“Vazio sanitário” da soja em Minas vai até 30 de setembro

Com o objetivo de reduzir a incidência da ferrugem asiática – uma das mais severas doenças que acometem a cultura da soja -, já está em vigor o vazio sanitário da soja. De 1º de julho a 30 de setembro, todos os produtores de soja de Minas Gerais ficam proibidos de cultivar e também de manter plantas remanescentes da safra 2022/23 no campo.
Minas Gerais é o quinto maior produtor de soja do Brasil. Na safra 2022/23, foram mais de 2 milhões de hectares plantados com a cultura. A produção chegou a 8 milhões de toneladas.
Segundo os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o vazio sanitário é o período contínuo, de no mínimo 90 dias, em que não se pode plantar e nem manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvimento na área determinada.
A medida fitossanitária é uma das mais importantes para o controle da ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O objetivo é reduzir ao máximo possível o inóculo da doença, minimizando os impactos negativos durante a safra seguinte.
O engenheiro agrônomo e fiscal agropecuário do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) na gerência de defesa sanitária vegetal, Wagner Aquino Machado, explica que, no Estado, o vazio é adotado de 1º de julho a 30 de setembro. A medida é adotada em todos os estados produtores, mas a data varia dependendo da região.
“O manejo sanitário foi criado para reduzir o inóculo do fungo que ataca a soja no plantio. Nesse período, 1º julho a 30 setembro, é proibido haver plantas de soja onde houve plantio e onde a cultura será novamente plantada. A medida proporciona o atraso no ataque e redução da praga na cultura”.
Com o vazio sanitário e maior controle da ferrugem, as lavouras são menos atacadas, o que traz benefícios para os produtores. Além de preservar a produtividade, há menor necessidade de aplicação de produtos químicos.
“O controle diminui o número de aplicações de agrotóxicos e, consequentemente, o custo de produção da lavoura. Além disso, protege diretamente o meio ambiente e a saúde dos envolvidos no processo de aplicação”.
Ainda segundo Machado, a proibição de plantas vivas de soja têm algumas exceções, que precisam previamente autorizadas pelo órgão de fiscalização.
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“Podem manter o cultivo da soja empresas de pesquisas, universidades, além dos produtores de sementes com genética avançada. Mas, para isso, é preciso fazer o requerimento, com justificativas e planos de trabalho de controle da ferrugem. O IMA analisa e pode autorizar a manutenção das plantas”.
As perdas provocadas pela ferrugem, se não houver o vazio sanitário e o controle químico eficaz, podem gerar altos prejuízos para os produtores.
“A estimativa é que o prejuízo pode chegar a 80%, 90%, mas, pelas medidas adotadas, isso não chegou a acontecer. O produtor tem consciência de que o vazio é importante e traz bons resultados”, explicou.
O gerente executivo técnico do Sistema Faemg/Senar, Bruno Rocha, explica que a adoção do vazio sanitário é eficaz para a redução da população do fungo que causa a ferrugem da soja. Este ano, o vazio terá 92 dias sendo que, com 50 dias, é possível quebrar o ciclo do fungo.
“O produtor, a partir do momento que colhe a safra, precisa eliminar todas as plantas vivas de soja. Ele pode usar produtos agroquímicos ou retirar com o uso de trator. Mantendo as áreas livres da planta, a gente tenta baixar o volume de esporos do fungo para que não se tenha grande ocorrência durante a safra. A medida sempre minimiza a presença do fungo e, por isso, precisamos que todos tenham consciência e façam o processo de erradicação;”
Além de ser o responsável por eliminar todas as plantas de soja, o produtor também tem que fazer a declaração de conformidade do vazio sanitário. Disponível no site do IMA, a declaração informa que o produtor tomou as providências necessárias e não tem planta de soja. Este ano, a declaração deve ser feita até o dia 15 de julho.
Em Minas Gerais, o representante da Faemg explica que o vazio sanitário é adotado também na cultura do algodão – que vale para todo o Estado – e para o feijão, em áreas específicas.
Quem não cumprir as determinações, pode sofrer penalidades. “A não adoção do vazio pode gerar auto de infração, multas e processo criminal”.
Segundo os dados do IMA, o vazio sanitário do feijão é realizado de 20 de setembro a 20 de outubro e tem o objetivo de controlar a “Mosca Branca” e diminuir a quantidade de alimento para esse inseto, considerado uma das pragas mais prejudiciais para produtores de grãos.
Já o vazio sanitário do algodão, acontece de 20 de setembro a 20 de novembro. A medida fitossanitária tem o objetivo de prevenir e controlar o “Bicudo-do-algodoeiro”, protegendo a produção do Estado dos prejuízos ocasionados pela praga.
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