Finanças

Previsão é de manutenção da taxa Selic

Copom iniciou ontem 4ª reunião do ano: especialistas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO apostam nesse cenário
Previsão é de manutenção da taxa Selic
Edifício-sede do Banco Central no Setor Bancário Norte, em lote doado pela Prefeitura de Brasília | Crédito: Banco Central do Brasil

A taxa básica de juros, a Selic, deve se manter em 13,75% ao ano. É o que  apostam os especialistas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO. A perspectiva de queda só deve acontecer mesmo no segundo semestre deste ano. De acordo com o grupo consultivo macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a taxa deve encerrar 2023 a 12,25%. A projeção anterior era de 12,50%. 

Os economistas da associação continuam mantendo a previsão de início do ciclo de queda dos juros para setembro, com o cenário de redução da inflação sendo observado nos preços dos alimentos e na deflação dos índices gerais de preços, em especial na parte de bens industriais. 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou ontem, em Brasília, a quarta reunião do ano para definir a taxa. Na última segunda-feira (19), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os juros deveriam ter começado a cair em março. Desde o começo do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem criticando os juros. E não é só ele, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) já se manifestou em várias oportunidades a favor da redução da taxa. 

Apesar de ter parado de subir em agosto do ano passado, a Selic está no nível mais alto desde o início de 2017: 13,75% ao ano.

O CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha, aposta que a taxa será mantida no patamar atual. “A expectativa do mercado, quase que unânime, é de manutenção, com o começo do corte só na próxima reunião”, diz.

Para ele, apesar da redução dos índices de inflação, com deflação em vários índices do atacado, o BC vai optar por manter a taxa, já que esses resultados ainda são muito recentes. De acordo com o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em maio foi verificada queda de 2,72% e em 12 meses redução de 7,54%.

O sócio na RJ+ Investimentos, Bruno Monsanto, observa que o Ibovespa está próximo dos 120 mil pontos, com o mercado refletindo a esperada sinalização de queda do juro pelo BC. “A curva do DI mostra as apostas no primeiro corte da Selic já em agosto, ganhando força”, diz.

Apesar da melhora nas expectativas de inflação vistas nas últimas semanas e reforçadas no último boletim Focus, ele afirma que ainda não é esperado que o primeiro corte seja apresentado hoje. “Até porque o padrão do Copom não é anunciar uma virada na política monetária sem avisar antes, e nos últimos comunicados, ficou bem claro que o mercado não deveria contar com cortes começando em junho”, observa. Monsanto acrescenta que é consenso que esse aviso virá no comunicado de quarta-feira.

Para o professor de economia da ESPM, Alexandre Augusto Gaino, a perspectiva é de manutenção da atual taxa de juros. “Apesar de uma melhor sinalização dos dados econômicos, o comitê não deverá recuar a taxa de juros nessa reunião”, diz.

Ele acrescenta que o aumento dos juros americanos pelo Federal Reserve e a avaliação de risco Brasil, a agência de classificação da Standard & Poor’s (S&P) que alterou a perspectiva de rating (nota de crédito) do Brasil de estável para positiva, contribui para a descida dos juros.

“A classificação positiva para o País não acontecia desde 2019. A avaliação da classificação de risco significa na percepção da agência a capacidade de o País honrar suas dívidas e os fundos de investimento buscam países com as melhores notas”, observa. 

O assessor de investimentos, Daniel Abrahão, diz que a queda da Selic já está refletida nos preços do mercado financeiro, com impactos na aceleração da Bolsa de Valores nas últimas duas semanas e também no resultado recente do câmbio.

Para ele, a futura queda da Selic pode acontecer acima das expectativas, o que vai depender de diversos fatores, como a continuidade da queda da inflação no País bem como a global. Outro ponto que deve ser observado, conforme Abrahão, é o andamento das reformas, como a fiscal, administrativa e tributária.  

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