Queda da inflação e PIB turbinam bolsa

A perspectiva de queda de juros aliada à melhora nas expectativas sobre a economia brasileira nas últimas semanas, especialmente sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) e da inflação do País, que surpreenderam positivamente o mercado, estão contribuindo para um melhor desempenho da bolsa de valores. Em junho, a B3 já acumula alta próxima a 8% e está atraindo investidores, inclusive os estrangeiros, que estão aproveitando a oportunidade para adquirir ações que estão com preços baixos.
De acordo com o economista e chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, a bolsa de valores começou o mês de junho com ótimo desempenho, apresentando alta de mais de 8%.
“O aumento se deve, principalmente, à perspectiva de queda de juros no Brasil. A gente já vê as curvas longas de juros caindo, ou seja, uma precificação de juros daqui a 4 anos a 5 anos na casa dos 10%. Isso anima a bolsa de valores, que sobe já com as expectativas. A B3 não vai esperar o Banco Central cortar os juros para começar a subir. O mercado reage antes e precisa de previsibilidade, expectativa”, explicou.
Quanto à previsibilidade, segundo Carvalho, a expectativa hoje é de queda de juros e o arcabouço fiscal – mesmo não sendo um dos melhores do planeta – trouxe previsibilidade, principalmente, em relação à dívida PIB.
“Isso anima o mercado que começa a ver um bom cenário. O PIB no primeiro trimestre também foi muito bom e, isso, começa a melhorar o mercado para o Brasil. Então, a bolsa estava muito largada, mas os investidores já começam a ver ali boas oportunidades”.
Carvalho explica que com a B3 largada e muito barata, os ativos estavam muito descontados, o que acaba tornando interessante investir.
“A Petrobras, por exemplo, era uma das mais baratas do mundo, até mais barata que as petroleiras russas, o que não faz sentido. É o que a gente chama de oportunidade. E é isso que faz o mercado ganhar dinheiro. Quando ninguém está vendo alguma oportunidade acaba deixando de lado. Com isso, a bolsa subiu e o mercado já precifica uma queda de juros. Tudo isso anima muito as empresas”.
Com essa situação, Carvalho ressalta que o Brasil também está entrando na rota do investidor internacional. “Há muito dinheiro entrando, com os gringos comprando e aproveitando essas oportunidades na bolsa. Há também as oportunidades em títulos de renda fixa, aproveitando o alto juro que nós temos. Isso tem baixado o dólar e ajudado alguns setores, como a indústria que importa muita coisa”.
As estimativas para o restante do ano são positivas para o Brasil, mas para que o cenário se concretize, também será necessária a melhora do mercado internacional.
“Enfim, o ano vai ser melhor para o Brasil. Resta também ficar de olho lá fora. O Brasil não é uma ilha e não vai crescer sozinho, depende também de um crescimento, por exemplo, da China e dos Estados Unidos. Então, vamos ficar de olho para ver se isso vai se concretizar”, disse Carvalho.
A operadora de Renda Variável na WIT Invest, Jadye Lima, explica que se os dados de atividade econômica continuarem a refletir bons ventos como, por exemplo, a queda na inflação e o aumento na confiança do consumidor, as expectativas são positivas para o desempenho em junho.
“O sentimento pode ser reforçado com um movimento de rotação do fluxo de recursos dos países desenvolvidos para países emergentes, onde o Brasil é um dos players mais bem posicionados para receber esse investidor. Nossas contas externas estão super financiáveis, devemos ter o maior superávit comercial da história, somado com os múltiplos das empresas, a característica do nosso País de ser forte na exportação e o PIB surpreendendo positivamente”.
Entre os fatores que podem influenciar o desempenho do Ibovespa, em junho, Jadye explica que como o Ibovespa tem um peso relevante em commodities e bancos, há dois pontos importantes para acompanhar em junho.
“O primeiro deles são as commodities. São tempos difíceis que podem melhorar com alguma medida econômica da China, bem como sobre a condução do preço do Petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). E, em segundo lugar, o crédito e o aumento da inadimplência são pontos para ficar no radar, especialmente quando falamos sobre os bancos. A condição do crédito tem piorado no Brasil e liga o alerta à maior inadimplência”.
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