu o setor”, esclarece.

O pesquisador analisa ainda que a economia mineira não deve registrar, no próximo trimestre, desempenhos contínuos dos setores que se destacaram. “São fatores pontuais que a gente não espera que se repitam. Além disso, tivemos em 2022 uma retomada atípica e importante do setor de serviços, que também já se recuperou. Nesse momento, o que a gente identifica é também um esgotamento da recuperação dos serviços em Minas Gerais na pós-pandemia”, analisa.

Confira o peso dos setores na composição do PIB

Em Minas Gerais, na composição setorial relativa ao primeiro trimestre de 2023 do PIB, o setor agropecuário foi responsável por R$ 15,0 bilhões (7,4%do total); o da indústria, por R$ 56,3 bilhões (27,7% do total); e o dos serviços, por R$ 131,8 bilhões (64,9% do total).

O grupo de energia e saneamento apresentou acréscimo de 1% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao trimestre imediatamente anterior. Já o comércio evoluiu 0,6% e o setor da administração pública 0,3% sempre na comparação com os três últimos meses de 2022.

O setor indústria de transformação, formado, por exemplo, pelas indústrias de veículos automotores e farmacêuticas, apresentou queda de 0,4% no Estado. O valor, no entanto, é menor que a retração nacional, de 0,6%.

Já o setor da construção civil apresentou queda de 0,1% na comparação dos três primeiros meses de 2023 com os três últimos meses de 2022. Isso porque houve considerável retração na fabricação de minerais não metálicos, como os próprios insumos para o setor. Neste caso, no Brasil, a queda foi de 0,8%.

“O setor da construção civil vem sentindo retração no Estado antes do Brasil. Se o índice nacional começou a perceber agora, nós já tínhamos registrado essa tendência. A taxa de juros influencia e a retomada desse setor só deve ser percebida em 2024”, projeta o pesquisador da instituição, Raimundo e Sousa.

Por fim, os chamados outros serviços apresentaram queda de-0,1% no primeiro trimestre deste ano comparado com o último trimestre de 2022 no Estado. Entretanto, houve aumento de 5,2% na comparação com o primeiro trimestre de 2022. Eles incluem, por exemplo, atividades voltadas para o consumo das famílias, como serviço doméstico e recreações, e para o consumo das empresas, como serviços de informação e comunicação.

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