Micro e Pequenas Empresas

Pequenas empresas geram impacto vital na economia

Minas conta com 2,312 milhões de negócios, que geram 65.116 empregos
Pequenas empresas geram impacto vital na economia
Souza e Silva: o brasileiro é criativo e tem espírito empreendedor | Crédito: Alessandro Carvalho

No próximo dia 27 é comemorado o Dia Internacional das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME), instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data é uma forma de destacar a importância econômica e social dos pequenos negócios em todo o mundo.

“O brasileiro é criativo e tem espírito empreendedor. E a legislação do País veio se adequando, buscando facilitar o empreendedorismo. Além da categoria ‘micro, pequenas e médias empresas’, temos também o MEI, que é o microempreendedor individual”, observa o presidente do conselho deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.

Ele acrescenta que as micro, pequenas e médias empresas representam a maioria das empresas no País, gerando emprego, renda e impostos. Levantamentos recentes do Sebrae confirmam o papel de protagonistas das micro e pequenas em relação aos postos de trabalho gerados no Brasil neste ano.

Com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), um estudo do Sebrae mostrou que 76% dos empregos criados em abril no País foram desse extrato da economia. Do total de 180 mil novas vagas, 136,3 mil estavam nas micro e pequenas empresas e 33,8 mil nas de médio e pequeno porte.

Em Minas, nesse mesmo mês, as micro e pequenas empresas criaram 18.978 vagas com carteira assinada, fruto de 132.663 contratações e 113.685 desligamentos. Foi o terceiro saldo positivo consecutivo. Do total de empregos gerados no Estado em abril, os pequenos negócios participaram com 69,8%, conforme levantamento do Sebrae Minas.

O saldo acumulado dos primeiros quatro meses de 2023 (65.116), frente ao mesmo intervalo de tempo do ano anterior (55.764), mostra que houve um crescimento de quase 17%, o que indica uma retomada na abertura de postos de trabalho nas MPEs.

Além de serem responsáveis por cerca de 8 a cada 10 novas vagas de trabalho, as empresas optantes do Simples, que faturam até R$ 4,8 milhões por ano, as contratações feitas por elas impactam na criação de empregos em toda a economia. Segundo estudo realizado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), a cada dois empregos gerados pelos pequenos negócios, outro emprego adicional é criado indiretamente.

De acordo com dados da Receita Federal, atualizados até o último dia 17, Minas conta com cerca de 2,312 milhões de pequenos negócios, sendo em torno de 1, 666 milhão MEIs e 645.946 MPEs.

Impacto na economia

A atuação dos microempreendedores individuais (MEIs) também tem impactos na economia brasileira. A avaliação inédita de impacto, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), revela que o efeito da formalização do MEI gira entre R$ 19,81 bilhões e R$ 69,56 bilhões no País. Esse incremento é estimulado pelo aumento de renda que os donos de pequenos negócios obtêm ao se formalizarem. Ao conquistarem um CNPJ, a renda desses empreendedores aumenta entre 7% e 25%.

A figura do MEI surgiu em 2008, com a Lei nº 128, buscando formalizar trabalhadores brasileiros que, até então, desempenhavam diversas atividades sem nenhum amparo legal ou segurança jurídica. A legislação entrou em vigor em 2009.

Os microempreendedores individuais representam 63,8% do total das empresas formais do Estado. De 2020 a 2023, os registros saltaram de 1,2 milhão para 1,6 milhão em Minas, o que representa um crescimento de 45% no Estado.

Muita paixão, “farofa” e empreendedorismo

Além dos efeitos na economia, ser empreendedor pode ser uma forma de deixar o desemprego ou mesmo realizar um sonho, ressalta o presidente do conselho deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva. É o caso da empreendedora Juliana Farias Ribeiro. Em fevereiro de 2018, ela foi demitida do emprego. Anos depois, ela conta que é apaixonada pelo que faz: administrar a Dona Farofa. “Aconteceu tudo no momento certo. Sou feliz demais com o que faço”, diz.

Sou feliz demais com o que faço, afirma Juliana Ribeiro | Crédito: Regina Sugayama

Ela é microempreendedora individual e comercializa os cinco sabores de farofa de diversas formas, desde a venda para empórios, durante eventos gastronômicos, feiras, além do telefone e Instagram. A experiência como empreendedora já rendeu convites para palestras para falar sobre o assunto.

Para ela, um dos atrativos da farofa é que é um produto capaz de juntar pessoas, que está presente nos encontros e comemorações de amigos e família, além de ser versátil, podendo ser usado em diversas receitas. “Os meus clientes chegam a me contar das experiências, das novas funções do uso da farofa. Um deles usou a nossa farofa doce para empanar brigadeiros 100% cacau”, comemora.

O último lançamento da Dona Farofa, que fica em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi justamente da farofa doce, desenvolvida graças ao desafio proposto pela irmã, em 2021. “Fui fazendo testes até encontrar os ingredientes e a textura adequados. Era essencial não perder as características de farofa, com um sabor agridoce”, diz. Ainda neste ano, ela pretende lançar mais um sabor de farofa.

Orientação

Apesar de ser formada em gestão financeira, Juliana Ribeiro destaca a importância de buscar orientação com quem tem expertise no assunto, como é o caso do Sebrae Minas. “Fiz uma consultoria em 2021, que foi muito importante para o meu negócio”, reforça.

Para ela, é importante ter o suporte e a análise de profissionais que não estão diretamente ligados ao negócio. “É interessante ter o olhar de fora”, diz.

O presidente do conselho deliberativo do Sebrae Minas também ressalta a importância da orientação adequada para a gestão do negócio. “É importante buscar informações e apoio para que o negócio vá adiante”, observa.

Cortes de cabelo rendem novos ares

A descoberta do empreendedorismo para Fran Dias levou tempo para acontecer. “Desde muito nova, eu tinha inclinação, pois gostava de ter o meu dinheiro. Na fase infantojuvenil, eu fazia diversas atividades, em Timóteo, no interior do Estado, como vender mel, fazer faxina, atuar como babá”, lembra. Aos 10 anos de idade, a hoje proprietária da Mulher Barbeira, em Belo Horizonte, cortava o cabelo de graça, como uma espécie de hobby, inspirada no tio.

Aos 10 anos de idade já cortava cabelos, lembra Fran Dias | Crédito: Divulgação / Arquivo Pessoal

Anos mais tarde, na hora de escolher a profissão, a opção foi um curso técnico de segurança do trabalho. Fran Dias trabalhou em diversas cidades. Só que em 2013, devido a uma depressão, ela começou a repensar a carreira e descobriu que o que de fato ela gostava era cortar cabelo de homens e durante o período de transição de carreira fez um curso de barbeiro em Belo Horizonte. “Apesar de ser autodidata, eu acho muito importante estudar, se especializar, seja em que ramo for”, aconselha.

A hoje empreendedora chegou a buscar oportunidades em barbearias tradicionais, sem sucesso. Em 2014, ela começou a desenvolver o projeto de uma barbearia com mais conforto, design e com barbeiras, o que se concretizou em junho de 2016, na capital mineira.

O começo foi na rua do Ouro, em um espaço de 43 metros quadrados, que depois passou para a avenida do Contorno, no bairro Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, já mais amplo, com quase 140 metros quadrados.

A Mulher Barbeira conta com o trabalho de 11 profissionais. “Há pessoas que acham que sou de uma franquia de São Paulo. Eu tenho a ideia de que haja outras unidades por meio do empreendedorismo solidário. Outra ideia é formar mulheres”, finaliza.

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