Economia

Indústria mineira demonstra confiança pelo 6º mês consecutivo

Indicador apurado pela Fiemg marcou 53,4 pontos em julho; otimismo foi motivado por uma evolução favorável do ambiente macroeconômico do País
Indústria mineira demonstra confiança pelo 6º mês consecutivo
Resultado do Icei nos próximos meses dependerá de como caminhará regra fiscal e reforma tributária, e expectativa é positiva | Crédito: Divulgação CNI

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) cresceu 0,2 ponto em julho frente ao mês anterior e marcou 53,4 pontos. Esse foi o sexto mês consecutivo em que os industriais mineiros demonstraram estar confiantes, uma vez que o indicador ultrapassou a casa dos 50 pontos. O levantamento foi realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Dentre os componentes que compõem o Icei, o de condições atuais, porém, continuou apontando uma percepção negativa por parte do empresariado em relação à situação atual das empresas e da economia do Brasil e do Estado. Apesar disso, ao atingir 47,3 pontos no período, o item subiu um ponto em comparação com junho. Já o índice de expectativas mostrou perspectivas positivas para os próximos seis meses, marcando 56,5 pontos, embora tenha registrado um recuo de 0,2 ponto.

Ainda conforme o estudo, no mês passado, o indicador que mede a confiança da indústria do Estado ficou 0,6 ponto acima da média histórica, que é de 52,8 pontos. Além disso, foi superior ao Icei brasileiro, que chegou a 51,1 pontos. Contudo, o índice registrou uma queda de 3,6 pontos no confronto com julho de 2022, e registrou o menor resultado para o período em três anos.

Política fiscal expansionista x política monetária restritiva

A economista da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg, Daniela Muniz, afirma que nos últimos meses tem se observado uma melhora no Icei em Minas Gerais. Esse progresso, conforme ela, é uma consequência da evolução favorável do ambiente macroeconômico do País, impulsionada pela desaceleração das taxas de inflação e pela redução da percepção de risco fiscal, após a tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso Nacional.

De acordo com Daniela Muniz, o recuo inflacionário foi alcançado mesmo com indicadores positivos do mercado de trabalho, sugerindo que não houve uma grande desaceleração econômica. Esse fator, segundo ela, abre espaço para um cenário de menos aperto monetário, com prováveis quedas da Selic, o que se traduz em dólar mais fraco e diminuição dos juros longos, geralmente aspectos positivos para países emergentes como o Brasil.

A economista também destaca um entendimento de um ambiente doméstico mais promissor com a aprovação de reformas, como a tributária, alvo de discussões há décadas e necessária em sua avaliação. No entanto, ela menciona que o escopo do texto, com previsão para ser votado no Senado Federal ainda neste ano, tem pontos controversos que precisam ser esclarecidos.

Em relação ao possível afrouxamento monetário a partir de agosto, Daniela Muniz ressalta que existe uma ala do Banco Central (BC) que ainda demonstra cautela em relação a isso. Sendo assim, explica que, mesmo com espaço para quedas dos juros, o País está distante de ver cortes significativos. Esse ponto tende a impactar o crescimento da confiança dos industriais.

Na contramão da política monetária restritiva, segundo ela, o governo brasileiro tem promovido uma política fiscal expansionista, com iniciativas que estimulam a atividade econômica. Entre elas estão medidas de incentivo à compra de carros populares, caminhões e ônibus, programa para redução do endividamento familiar e aumento de subsídios para as famílias em situação de pobreza. Esse movimento tem reflexo positivo no indicador de confiança da indústria.

Quanto aos resultados do índice nos próximos meses, ela ressalta que tudo dependerá de como caminhará a nova regra fiscal e a reforma tributária, mas diz que existem expectativas positivas.

“De qualquer maneira, o fato de termos um processo consistente de desaceleração da inflação e uma perspectiva efetiva de que ocorra um afrouxamento monetário a partir da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária, do BC) será muito positivo para a indústria, pois isso dará um alívio tanto para as empresas quanto para as famílias”, avaliou.

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