Jequitinhonha é retratado com artes visuais e dança

Artes Visuais e dança são a inspiração para o novo projeto artístico da Fundação Clóvis Salgado, “Jequitinhonha: Origem e Gesto”. Nessa iniciativa inédita de junção de várias expressões artísticas ocupando a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, a Cia. de Dança Palácio das Artes (CDPA) e as artes visuais se unem para apresentar ao público uma criação híbrida, em que duas linguagens se tornam uma.
Com coordenação geral do artista Marco Paulo Rolla, “Jequitinhonha: Origem e Gesto” chega para celebrar, na capital mineira, dentro do Palácio das Artes, em dois momentos, a riqueza criativa do povo do Vale do Jequitinhonha. Primeiro será a inauguração, amanhã, às 19h, de uma exposição panorâmica com obras dos principais artistas e artesãos da região, composta por 100 peças históricas, vindas de acervos particulares, do Centro de Arte Popular (CAP), com obras da colecionadora Priscila Freire, e do Sebrae Minas e criações atuais feitas especialmente para a ocasião.
Uma ambientação inspirada no Vale foi criada no espaço da Grande Galeria para receber a exposição panorâmica, a partir dos tons terrosos, dos barrancos, das casas de pau a pique e das texturas da paisagem daquela região. Neste mesmo cenário também ocorrerá, na sexta-feira (4), às 20h, a estreia da coreografia da Cia. de Dança Palácio das Artes, também batizada de “Jequitinhonha: Origem e Gesto”. A partir daí, nos finais de semana, ao longo de agosto e outubro, a coreografia será encenada em sessões gratuitas.
Com concepção coletiva dos bailarinos da CDPA, a nova coreografia é resultado da pesquisa de campo realizada pelo corpo artístico do Palácio das Artes no Alto Jequitinhonha. As visitas às Associações de Artesanato e as conversas com moradores da região inspiraram um trabalho que mescla as tradições mineiras à contemporaneidade. Para o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, “Jequitinhonha: Origem e Gesto” é uma celebração das tradições do estado para além da Minas histórica.
“Essa produção inédita celebra as outras histórias de nosso Estado. Com a iniciativa, a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard abre espaço para todo simbolismo das ‘Gerais’, que é essa região mais profunda de Minas, com muitas histórias, culturas e tradições, bem diferentes da centralidade do Estado. O objetivo é estimular um novo olhar para a diversidade e a riqueza da produção artística de nossa terra”, destaca.
Marco Paulo Rolla, que também assina a curadoria da exposição e a direção da coreografia da Cia. de Dança, explica que o projeto foi pensado para ampliar a percepção do público a respeito do Vale do Jequitinhonha. “O objetivo é abrir uma porta para imaginar além do que o Jequitinhonha é. É uma tentativa de apresentar, na Grande Galeria, esse recorte muito sensível daquela região, a partir das origens e dos gestos que fazem parte daquela cultura que, às vezes, nos parece tão distante”, aponta o coordenador.
Artesanato
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, destaca a importância da iniciativa para valorizar o artesanato mineiro, especialmente o trabalho dos mais de 130 artesãos do projeto Artesanato do Vale do Jequitinhonha, atendidos pelo Sebrae. “O ‘Vale do Jequitinhonha’ foi a primeira ‘marca território’ criada para o artesanato em Minas Gerais. Essa exposição é uma grande oportunidade para fortalecer a identidade e origem do território, contribuindo para o desenvolvimento econômico local, além de divulgar a rica cultura do Vale e dar mais visibilidade às peças produzidas pelos artesãos”, destaca.
A proposta da exposição “Jequitinhonha: Origem e Gesto”, segundo Marco Paulo Rolla, é uma interpretação das culturas do Vale do Jequitinhonha a partir de múltiplos suportes. Com as obras dispostas na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, entre artesanato, pintura e videoinstalação, a exposição vai traçar uma narrativa histórica e interpretativa a respeito da formação da identidade cultural daquela região.
O barro, matéria-prima de inúmeros trabalhos artesanais, é o ponto de partida para a expografia, caracterizando todo o espaço da Grande Galeria. “É daí que surge a origem. Nossa ideia com essa exposição é celebrar um trabalho manual, artesanal, que diz muito sobre a cultura do Jequitinhonha e todas as tradições que estão impregnadas naquele povo”, explica Marco Paulo Rolla.
A expografia também contempla uma videoinstalação com registros feitos durante a pesquisa da Cia. de Dança Palácio das Artes na região. Além disso, pinturas de Gildásio Jardim, artista natural de Joaíma, no Baixo Jequitinhonha, também fazem parte da exposição. As obras de Jardim abordam o cotidiano daquele povo, em que a personalidade do retratado se funde com as estampas do tecido. Estão representados o homem do campo, do sertão, da vida simples na roça – sujeitos invisibilizados pela sociedade que têm sua poesia estética capturada pelo olhar de Gildásio.
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