CCBB recebe Festival Mineiro de Arte Surda

Artistas e intelectuais da comunidade surda compartilham suas histórias, talentos e perspectivas no 1º Festival Mineiro de Arte Surda, no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH), um dos mais importantes espaços culturais da capital mineira. Ao todo serão três dias de evento, de 30 de junho a 2 de julho, que apresenta para o público em geral a potência da arte feita por pessoas surdas de Minas Gerais.
A abertura acontece amanhã com a apresentação do espetáculo ‘Nós temos voz’, dos artistas Jaqueline Alves, Helio Alves, Rosimeire Helmer, Camila Cassia e Talita Loureiro. Já no segundo dia (sábado), haverá workshop de teatro com e para pessoas surdas e o espetáculo teatral ‘Memórias de Ana’, com as artistas Dinalva Andrade e Laís Drumond. No domingo, Michelle Murta e Rimar Segala abordam, em mesa-redonda, temas como a arte surda no contexto atual e a democratização de acesso nos espaços da cidade. No mesmo dia, haverá Batalha de Slam de Poesia comandada por Leonardo Castilho e o encerramento fica por conta do stand up com e para surdos, com o artista Tales Douglas.
Todos os espetáculos terão bate-papo ao final. O evento, realizado integralmente em libras, é gratuito e aberto a surdos e ouvintes (haverá tradução para o português). Para participar é necessário retirada de ingressos pelo site bb.com.br/cultura ou na bilheteria do CCBB BH.
Pesquisas
O festival, produzido pelo BH em Libras, abre espaço de reflexão sobre o efervescente cenário da arte feito pela comunidade surda de Belo Horizonte, um dos centros mais expressivos do país. Para a primeira edição, a curadoria realizou uma série de pesquisas mantendo o foco, sobretudo, em profissionais, artistas e pesquisadores da cidade. Segundo o IBGE, na capital mineira são aproximadamente 5 mil pessoas surdas e 107.046 com alguma deficiência auditiva, o que representa 4,5% da população da cidade. Trata-se, portanto, de uma parcela expressiva dos habitantes de Belo Horizonte.
Com esses dados, vindos de pesquisas e do envolvimento de vários agentes, o 1º Festival Mineiro de Arte Surda deseja dialogar sobre formação de público surdo para eventos culturais que acontecem na cidade.
Para Michelle Murta, professora da Faculdade de Letras (Fale) da Universidade Federal de Minas Gerais – e a primeira pessoa surda a se formar doutora na UFMG, o projeto chega em um cenário de ausência de eventos que tragam amplamente a arte surda em Belo Horizonte. “O evento abre porta para os surdos na área das artes, Libras. É muito importante essa oportunidade de mostrar nossa arte, língua e cultura para todos. Estamos no século XXI e só agora, em 2023, é a primeira vez que teremos um festival, portanto a iniciativa é fundamental para desenvolvermos mais nesta área”, afirma.
Dinalva Andrade Martins, proponente do projeto, atriz e intérprete de libras, explica que o festival amplia o conhecimento sobre as potências das artes surdas. “Tem hoje uma efervescência muito grande do slam em libras, das poesias criadas em libras. É muito visual e físico; é incrível. Já o Tales Douglas é um comediante surdo que faz stand up. É uma luta minha nos festivais de stand up aqui em Belo Horizonte, eu tenho tentado levar ele em todos, em todas as programações que eu tenho condição de apresentar para os produtores”, ressalta.
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