Produção da indústria em Minas voltou a crescer

A produção da indústria mineira voltou a crescer em maio, após apresentar retração em abril. De acordo com a Sondagem Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o índice de evolução da produção avançou 7,1 pontos em relação ao mês anterior (44,4 pontos) e alcançou 51,5 pontos. Como ultrapassou os 50 pontos, limite entre queda e aumento, o resultado representou um crescimento da atividade do setor no período.
Conforme a economista da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da entidade, Daniela Muniz, a evolução do indicador já era esperada, uma vez que o quinto mês do ano teve mais dias úteis do que o intervalo imediatamente anterior.
De acordo com a especialista, como o dado não exclui as influências sazonais, esse fator se torna um grande contribuinte para o resultado final. Em maio, inclusive, foi o principal motivador para o avanço da produção.
Por outro lado, o levantamento apontou que o índice de evolução do número de empregados caiu 0,7 ponto frente a abril (49,3 pontos) e atingiu em maio, 48,6 pontos. Ao ficar abaixo dos 50 pontos, o desempenho indicou uma retração do emprego pelo segundo mês seguido.
Já o indicador de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual cresceu 0,5 ponto em relação ao quarto mês de 2023 (43,2 pontos) e marcou 43,7 pontos, sinalizando mais uma vez que as empresas operaram com capacidade produtiva abaixo da habitual para o período. Desde novembro de 2020 (53,3 pontos), o índice não ultrapassa os 50 pontos.
Estoques da indústria permanecem acima do planejado
A pesquisa da Fiemg também mostrou que os estoques da indústria mineira continuam em crescimento e permanecem acima do planejado pelas empresas.
Segundo o estudo, o índice de estoques de produtos finais caiu 3,2 pontos frente a abril (54,4 pontos), porém atingiu 51,2 pontos, o que representa o sétimo mês seguido de avanço. Da mesma forma, o indicador de estoque efetivo em relação ao planejado, teve queda de 1,1 ponto se comparado ao intervalo mensal anterior (53 pontos), mas continuou indicando um acúmulo indesejado de estoques pelo terceiro mês consecutivo, marcando 51,9 pontos.
Segundo Daniela Muniz, esse cenário se deve ao enfraquecimento da demanda por produtos industriais em um contexto de juros elevados. Conforme ela, nos próximos meses, os estoques devem se manter acima do desejado. Isso ocorre porque ainda se imagina um quadro de desaceleração econômica, devido à manutenção da Selic em 13,75% ao ano.
“Ao que tudo indica, ainda teremos os juros em um terreno restritivo. Isso já vem acontecendo há algum tempo, e justamente para que o Banco Central (BC) possa colher os frutos desejados, que incluem uma inflação corrente e as expectativas inflacionárias mais baixas, mesmo que isso esteja acontecendo de uma maneira gradual”, avalia.
Empresários demonstram otimismo, porém mantêm cautela
Ainda segundo a Sondagem Industrial, o otimismo dos empresários avançou em junho. O índice de expectativa de demanda registrou 55,8 pontos no período, o de expectativa de compra de matérias-primas marcou 54,8 pontos, o de expectativa de número de empregados nos próximos seis meses chegou a 52,9 pontos e de intenção de investimento alcançou 58,2 pontos. Todos apresentaram crescimento frente ao mês anterior.
A economista explica que esses resultados demonstram que os executivos estão confiantes, em função de uma menor incerteza político-econômica, com o encaminhamento do novo arcabouço fiscal e uma maturação da discussão sobre a reforma tributária, além de outros fatores positivos como a resiliência do mercado de trabalho, a ampliação do Bolsa Família, o reajuste do salário mínimo e a recente desaceleração da inflação em todo o País.
Ela ressalta, no entanto, que a confiança dos industriais não se torna ainda maior, por consequência dos juros e do panorama de um alto endividamento familiar. Sendo assim, Daniela Muniz reitera que os empresários estão otimistas, mas com certa cautela.
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