Minas Gerais é central no comércio França-Brasil

Geneviève Poulingue*
Sabemos que são fortes os laços históricos entre o Brasil e a França. Podemos encontrar facilmente vestígios de parcerias internacionais bem-sucedidas, de experiências culturais, de colaboração científica e de treinamento em ambos os países.
A França é o terceiro maior investidor estrangeiro no Brasil e o maior empregador estrangeiro, sendo o Carrefour, por exemplo, o maior empregador estrangeiro no Brasil. Além dessas grandes empresas, há mais de mil empresas de médio porte e individuais.
Em poucos números, a contribuição francesa para o Brasil envolve as principais empresas do CAC40 – o principal índice da Bolsa francesa, 39 das 40 que basearam sua estratégia em uma presença no Brasil, não apenas para incluir um mercado adicional, mas com uma visão clara de vir a durar e entender os desafios do país.
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Já em relação a Minas há além dos investimentos uma sintonia. Não ignoremos a arte de fazer queijo. Passeemos pelas ruas que em uma mesma cidade abrigam hubs de inovação e esquinas de memórias e tradição. A música que oferta dos clássicos da Filarmônica às canções do interior. Percebo, ainda, que entre mineiros e franceses há uma potente afinidade nos negócios.
Moro em Minas Gerais há cerca de 6 anos. Aqui, sou reitora da Faculdade SKEMA. Além de gerir a escola internacional de negócios, que tem sua sede no Brasil em Belo Horizonte e cresce com solidez no país, esse ano assumi o desafio de conduzir a presidência da Câmara de Comércio França-Brasil de Minas Gerais. Em nossa última reunião, realizada em Belo Horizonte, com a presença dos presidentes regionais das Câmara de Comércio França-Brasil do Rio de Janeiro, do Paraná e de São Paulo pude notar como Minas é central no comércio França-Brasil.
Todos os presidentes e membros da Câmara Nacional de Comércio e Indústria Franco-Brasileira reforçaram que estão comprometidos com a abertura de novos caminhos para a criação de novas opções comerciais de valor em Minas Gerais.
Só para citar alguns exemplos de empresas em nichos potencias. O desenvolvimento de energias renováveis, por exemplo, urgente na pauta econômica, também é uma área essencial que deve incentivar participantes como a Engie ou outras empresas de tratamento de água como a Veolia (e outras) a agirem em uma ampla gama de ecossistemas. A Schneider Electric está comprometida com soluções para descarbonização, eletricidade 4.0, software, conectividade e serviços, de forma inteligente e eficiente.
Outras oportunidades estão sendo criadas, como a feira comercial Viva Technology, realizada na semana passada em Paris, onde projetos inovadores de empresários brasileiros foram apresentados a painéis de especialistas internacionais e a inúmeros visitantes.
Os intercâmbios econômicos e científicos estão ligados. O conhecimento gera oportunidades, como é o caso aqui em Minas Gerais do setor de mineração, que sabe se reinventar, argumento reforçado pelo recente anúncio da Gerdau em mudar sua sede para Minas Gerais. Gostaria de fazer uma referência a Claude-Henri Gorceix, que esteve por trás da criação da École des Mînes em Ouro Preto. Sua história, maravilhosamente escrita no livro de Uoster Zielinski, é leitura obrigatória pra quem tem interesse sobre o tema.
Nos últimos meses, a diplomacia francesa intensificou seu compromisso com a cooperação. Semanas atrás, houve uma reunião com o Ministro do Comércio Exterior da França e vários representantes dos atores envolvidos no desenvolvimento de intercâmbios econômicos no Brasil e na França. O desejo é claro: fortalecer nossos laços.
Estou ciente da responsabilidade que tenho como economista, reitora, presidente da CIFB e conselheira da Comércio Exterior da França no Brasil. Porém, sei que encontro pessoas comprometidas com essa renovação das relações bilaterais. Trabalho na economia do conhecimento, favorecendo desenvolvimento em Minas. O Estado é um grande produtor de ciência e conhecimento. No jogo da troca de conhecimento, todos ganham. E nesse caminho, sei que a construção é sólida e os esforços de todo o ecossistema serão recompensados.
A vida econômica e a transformação das atividades em um mundo digital, diante dos desafios das mudanças contemporâneas, exigem cooperação em escala global. Na Faculdade SKEMA, nosso ativo é formar cidadãos conscientes e capazes de fazer parcerias internacionais prósperas como França-Brasil-Minas têm feito avançar ainda mais. Dessa forma, deixamos legado e impacto positivo criando valores econômicos, sociais e ambientais.
* Economista, presidente da Câmara de Comércio Internacional França Brasil/ Minas Gerais e reitora da Faculdade SKEMA Business School
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