Editorial

A teoria e a prática

A teoria e a prática
Para concorrer às bolsas de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, os projetos inscritos devem ter abrangência nacional e recorte geográfico | Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

O Brasil vai enfrentando suas urgências da forma que pode, com altos e baixos ditados pelas condições políticas, mas parece concordar num único ponto. O futuro desejável, resultado de melhor aproveitamento de tudo aquilo que temos de melhor, passa necessariamente pela educação. Para melhorar as condições de vida da população, para garantir mais eficiência e, consequentemente, melhor resultado em todos os campos. Talvez como a Coreia do Sul, não faz muito tempo mais pobre que o Brasil, mas capaz de dar um salto formidável exatamente por conta da priorização da educação e dos investimentos feitos nessa órbita.

Muita conversa para, infelizmente, poucos resultados. Pior, a rigor e conforme indicadores reconhecidos, houve involução, considerados os medidores universais. É nesse contexto, em que pelo menos horizontes mais largos vão sendo abertos, que chamam atenção levantamentos relativos à condição de bolsistas brasileiros que viajaram ao exterior visando ampliar e aprimorar conhecimentos, empreitada não raro financiada com recursos públicos. Com esse objetivo, pelo menos 100 mil acadêmicos brasileiros viajaram ao exterior para aprimorar seus conhecimentos e, até seis meses depois de concluída a especialização, retornarem ao País para partilhá-lo.

Tudo bem pensado, mas não tão bem executado, conforme demonstrado nos estudos mencionados.

Um deles, um entre muitos, relata que tem emprego garantido nos Estados Unidos, onde se formou, e em condições que não encontra aqui. Ainda assim gostaria de voltar e tentou, esbarrando então com muitas exigências e posições irredutíveis, devendo pagar o que teve, mesmo sem garantia de que seja empregado. Desistiu e vai pagar o que deve com o que ganha nos Estados Unidos e prometendo jamais retornar ao Brasil. Não se trata de um caso isolado, único, estando mais próximo da regra em que não é nada difícil enxergar quem perde mais.

Este parece ser um daqueles casos, mais um, em que parece ser fundamental perceber o que se passa para saber escolher entre o melhor e o pior. Repetindo, tem sido bastante comum nos últimos anos casos de brasileiros que viajam ao exterior em busca de especialização e que não voltam porque sabem que encontrarão portas fechadas, bem ao contrário das oportunidades que têm lá fora. É preciso enxergar, é preciso que exista um mínimo de racionalidade ou, antes, de coerência da parte daqueles que apontam que o futuro tão sonhado, aquele de menos desigualdades e de melhores oportunidades, só poderá ser alcançado a partir da educação.

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