Confiança do comércio de BH continua em queda

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) de Belo Horizonte atingiu 101,2 pontos em julho após recuar um ponto em relação ao mês anterior. Com esse resultado, o indicador se aproximou ainda mais dos 100 pontos, nível de neutralidade, que demonstra que os comerciantes deixaram de estar confiantes. Abaixo desse valor, considera-se que eles estão pessimistas.
A pesquisa foi realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG). O economista-chefe da entidade, Stefan D’Amato, ao fazer um recorte entre agosto de 2020 e o atual Icec, destaca que, em dezembro de 2022, o índice registrou a maior pontuação do período (134,1 pontos). Mas ressalta que, desde então, o indicador começou a apresentar uma tendência de queda, alcançando agora o menor patamar dos últimos meses.
Conforme ele, essa desaceleração na confiança do comércio pode ser atribuída a uma série de eventos do primeiro semestre de 2023. Pressão inflacionária e taxa de juros elevada estão entre eles. Segundo D’Amato, esse cenário foi prejudicial ao empresariado, uma vez que contribui para o crescimento do endividamento familiar, desestimula o consumo e dificulta o acesso ao crédito – usado pelos empresários, por exemplo, para diversificar o mix de produtos e repor estoques.
Ainda de acordo com o economista, essa conjuntura impactou mais fortemente as empresas de menor porte e o levantamento mostra justamente isso. Na sondagem, as companhias que tem acima de 50 funcionários expressaram um otimismo maior, se comparado aquelas com menos colaboradores. O Icec da primeira marcou 111,6 pontos, enquanto o da segunda foi de 101 pontos.
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Condições atuais, expectativas e investimentos
O indicador geral, que mede a confiança do empresariado, é composto por três subindicadores. O primeiro deles trata-se do índice de condições atuais do empresário do comércio (Icaec), que cresceu 0,9 ponto na passagem do sexto para o sétimo mês do ano e chegou a 74,7 pontos. Apesar do avanço, esse resultado manifesta que ainda existe uma grande insatisfação dos comerciantes belo-horizontinos com relação ao momento da economia brasileira, do setor e da própria empresa.
O segundo índice é de expectativa do empresário do comércio (Ieec), que verifica as impressões dos empreendedores para o futuro. Esse sub-indicador caiu 2,9 pontos e atingiu, em julho, 129,8 pontos, porém, continua demonstrando um significativo otimismo dos comerciantes. Conforme D’Amato esclarece, os lojistas tendem a ser sempre otimistas, mas também podem estar observando as possíveis melhorias projetadas para o cenário econômico do País.
“Segundo o Focus (relatório divulgado pelo Banco Central, com projeções do mercado), o Brasil deverá ter um aumento do PIB (Produto Interno Bruto) até maior do que se projetava no começo do ano. Como devemos ter uma atividade econômica maior, ou seja, mais empregos e consumo, o lado do comerciante vai melhorar, tanto pelo lucro quanto pelo investimento”, disse.
“Além disso, o cenário para este ano e para o ano que vem é de redução da inflação. E a taxa de juros está muito alta (13,75%), mas, para o final de 2023, está prevista em 12%, e para 2024, 9,5%, conforme o Focus. Então o empresário está avaliando e percebendo que já houve avanço, por exemplo, no mercado de trabalho. O mês passado também foi o primeiro mês que teve elevação na massa salarial, ou seja, está havendo melhoria de salários”, complementou.
Já o terceiro subindicador, o de investimento do empresário do comércio (Iiec), registrou uma queda de 1,1 ponto e fechou o mês com 100,2 pontos, demonstrando um pessimismo dos comerciantes. Esse índice apura a expectativa de aumento do quadro de funcionários, o nível de investimentos dos estabelecimentos e a situação atual dos estoques das empresas.
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