Catadores precisam coletar mais de 18 mil latinhas por um salário mínimo

Para ganhar um salário mínimo de R$ 1.320,00, o catador de latinhas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) precisa coletar um total de 246 kg ou 18.464 latas de alumínio. É o que revela um levantamento realizado pelo site de pesquisas de preços Mercado Mineiro entre os dias 13 e 14 de julho.
Isso porque o preço médio do quilo da latinha de alumínio vazia em julho estava cotado a R$ 5,36. Os valores pagos pelos estabelecimentos de reciclagem da Grande BH variam entre R$ 4,50 e R$ 6,00, diferença de 33,33%. Vale ressaltar que esses valores também servem de referência para o quilo do anel/lacre da latinha.
Já no caso da garrafa Pet, o catador precisará recolher 1.350 kg para ter um salário mínimo. Nesse caso, o preço médio do quilo da garrafa vazia é de R$ 0,98, com variação de 25%. O menor valor encontrado foi de R$ 0,80 e o maior, de R$ 1,00.
Para os catadores de papelão, é necessário coletar em média 6.422 kg para alcançar um salário mínimo. O preço médio pago pelo produto é de R$ 0,21, com variação que chega a 400% na região, indo de R$ 0,10 a R$ 0,50.
O produto mais vantajoso para os catadores é o cobre. No caso do quilo do cobre mel, o preço médio é de R$ 33. Os valores variam entre R$ 27,00 e R$ 36,00, diferença de 33,33%. Enquanto o cobre misto apresenta um valor médio de R$ 30,94. O preço mais elevado encontrado na região é R$ 34,00 e o mais baixo R$ 25,00, variação de 36% entre eles.
O quilo do jornal está sendo negociado por valores que variam entre R$ 0,15 e R$ 1,00, diferença de 566,67%. O preço médio do produto em julho é de R$ 0,53. Já no caso da revista, o quilo está sendo vendido por, em média, R$ 0,26. Os valores praticados na região apresentam variação de 400%, ficando entre R$ 0,10 e R$ 0,50.
O levantamento também apontou que o preço médio do quilo de papel branco fechou o mês em R$ 0,19 na Grande BH. O maior preço encontrado foi de R$ 0,30 e o menor foi de R$ 0,10, variação de 200%.
Julho x Março
O coordenador do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, destacou a redução do preço médio pago pelas principais empresas de ferro velho e reciclagem na região na comparação com o mês de março deste ano. “Nós tivemos aí uma redução drástica nos valores pagos, que pode comprometer e muito o rendimento dos catadores, é uma questão social”, relata.
O preço médio dos recicláveis na região metropolitana tem caído nos últimos quatro meses. Para Abreu isso tem feito com que os catadores passem a ganhar cada vez menos e trabalhar cada vez mais.
A queda mais intensa foi observada no preço médio do quilo do papelão (-73,65%). O valor pago pelos estabelecimentos da RMBH passou de R$ 0,78 para R$ 0,21 em apenas quatro meses.
Outro destaque foi a redução no valor médio do quilo do papel branco, passando de R$ 0,64, em março, para R$ 0,19 em julho, ou seja, desvalorização de 70,98%. O quilo da garrafa Pet vazia, que era vendido a R$ 2,18, agora está sendo negociado por R$ 0,98, redução de 55,15%.
No caso do quilo da revista, o preço médio passou de R$ 0,50 para R$ 0,26, queda de 48,57%. Enquanto o valor do quilo do jornal recuou 36,32% entre os meses de março e julho, passando de R$ 0,83 para R$ 0,53.
Quanto ao preço pago pelo quilo da latinha de alumínio vazia e pelo seu lacre ou anel, a pesquisa revelou que a redução observada foi de 16,61%, indo de R$ 6,43 para R$ 5,36.
O valor médio do quilo do cobre mel reduziu 4,87%, passando de R$ 34,69 para R$ 33,00. Já o menor recuo do preço médio foi no quilo do cobre misto, que passou de R$ 32,31, março, para R$ 30,94 neste mês. Isso representa uma variação negativa de apenas 4,23% no período.
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