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Exposição aborda cartas de Llansol

A exposição tem curadoria de Lucia Castello Branco e Angela Castelo Branco e integra a programação do 55º Festival de Inverno UFMG
Exposição aborda cartas de Llansol
A entrada é gratuita e tem classificação livre | Crédito: Divulgação/UFMG

A Pró-Reitoria de Cultura da UFMG, por meio do Centro Cultural UFMG, convida o público para a abertura da exposição “Cartas aos escritores do meu ramo. De Maria Gabriela Llansol”, amanhã, às 19 horas. A mostra tem curadoria de Lucia Castello Branco e Angela Castelo Branco e integra a programação do 55º Festival de Inverno UFMG. As obras poderão ser vistas até 20 de agosto de 2023. A entrada é gratuita e tem classificação livre.

A exposição reúne cartas, manuscritos e publicações da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931/2008) trocadas com a professora da UFMG, escritora e curadora da exposição Lucia Castello Branco e seus alunos, ao longo de anos de convívio poético e literário. Essas cartas e documentos abordam questões relativas à escrita, à psicanálise, à educação, aos textos de Llansol e Lucia, em particular, e à vida, em geral, ou ao “vivo”, como Llansol o nomeou.

“Falta-me uma flor branca para compor, com rigor, um ramo lilás”. “Assim escreveu Maria Gabriela Llansol, numa carta datada de 4 de julho de 1998 e endereçada a ‘Lucia Castello Branco e seus alunos’. Essa carta, publicada dois anos depois, com a autorização da escritora, como ‘Carta ao Legente’, numa edição de apenas 30 exemplares (Edições 2 Luas), seria a primeira publicação de Llansol no Brasil.

Vinte e três anos depois, vêm a público cerca de outras 30 cartas, endereçadas por Gabriela a Lucia, ao longo de 15 anos, e ainda outras, endereçadas a dois de seus alunos – Erick Gontijo e João Rocha – com quem Llansol manteve também uma correspondência em que os destinos do texto e os pensamentos verdadeiros dos legentes seriam acolhidos e desdobrados pela escritora.

Numa ‘composição com rigor’, que culmina na exposição–residência–oficina ‘Cartas aos escritores do meu ramo’, reúnem-se, então, quatro legentes, dentre os quais duas Branco – Lucia Castello Branco e Angela Castelo Branco –, na beleza de um ‘ramo lilás’, aquele que a escritora oferece à professora Lucia e seus alunos, e que passa a habitar, como figura, o texto de Llansol, desde então.

“Quem precisa que um ramo entre em sua vida?”, pergunta Llansol, em um de seus escritos.

Curiosamente, não foi aos portugueses que esse ramo, a princípio, se ofereceu, porque ali não havia, na ocasião, terra fértil para sua florescência. Foi no Brasil, mais especificamente em Belo Horizonte, e mais particularmente na UFMG, que esse ramo floresceu em cartas, dissertações, teses, trabalhos em teatro e performance, livros de literatura, de psicanálise, mas também livros indígenas, em que a ‘textualidade llansoliana’ seria tomada como método para as práticas da letra e para as edições coordenadas por Maria Inês de Almeida.

Tudo isso será mostrado na exposição da qual as duas Branco são as curadoras e na residência-oficina que Angela Castelo Branco, poeta, artista visual e uma das gestoras d’A Casa Tombada (SP), fará no 55° Festival de Inverno UFMG, no Centro Cultural UFMG, durante os próximos dias 23 e 24 , com residência pela manhã e oficina à tarde nos dias 24, 25 e 26 de julho de 2023.

A oficina de cartas bordadas, mas não só, será incorporada à exposição em que as cartas de Llansol – algumas delas verdadeiras obras de arte, como manuscritos e como lições de textualidade – serão expostas ao lado de livros da autora com dedicatórias, livros de seus legentes, dissertações e teses produzidos a partir de sua escrita, vídeos, podcasts e documentários.

Este ‘lado B’ da obra da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol, que compõe a pré-história de um destino mítico que parece querer se desenhar para seus textos, em Portugal, interroga, na medida em que confronta, na materialidade mesma da escrita dessas cartas, conforme se afirma no prefácio do livro  “Todos os dias uma carta”, recentemente publicado em Portugal (Mariposa Azual).

Sem pretensão, mas com efeitos literários, pois é sempre da “coisa” literária que se trata, as cartas de Maria Gabriela Llansol para Lucia Castello Branco e seus alunos constituem-se em verdadeiros poemas, em que o pensamento sobre o drama-poesia e sobre os diferentes mundos abertos pela força poética da escrita se condensam, sendo capazes de tocar os corpos futuros que se permitem atravessar pela textualidade.

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