Inadimplência das empresas cresce em Minas

Minas Gerais registrou, em maio, o número de 608,9 mil empresas com contas atrasadas. No mês, o Estado só perdeu para São Paulo, que registrou 2,072 milhões de empresas inadimplentes. O índice mineiro representa 9,4% de todas as empresas no Brasil em situação de inadimplência, que chegaram a 6,48 milhões.
Os dados foram divulgados pela Serasa Experian e indicam que o número de companhias mineiras no vermelho aumentou em 0,5% em comparação com o mês anterior, o que significa que mais 3 mil negócios se tornaram inadimplentes no quinto mês de 2023. A variação é considerada muito pequena pelo economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, e não pode ser considerada uma tendência.
“Os números nacionais mostram, inclusive, queda no volume de empresas inadimplentes, mas são variações tão pequenas que considero índices estáveis, pois vínhamos de uma alta recorrente desde setembro de 2021”, avalia.
Ele explica que para haver uma queda significativa das empresas inadimplentes é necessário a continuidade da queda da inflação e a redução da taxa de juros. “O que não vai acontecer até agosto. Então, estamos percebendo uma estabilidade, mas só podemos falar em melhora quando essa taxa diminuir”, analisa Rabi.
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Para o economista, a taxa de juros começando a cair em agosto, os números de inadimplência só devem começar a melhorar no quarto trimestre de 2023. “E quando uma empresa vai acumulando valores altos de inadimplência, em algum momento, ou ela pede recuperação judicial, ou algum credor vai pedir falência dela”, explica.
Neste sentido, o especialista da Serasa revela que as empresas acumulam problemas desde setembro de 2021 e é comum elas demorarem a pedir recuperação judicial. “Muitas vezes, quando elas pedem já não tem como fazer mais nada”, alega.
O estudo aponta também que 29% dos credores da maioria das empresas são os fornecedores. “A maioria das dívidas não é com bancos nem impostos. São os que a gente chama de crédito mercantil, que chegam a somar quase 80% dos débitos”, diz o economista.
Ele avalia que as empresas no Brasil demoram muito para perceber que precisam de uma intervenção ou um apoio financeiro. “De fato, é necessário que as organizações continuem vigilantes em relação à sua saúde financeira e à renegociação de dívidas para que uma perspectiva melhor aconteça”, completa.
Região Sudeste
Dados do Indicador de Inadimplência das Empresas mostraram ainda que, em maio, a região Sudeste do País registrou 3,394 milhões de empresas com contas atrasadas. São Paulo (SP) foi a Unidade Federativa com o maior número de registros: 2,072 milhões.
Três dos quatro estados do Sudeste apresentaram os maiores números de empresas inadimplentes, sendo, respectivamente, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Já os quatro estados que menos registraram foram do Norte: Tocantins, Amapá, Acre e Roraima.
Setores
Na análise nacional, foram registradas 6,48 milhões de empresas inadimplentes no Brasil, uma queda de 28,8 mil companhias em relação a abril de 2023, mês em que um novo recorde da série histórica do indicador foi registrado.
A maioria das empresas negativadas foi do setor de serviços (54%), seguido do comércio, com 37%, depois indústria, com 7,7% e, por último, o setor primário, com 0,8%. O segmento com menos incidência de atrasos foi o de securitizadoras (1,1%).
O estudo mostrou também que as micro e pequenas empresas com CNPJs no vermelho no País somaram juntas R$ 39,6 milhões de dívidas. Das mais de 6,48 milhões de companhias negativadas em maio, 88%, ou seja, 5,73 milhões, são micro e pequenas empresas.
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