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NFTs na indústria da música

NFTs na indústria da música
NFTs na indústria da música | Crédito: Adobe Stock

Felipe Barros*

Em meio à onda de transformações digitais e tecnologias emergentes, a indústria da música passa por uma revolução e um novo instrumento está fazendo barulho no setor: os NFTs, ativos digitais únicos que proporcionam novas formas de monetização, modelos alternativos de interação e engajamento com os fãs, maior controle dos artistas sobre sua obra e seu processo criativo e soluções relacionadas a direitos autorais e propriedade intelectual.

Já apresentamos os NFTs (tokens não fungíveis) antes. Por ora, basta lembrar que eles fornecem uma espécie de certificado digital, e assim, autenticam e verificam a propriedade de um item específico ou representam a posse de um bem qualquer. No universo musical, um NFT pode representar uma música, um álbum, outras criações (como letras, partituras, capas), ingressos, credenciais, direitos autorais e muito mais.

A indústria da música tem uma longa história de adaptação e inovação frente aos avanços tecnológicos. Do vinil ao CD, até a chegada da era digital, com as plataformas de streaming. Cada transição trouxe seus desafios, reformulando continuamente a indústria e a relação entre artistas e aficionados. Agora, um novo tipo de suporte se anuncia.

Ao contrário dos modelos tradicionais de streaming, que rendem frações de centavo por reprodução, onde músicos independentes costumam ter pouco espaço, oportunidade e retorno, os NFTs permitem novos modelos de arrecadação ao possibilitar vendas e relações mais diretas entre artistas e fãs, proporcionando ganhos significativos e diminuindo a dependência de empresários, produtores, gravadoras ou plataformas de distribuição.

Além de possuir uma parte de uma obra, e eventualmente lucrar com seus royalties, os NFTs podem oferecer acesso a conteúdos exclusivos e experiências limitadas como shows ao vivo, passes para bastidores, merchandising e muito mais, desbloqueando maneiras de personalizar a experiência e a interatividade entre artistas e fãs, fortalecendo sua conexão e recompensando sua contribuição.

É possível ainda fazer financiamento coletivo para novos projetos musicais, permitindo que fãs tenham uma participação na propriedade e nos lucros de uma obra, tornando-se seus “investidores”, enquanto artistas podem receber frações advindas dos direitos de revenda no mercado secundário, ou licenciar e a rastrear a propriedade e o uso de uma música, tornando a distribuição correta de royalties mais fácil. Sendo imutáveis e rastreáveis, NFTs auxiliam no combate a pirataria e ao uso não autorizado de propriedade intelectual diversa.

Tal tecnologia permite gerenciar direitos autorais e construir um banco de dados P2P abrangente, no qual informações detalhadas de propriedade intelectual podem ser armazenadas, mantendo registros atualizados automaticamente, que qualquer pessoa pode visualizar e auditar. Para administrar toda essa informação, a indústria da música tornou-se um complexo de contratos e licenças. Descobrir o titular de uma determinada canção pode ser difícil e não seria surpreendente se você não pudesse reproduzi-la em um filme ou comercial por não saber quem são os detentores de seus direitos.

Esse banco de dados traria benefícios e oportunidades para gravadoras, distribuidores e agentes diversos, no que diz respeito a aprimoramentos em curadoria, marketing, registro, autenticação e verificação.

Blockchain, NFTs e contratos inteligentes podem revolucionar fundamentalmente a indústria da música, removendo intermediários e plataformas centralizadas, colocando o poder e o controle de volta nas mãos dos artistas e consumidores, tanto no âmbito econômico quanto no criativo. Artistas podem receber uma parcela muito maior dos ganhos de suas obras, reduzindo o custo ou concedendo benefícios para que os ouvintes acessem suas músicas.

As métricas de utilização são completamente rastreáveis através da blockchain. É possível saber, com dados públicos e possivelmente inscritos nas obras, quantas vezes uma música foi ouvida, quais as faixas mais ouvidas de um álbum, os trechos preferidos de cada música, horários ou dias em que são ouvidas, canções relacionadas a ela ou grupos de usuários com interesses semelhantes.

Com NFTs, artistas possuem novas formas de apresentar promessas de valor a seus fãs ou de construir novos modelos de negócio e promover a democratização da indústria como um todo, criando um ecossistema musical mais equitativo e inovador.

O futuro pode trazer ainda mais integração de NFTs com outras tecnologias emergentes. Basta lembrar do poder da Inteligência Artificial generativa, que hoje ajuda a terminar de compor e gravar uma canção não finalizada dos Beatles, mais de 50 anos depois, em iniciativa recente de McCartney. Quem sabe o que nos aguarda a seguir? As possibilidades são imensas e a nova geração da música agora já nos soa aos ouvidos.

*Head de Educação da DUX

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