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Cine Humberto Mauro exibe filmes de Saura

Considerado um dos maiores diretores espanhóis do século XX e também um dos mais importantes da história do cinema
Cine Humberto Mauro exibe filmes de Saura
Crédito: Divulgação

Com mais de 50 filmes no currículo e tendo estreado na direção em 1956, com o curta “La tarde del domingo”, o cineasta espanhol Carlos Saura é tema da próxima mostra do Cine Humberto Mauro (avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Considerado um dos maiores diretores espanhóis do século XX e também um dos mais importantes da história do cinema, o realizador, que faleceu neste ano, será homenageado com “As alegorias de Carlos Saura”, que entra em cartaz hoje, às 17h, com a exibição de “Cria Cuervos” (1976).

A mostra, que traz ainda os trabalhos “A Caça” (1966), “Elisa, Vida Minha” (1977), “Mamãe Faz 100 Anos” (1979), “Bodas de Sangue” (foto), de 1981,“Ai, Carmela!” (1990), “Goya” (1999) e “Ibéria” (2005), é fruto de uma parceria entre a Fundação Clóvis Salgado e o Instituto Cervantes de Belo Horizonte. A programação é gratuita e segue até 5 de julho. Os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão.

A mostra passeia pela carreira prolífica do diretor e evidencia as diversas linguagens e estéticas que Saura incorporou em seu trabalho ao longo de mais de 60 anos de trajetória. O diretor abordou os mais variados temas em sua cinematografia, como a burguesia, o conservadorismo, a Guerra Civil Espanhola e a ditadura de Franco, que assolou a Espanha de 1939 a 1975 e censurou as obras de Saura.

“Enquanto os filmes eram censurados em seu próprio país pela ditadura franquista, Carlos Saura era recebido e celebrado pelos principais festivais europeus, como Cannes e Berlim. O diretor trabalhou inúmeras linguagens em seus trabalhos. O realismo social alegórico foi a que mais se destacou e a que melhor o define. Ele queria fazer um cinema tanto autoral quanto popular”, explica gerente do Cine Humberto Mauro,Vitor Miranda.

“Muito respeitado por seus pares, inclusive Luis Buñuel e Stanley Kubrick, o cineasta mistura o real com o sonho, o passado com o presente. “O cinema do diretor é um ponto de intersecção entre Buñuel, que é uma de suas influencias mais fortes, e Pedro Almodóvar, influenciado pelo próprio Saura”, pontua Vitor Miranda.

Alegorias

Dentre os filmes de destaque da mostra “As alegorias de Carlos Saura” está “A Caça” (1966). A obra aborda as alucinações que três amigos começam a sentir após um dia inteiro de caça a coelhos sob um sol escaldante. A película aborda as experiências traumatizantes do passado e de estímulos violentos do presente das personagens. A sessão, que acontece em 1º de julho, às 18h, vai ser comentada pelo cineasta e crítico de cinema Luiz Fernando Coutinho.

Outro ponto alto da mostra é a obra “Cria cuervos” (1975), que pode ser vista nos hoje às 17h, no dia 2 de julho, às 18h, e no dia 4 de julho, às 15h. O trabalho, que reflete a influência surrealista de Buñuel, venceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, foi indicado ao Globo de Ouro e ao Cesar de Melhor Filme Estrangeiro. O filme analisa as relações familiares durante o franquismo por meio da história de Ana (Geraldine Chaplin), que presenciou os pais morrerem em um curto espaço de tempo. O trabalho esmiúça o trauma ao longo da vida da personagem.

“Bodas de sangue” (1981), que será exibido na próxima sexta-feira (30), às 20h, também é um dos importantes trabalhos do diretor presente na mostra. A película é muito próxima do documentário e aborda o flamenco dentro da cultura espanhola. A trama envolve os ensaios para a adaptação de uma obra de Federico Garcia Lorca por uma companhia de dança.

Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som dolby digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes 43 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada.

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