Minas Gerais conquista 5ª IG para o café

Maior produtor de café, Minas Gerais vem se destacando com a conquista de Indicações Geográficas. A mais nova concessão, feita pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), foi obtida pela Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, na cidade de São Pedro da União, na categoria Indicação de Procedência.
A região Sudoeste de Minas – que responde por cerca de 10% da produção estadual de café – tem um café diferenciado e produzido em uma região de transição entre os biomas do Cerrado e da Mata Atlântica.
Com a conquista, o território agora é o quinto do café em Minas Gerais a ganhar uma IG como a Região do Cerrado Mineiro, a Região das Matas de Minas, Mantiqueira de Minas, Campo das Vertentes e, agora, Sudoeste de Minas.
De acordo com a analista do Sebrae Minas, Lucilene Pessoni, a conquista da IG é um marco histórico para a região e também para os cafeicultores.
“É um marco histórico para a região, que, até então, não tinha um processo de valorização do café. A região tem 21 municípios cuja principal atividade é a cafeicultura, mas não tinha uma estratégia de posicionamento no mercado do café, no que tange a origem da produção. É mais que a conquista de um selo e é algo que expressa os nossos valores, crenças e, principalmente, nossas atitudes. É uma forma de garantir um mercado diferenciado e único para o café”.
Segundo os estudos feitos para caracterização, a região Sudoeste de Minas responde por 10% da produção de café em todo o Estado. Em ano de alta produtividade, como 2023, a produção fica em torno de 3,2 milhões de sacas de 60 quilos. São 178,53 mil hectares ocupados com os cafezais e 11.818 propriedades cafeeiras.
Hoje, a associação engloba 21 municípios e conta com 56 produtores ativos na cafeicultura mineira. Os municípios são: Arceburgo; Alpinópolis; Alterosa; Bom Jesus da Penha; Botelhos; Cabo Verde; Carmo do Rio Claro; Conceição de Aparecida; Fortaleza de Minas; Guaranésia; Guaxupé; Itamogi; Jacuí; Juruaia; Monte Belo; Monte Santo de Minas; Muzambinho; Nova Resende; Passos; São Pedro da União e São Sebastião do Paraíso.
De acordo com o presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, Fernando Barbosa da Silva, a conquista da IG é muito importante. Além de diferenciar o café da região, o selo irá atestar as boas práticas, a qualidade e os diferenciais da região. Também é esperada a agregação de valor ao café.
“Agora, temos o reconhecimento como origem produtora. O reconhecimento da Indicação de Procedência é uma proteção, uma promoção dos cafés. Ela permite a rastreabilidade e mostra que estamos seguindo as regras de especificação técnicas. É um reconhecimento do nosso propósito que é inspirar e fomentar uma nova cafeicultura para nova região”, explicou.
Para a conquista do IG foram feitos diversos estudos e levantamentos da região, do modo de fazer e das características do café.
No Sudoeste, a bebida se diferencia pelo sabor doce com notas de caramelo, chocolate e nozes, além da acidez cítrica e corpo denso com finalização prolongada. As lavouras estão em altitudes que variam entre 700 e 1.250 metros, com temperaturas anuais entre 5°C e 28°C e pluviosidade média de 1.350 mm, o que favorece o desenvolvimento da cafeicultura de alta qualidade.
Ao longo dos próximos meses, a marca será trabalhada e as propriedades, que estiverem atendendo às regras específicas, estarão aptas a utilizarem o selo.
“A associação é a detentora do estatuto e quem quiser utilizar o nome precisará buscar à associação e atender as especificações”, disse Lucilene.
A comercialização do café com o selo deve acontecer ainda este ano.
“Nós já estávamos nos preparando para a conquista, que acreditávamos que só viria em 2024. Mas, vamos antecipar os planos. Já estamos em processo de desenvolvimento do balcão comercial de café de origem controlada, que é a ponte da produção para o comprador. Nele, o associado vai apresentar e negociar os cafés direto com o comprador”, comemora Barbosa.
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