Agronegócio

Rota do Mel sai do papel no Norte de MG

Investimentos do governo federal vão chegar a R$ 6 mi
Rota do Mel sai do papel no Norte de MG
Coopemapi já recebeu entreposto com capacidade de processamento de 1.000 toneladas/ano | Crédito: Divulgação/Seapa

A estruturação da Rota do Mel, no Norte de Minas Gerais, vai permitir a expansão da atividade, diversificação dos produtos, dos mercados atendidos e agregar valor à produção. Neste mês, foi entregue à Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi) um entreposto com capacidade de processamento de mil toneladas de mel por ano.

Também serão implantadas 25 unidades de extração coletivas de mel em contêineres, que vão beneficiar apicultores de 20 cidades que integram a Rota do Mel. Ao todo, serão investidos R$ 6 milhões na região.

Os recursos são provenientes de um Termo de Execução Descentralizada (TED) feito pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) para a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

De acordo com o presidente da (Coopemapi), Luciano Fernandes, a instalação do entreposto, no município de Bocaiúva, no Norte do Estado, e das casas de mel, vai permitir a ampliação da produção e que os produtos apícolas do Norte de Minas sejam exportados para mais países, inclusive, os que exigem a rastreabilidade, como a União Europeia.

“O entreposto é importante demais para os produtores do Norte de Minas. A União Europeia, por exemplo, só compra mel que tenha rastreabilidade. O entreposto tem Serviço de Inspeção Federal (SIF) e para a gente aumentar a quantidade de mel exportado, vamos precisar das casas de méis, que serão inspecionadas”, esclareceu.

A estruturação da Rota do Mel vai fortalecer a qualidade, a rastreabilidade e as boas práticas. Além disso, será possível aumentar a capacidade produtiva e a comercialização.

Com as novas casas de mel, também será possível aumentar as boas práticas no processamento dos meles especiais, que, segundo Fernandes, são extraídos em localidades diferentes ao longo do ano, dependendo das floradas.

“São vários tipos de méis especiais e com várias floradas ao longo do ano. Por isso, a importância das casas para que a extração seja feita da forma correta, com rastreabilidade onde as floradas acontecerem”.

Ainda segundo Fernandes, a estruturação permitirá o aumento da produção dos méis especiais, que possuem uma composição diferenciada e, por isso, têm maior valor agregado no mercado, gerando mais retorno aos apicultores.

A apicultura será expandida com melhor estrutura | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo Diário do Comércio

Os méis especiais são de espécies nativas da região. São produzidos com a florada do pequi, da aroeira, cipó uva, copaíba, betonica, abacate, velame e flor do café. O mel da aroeira já possui Identificação Geográfica (IG) e a ideia é buscar a identificação para os demais meles.

Com o investimento, também é esperado o fortalecimento da biodiversidade da região. “Onde se tem os produtos especiais, com rastreabilidade, é possível monitorar o desmatamento e o uso de agrotóxicos. Dessa forma, também estamos contribuindo para a preservação do local. Para a produção do mel, é preciso ter a floresta, as flores”, explicou.

Para a manutenção da biodiversidade e ampliação da produção, a Coopemapi possui um viveiro de mudas. Estão em produção cerca de 50 mil mudas de espécies nativas e melíferas da região para o reflorestamento nas áreas de nascentes.

“O reflorestamento é importante para o apicultor. Para produzir, as abelhas precisam das árvores, da água”, reiterou.

Quanto à produção, cerca de 200 toneladas ao ano de méis especiais, a estimativa é crescer gradualmente – aproximadamente 50 toneladas ao ano. Também está nos planos da cooperativa ampliar o número de produtores certificados.

De acordo com os dados do MIDR, o Polo de Apicultura do Norte de Minas Gerais foi fundado em 3 de outubro de 2017. Hoje, conta com cerca de 1,5 mil produtores, organizados em 30 associações, uma cooperativa e uma Câmara Técnica. A produção do polo, atualmente, está em cerca de 1.000 toneladas de mel por ano.

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