Política

Ação de Zema pode afetar a relação com a Assembleia

Avaliação é do deputado João Vítor Xavier (Cidadania)
Ação de Zema pode afetar a relação com a Assembleia
Na avaliação de Xavier, não é possível cravar se a adesão ao RRF seria aprovada neste momento | Crédito: Guilherme Dardanhan / ALMG

As mudanças no alto escalão do governo Zema ocorridas no fim de junho, com a substituição do então secretário de Estado de Governo, Igor Eto, pelo deputado estadual Gustavo Valadares (PMN), podem voltar a estremecer as relações do governador com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Depois de um primeiro mandato marcado por fortes embates e pautas travadas com o Legislativo estadual, Romeu Zema (Novo) e sua equipe vinham estabelecendo um bom diálogo com a Casa em 2023.

Mas este cenário, na avaliação do deputado João Vítor Xavier (Cidadania), que integra a mesa diretora da ALMG, mudou nos últimos dez dias, com a alteração da liderança da Pasta responsável pela articulação política do governo com o parlamento mineiro. Para ele, o movimento trouxe instabilidade à relação, independentemente de quem saiu ou assumiu o cargo, e uma nova solidificação dessa relação vai levar tempo.

“Até dez dias atrás, eu via o melhor momento da relação do governo Zema com a Assembleia. Não sei porque a opção da mudança e não questiono. É um direito do Igor sair, é um direito do governador trocar e é direito do Gustavo Valadares aceitar a vaga. Não faço juízo de valor da opção pelo Gustavo nem da saída do Igor. Isso é natural e faz parte do processo político. Mas entendo que todo movimento brusco como esse, deixa sequelas. E, neste caso, a maior sequela foi a instabilidade, que é sempre ruim para quem governa. Quem governa não ganha nada com o ambiente instável; precisa de estabilidade e previsibilidade”, disse em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO.

Igor Eto deixou governo Zema no fim de junho

Vale lembrar que a saída de Eto ocorreu em meio a discussões de projetos importantes na ALMG, incluindo a autorização para o Estado aderir ao Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (PAF) e o reajuste da educação – ambos aprovados em plenário no último dia 6.

Após a votação, inclusive, o presidente da Casa, Tadeu Martins Leite (MDB), chegou a comentar a dificuldade imposta pelas mudanças, citando a interlocução institucional da ALMG, por meio da Secretaria de Governo. Mas ponderou que a situação já foi resolvida.

Além disso, logo no início da Reunião Ordinária foi lida comunicação do deputado Gustavo Valadares, até então, líder de Governo no Legislativo, solicitando afastamento a partir do próximo dia 11 de julho para assumir o cargo de secretário de Estado de Governo. A nomeação já foi publicada no Diário Oficial.

Sobre o presidente Tadeu Martins, inclusive, João Vítor Xavier o classificou como um líder aglutinador e pacificador, bom de diálogo. “Ele tem sido muito habilidoso e muito colaborativo nas conduções. Acho até que vamos ver um ambiente próspero, mas vai ter que remar. Porque estava remando, remando, remando, remando e a correnteza puxou para trás. Então, vai ter que voltar a remar de novo”, avaliou.

Regime de Recuperação Fiscal

Neste sentido, o deputado também comentou as pautas prioritárias do governo Zema, como o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e as privatizações de estatais como a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), por exemplo.

“O RRF, hoje, eu não sei dizer (se será aprovado). Mas há ambiente para se construir isso. Existe um caminho de construção política para que se aprove. E esse caminho é republicano, do diálogo, do debate, da construção de ideias e da boa política. Mas se fosse ‘vai ou não vai’, seria mais difícil cravar uma aposta, porque movimentos políticos geram instabilidade e é o que temos no momento”, justificou.
Para ele, se o projeto for a plenário neste mês, por exemplo, não deverá ser aprovado. Mas se entrar na pauta até o final do ano, pode ser que seja.

Privatizações de Cemig e Copasa

Já quanto às privatizações, o parlamentar avaliou como “um processo ainda mais duro, do ponto de vista filosófico e político”. Neste caso, João Vítor Xavier ponderou que a pauta da privatização é hoje menos dura do que já foi no passado, mas ainda não é um assunto simples. Ele recordou que houve um tempo no Brasil em que falar de privatização era quase um xingamento. Agora, boa parte da população entende os benefícios deste modelo de operação.

“Quando falamos de extremos, temos um lado muito firme na defesa da antiprivatização. Há uma oposição muito resiliente e que hoje tem um apoio federal muito grande e que está interferindo no processo aqui na Casa. Ninguém precisa ter a ilusão de que a posição nacional do PT não vai interferir no processo e isso é legítimo, porque isso é da democracia. Não vai ser uma briga fácil, mas acho que também é possível”, concluiu.

Atualizado em 08/07 às 09h45

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