Câmara vai discutir projeto da desoneração da folha

Brasília – A desoneração da folha de pagamento agora será discutida pela Câmara dos Deputados. O Projeto de Lei 334/2023, que prorroga a desoneração da folha para 17 setores da economia até o fim de 2027, foi aprovado em turno suplementar na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O texto foi aprovado na última semana, de forma terminativa. Isso significa que só precisaria passar pelo plenário se ao menos nove senadores apresentassem recurso nesse sentido. O prazo acabou no último dia 28 sem nenhum senador pedir a apreciação da proposta, que agora vai passar pela análise dos deputados.
A desoneração permite que as empresas dos 17 setores que mais empregam no País paguem menos tributos. Em vez de pagar 20% sobre a folha de salários para a Previdência Social, as empresas podem optar pelo pagamento de 1% a 4,5% sobre a receita bruta (faturamento).
O benefício acaba no fim de 2023, mas o projeto de lei visa prorrogá-lo por mais quatro anos. Como forma de compensar a perda de arrecadação do governo, a proposta estende, pelo mesmo período, o aumento de 1% na alíquota da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre bens e serviços importados, cujo prazo também se encerra em dezembro de 2023.
Rodrigo Leite, professor de economia do Instituto Coppead/UFRJ, explica que a desoneração da folha de pagamento existe há 12 anos e que o fim do mecanismo poderia elevar o desemprego aos setores beneficiados.
“Esse é um imposto sobre a folha de pagamentos. Vamos supor que acabasse a desoneração e uma empresa que está pagando 4,5% (sobre o faturamento) tenha que pagar 20%. Você onera a empresa. O que ela pode fazer? Demitir 5%, 10% da força de trabalho para não ter esse aumento no custo trabalhista”, exemplifica.
Autor do projeto de lei, o senador Efraim Filho (União-PB) diz que o fim da desoneração teria impactos negativos sobre o mercado de trabalho. “Se estima 600 mil demissões no Brasil desses setores se, a partir de janeiro de 2024, não tivermos essa prorrogação”, argumenta.
“Precisamos facilitar a vida de quem gera emprego e de quem produz. A desoneração busca isso, quanto mais empregos eu puder gerar menos impostos irei pagar”, ressalta o parlamentar.
Os setores beneficiados pela desoneração são confecção e vestuário, calçados, construção civil, call center, comunicação, empresas de construção e obras de infraestrutura, couro, fabricação de veículos e carroçarias, máquinas e equipamentos, proteína animal, têxtil, tecnologia da informação (TI), tecnologia de comunicação (TIC), projetos de circuitos integrados, transporte metroferroviário de passageiros, transporte rodoviário coletivo e transporte rodoviário de cargas.
Relator do projeto de lei complementar, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) incluiu um artigo no texto para estender a desoneração aos municípios de pequeno porte. A ideia é que as cidades com população inferior a 142,6 mil habitantes tenham a alíquota de contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento reduzida de 20% para 8%. O parlamentar estima que mais de 3 mil prefeituras poderão se beneficiar com a medida. Juntos, esses municípios detêm 40% da população brasileira. (Brasil 61)
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