Opinião

Exemplo a ser imitado

Exemplo a ser imitado
Crédito: Brendon Campos

A mineradora Vale e o Instituto Inhotim firmaram na semana passada acordo que, em termos objetivos, pode significar a perenização das atividades no Instituto em Brumadinho, onde mantém um dos maiores museus a céu aberto do mundo, voltado para arte contemporânea, especialmente  obras de grande porte. Ao longo de 10 anos, conforme acertado, a instituição poderá receber até R$ 400 milhões, sendo metade através da lei de incentivo a cultura e o restante diretamente da própria mineradora, valores que não têm vinculação com as reparações pactuadas em função da ruptura da barragem de rejeitos do córrego do Feijão, no município.

Ficou estabelecido que parte dos recursos deverá ser investido em um fundo cujos ganhos serão destinados à conservação e ampliação do acervo, bem como ampliação das atividades ali desenvolvidas, mantendo-se dessa forma um fluxo contínuo de recursos para Inhotim.

Aberto nos anos 80 pelo empresário Bernardo de Mello Paz, o museu em pouco tempo ganhou expressão mundial, com sua coleção de obras de grande porte  passando a ser referência como expressão cultural brasileira no campo das artes plásticas. De início conhecido mais no exterior que propriamente no Brasil, Inhotim recebeu ao longo do tempo visitas de delegações de alguns dos mais importantes museus da América do Norte e Europa, num intercâmbio que só mais recentemente foi valorizado no próprio País, tudo isso muito contribuindo também para o incremento do turismo na região.

A recente pandemia e a consequente paralisação das atividades por longo período chegaram a ameaçar a existência de Inhotim e a preservação de sua coleção de arte, do parque que a abriga e dos pavilhões também de grande valor arquitetônico. São informações que dão a medida da importância, daqui em diante, da mineradora Vale no sustento de Inhotim. “Com os recursos poderemos manter um colecionismo ativo e ampliar nossa programação artística e cultural, além de expandir nossos projetos socioeducativos”, resume Lucas Pessoa, presidente da fundação que abriga o museu e seu parque florestal.

São notícias auspiciosas, de relevância nacional e não apenas regional, e que devem servir de impulso para melhorias nas condições de acesso ao museu, bem como ampliação de toda a infraestrutura de suporte ao turismo na região de Brumadinho. Basta reconhecer que estamos falando da instituição cultural brasileira que, em termos globais, já foi apontada como a mais conhecida e relevante, chegando a ser chamada de “Disneylândia das Artes” na imprensa internacional. Definitivamente não é pouca coisa, credora portanto de reconhecimento e, sobretudo, de suporte em todas as medidas do necessário. Ou um exemplo a ser imitado.

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