Finanças

Antecipação de recebíveis em alta

Aumento da restrição do crédito tem estimulado o empresariado a buscar recursos nesta modalidade
Antecipação de recebíveis em alta
Ribeiro afirma que a demanda segue aquecida desde o ano passado, quando o setor cresceu 15% | Crédito: Léo Guedes - Sindisfac-MG

O aumento da restrição de crédito tem estimulado os empresários a buscarem a antecipação de recebíveis. A ferramenta é considerada importante e pode ser uma opção interessante no curto prazo, principalmente para empresas que enfrentam crises e precisam ajustar o fluxo de caixa.

Segundo Roberto Ribeiro, presidente do Sindicato das Empresas de Factoring de Minas Gerais (Sindisfac-MG), vice-presidente da Associação Brasileira de Factoring, Securitização e Empresas Simples de Crédito (Abrafesc) e sócio-diretor da Simples Antecipação de Recebíveis, a opção de antecipar os recebíveis é bastante viável para as empresas. É uma opção para a empresa se manter estável, crescer, ou até mesmo sair do risco de encerrar as atividades.

As operações para antecipar os recebíveis são feitas pelas empresas de factoring, os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) e as securitizadoras, operações financeiras legais e seguras.

“A antecipação de recebíveis é ferramenta que as empresas, os gestores financeiros têm à disposição no hall de produtos financeiros oferecidos pelas instituições, como os recursos para capital de giro, financiamento, cartão de crédito”.

Ainda segundo Ribeiro, a opção é muito utilizada e deveria sempre ser adotada para momentos de necessidade de ajuste de fluxo de caixa, para ser usada no curto prazo.

“O empresário que busca pela operação antecipa o recebimento de um valor que já é dele, mas, que ainda não tem a possibilidade de usar porque ainda não foi entregue. Ao buscar um agente financeiro, ele recebe antes e pode colocar o recurso no fluxo de caixa, usar para pagar as contas”.

A demanda pela antecipação é crescente, isso devido ao endividamento maior das empresas. Segundo dados do Indicador de Inadimplência da Serasa Experian, em abril, a negativação alcançou cerca de 6,5 milhões de empreendimentos brasileiros, o maior número registrado pelo estudo em toda a série histórica, iniciada em 2016.

O valor das dívidas, quando somadas, também cresceu e atingiu a quantia recorde, de R$ 117,5 bilhões. Em média, cada CNPJ possui cerca de 7 contas negativadas.

Os empreendimentos do segmento de “Serviços” são os mais afetados e representam 54% do total de inadimplentes. Em sequência está o “Comércio”, com representatividade de 37%, seguido pelas “Indústrias” (7,7%), “Setor Primário” (0,8%) e “Outros” (0,5%) – categoria que contempla empresas “Financeiras” e do “Terceiro Setor”. A análise por estado revelou que São Paulo tem o maior número de empresas inadimplentes. Em segundo lugar estava Minas Gerais, seguido pelo Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia.

Diante do maior endividamento das empresas e pela conjuntura atual, Ribeiro explica que o acesso ao crédito fica cada vez mais restrito junto aos bancos.

“O nosso setor leva uma vantagem competitiva por estarmos mais próximos aos clientes, por termos estruturas muito menores que os bancos. Temos uma condição de análise de crédito mais ramificada e próxima aos clientes, isso faz com que a gente aceita, correr um risco maior que os bancos aceitariam. Por outro lado, os bancos restringem o crédito nesses momentos, e muitos não conseguem operar junto aos bancos e recorrem às empresas de factorings”.

Ribeiro explica que a opção de antecipar os recebíveis se usado com inteligência e planejamento pode dar resultados excepcionais para as empresas. “A antecipação não é somente para as empresas que enfrentam dificuldades, as melhores e maiores empresas do mundo antecipam os seus recebíveis. É uma forma de alavancar os negócios, usar o capital de terceiro é uma coisa muito inteligente”.

Demanda aquecida

Em relação ao desempenho do setor, após um crescimento acima de 15% em 2022, os negócios seguem aquecidos em 2023.

“O mercado teve uma retomada forte após a pandemia e, 2023, vem na mesma toada. Está sendo um ano muito bom, com crescimento da carteira constante”.

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