Ovo: por que está tão caro no País?

O aumento dos custos de produção e os preços aquém do esperado desestimularam a produção nacional de ovos nos últimos anos. Diante do cenário, a produção retraiu, o que gerou um desequilíbrio na oferta e provocou uma alta expressiva nos preços do produto.
Segundo os dados da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), os preços dos ovos subiram cerca de 20% nos últimos 12 meses. No Estado, a caixa com 30 dúzias está cotada entre R$ 210 e R$ 220.
Para os próximos meses, com a queda de preços dos grãos e recuperação dos preços pagos aos produtores, a expectativa é de maior equilíbrio entre oferta e demanda.
De acordo com o diretor da Avimig, Cláudio Almeida Faria, o aumento dos preços dos ovos aconteceu tanto em Minas Gerais como no Brasil.
“Podemos considerar que os preços tiveram um reajuste, nos últimos 12 meses, de 20%. O Brasil é autossuficiente na produção, que encerrou o ano passado em 52 bilhões de ovos. Porém, tivemos uma queda de quase 5% frente a 2021, quando a produção era de 54 bilhões de ovos”.
Ainda segundo Faria, nos últimos anos, com o encarecimento dos custos de produção, alavancados pela alta dos grãos, e a dificuldade de repassar a elevação para o mercado final, as granjas registraram prejuízos, o que impactou de forma negativa no volume de produção.
“Basicamente, a alimentação das aves é milho e farelo de soja, que respondem por cerca de 85% a 95% da composição da ração. De 2019 a 2021, esse insumo subiu cerca de 130%. O ovo não tem tanto valor agregado na produção e, com o aumento expressivo dos custos, o produtor não conseguiu repassar para o mercado e a produção nacional encolheu devido aos prejuízos”.
A dificuldade de repasse dos custos aconteceu pela queda de consumo. Faria explica que, em 2021, o consumo per capita era de 260 ovos por habitante ao ano no País, já em 2022, o consumo caiu para 241 ovos. “A queda se deve à oferta menor e aumento dos preços”.
A expectativa com a retração nas cotações de soja e milho e com os preços dos ovos em patamares que remunerem os produtores é que a oferta de ovos se restabeleça este ano voltando, em nível nacional, aos patamares de 2021.
Apesar da queda na produção brasileira – resultado principalmente da produção de São Paulo, que responde por cerca de um terça da oferta nacional -, em Minas Gerais, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de ovos ficou 2,7% maior em 2022, somando 363,13 milhões de dúzias.
O aumento da produção, ainda que pequeno, vem sendo mantido em 2023. Segundo o IBGE, no primeiro trimestre, a produção cresceu 0,4% e chegou a 88,7 milhões de dúzias. O Estado responde por 10,24% da produção nacional.
Para o diretor da Efficienza, empresa de assessoria para o comércio exterior, Fábio Pizzamiglio, o aumento dos preços dos ovos está ligado diretamente à oferta e à demanda do produto.
“Embora o Brasil seja suficiente na produção de ovos e não deva sofrer escassez, os brasileiros enfrentarão o preço elevado do produto devido à diminuição da produção e, ao mesmo tempo, o valor do mercado externo”.
Ainda segundo Pizzamiglio, a escalada de preços dos ovos de galinha não é exclusiva do Brasil, já que diversos países enfrentam problemas de escassez do produto desde o início do ano. Na Europa, por exemplo, os impactos da guerra na Ucrânia, aliados à alta dos custos dos grãos e da energia elétrica, e o surto de gripe aviária nos Estados Unidos têm afetado a oferta global de ovos.
Diante desses desafios, os consumidores brasileiros têm sido impactados pelos preços elevados do ovo de galinha, uma importante fonte de proteína.
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