Economia

Indústria mineira registra recuo de 4,7 pontos entre maio e junho

Número de empregos volta a subir depois de dois meses em queda
Indústria mineira registra recuo de 4,7 pontos entre maio e junho
Em contrapartida, Sondagem Industrial mostra evolução positiva no número de emprego | Crédito: Miguel Ângelo/CNI

A elevada carga tributária, a demanda enfraquecida e as altas taxas de juros estão influenciando negativamente a indústria mineira. De acordo com a Sondagem Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a indústria mineira apresentou queda de produção de 4,7 pontos ao registrar 46,8 pontos em junho ante aos 51,5 pontos de maio deste ano. Em contrapartida, o estudo mostrou uma evolução positiva no número de empregos que após dois meses de queda, apresentou um crescimento de 2,3 pontos.

A economista da Gerência de Economia e Finanças da entidade, Daniela Muniz, explica que o recuo na produção é influenciado, principalmente, pelo menor número de dias úteis em junho atrelado ao cenário macroeconômico do país. “Além de junho ser um mês menor, a conjuntura macroeconômica do País influencia esses resultados. O cenário econômico mais restritivo e as taxas de juros elevadas fazem com que a capacidade produtiva seja mais baixa”, diz.

Se compararmos com junho de 2022, o índice de produção também caiu, passando de 47,6 pontos para 46,8 pontos em 2023, o que representa redução de 0,8 ponto. Os indicadores utilizados na sondagem variam no intervalo de 0 a 100 pontos. Valores acima de 50 pontos indicam evolução positiva.

Os estoques dos produtos finais também aumentaram e ficaram acima do planejado pelas indústrias, indicando que a demanda foi inferior à esperada, com 51 pontos. “Desde 2021, a gente tem visto setores apresentando problemas com estoques excessivos. Um resultado do enfraquecimento da demanda do mercado”, avalia.

A capacidade instalada das empresas também continua operando abaixo do índice usual para o mês de junho, mantendo 43,7 pontos tanto em maio como agora. Porém, na comparação com junho de 2022 (43,4 pontos), o índice cresceu 0,3 ponto.

A especialista explica que todos estes registros dão sinais de que a indústria ainda está operando de forma ociosa e que o cenário restritivo tem atingido a atividade econômica, gerando o resultado não desejado. “Após muitos meses de restrição, o resultado negativo é reflexo daquilo que a sondagem mostrou como as principais dificuldades do empresário mineiro: a elevada carga tributária, a demanda interna insuficiente e as taxas de juros elevadas”, ressalta.

Outro item importante que tem subido no ranking dos problemas enfrentados pela indústria e percebido na análise de Daniela é a inadimplência dos clientes. De acordo com ela, este item ocupava o oitavo lugar na última pesquisa e agora apareceu em sétimo. “A inadimplência da população e o consequente endividamento proporciona também a queda no consumo percebida pelos empresários”, ressalta.

Mesmo com a produção em queda, o número de empregados cresceu 2,3 pontos em relação a maio (48,6 pontos) e atingiu 50,9 pontos em junho. De acordo com Daniela, uma mostra que o mercado de trabalho tem evoluído. “Depois de dois meses de queda, voltamos a registrar aumento no emprego. Uma mostra que o mercado de trabalho está sendo resiliente mesmo com enfraquecimento da demanda”, diz.

A expectativa para uma melhora neste cenário, de acordo com ela, são as mudanças que podem começar com a redução das taxas de juros. “Uma queda na taxa vai facilitar o acesso ao crédito, aumentar a demanda e reduzir a inadimplência”, avalia.

Satisfação X insatisfação

Os indicadores financeiros do segundo trimestre do ano mostraram empresários insatisfeitos com as margens de lucro e com as condições de acesso ao crédito. Porém, os industriais mostram satisfação com a situação financeira.

O estudo mostra que, enquanto o índice de satisfação com o lucro recuou 1,7 ponto ante o primeiro trimestre (47,7 pontos) e marcou 46 pontos no segundo trimestre de 2023, o da dificuldade com o crédito avançou 3,3 pontos ante ao primeiro trimestre (39,5 pontos) atingindo 42,8 pontos; o índice de satisfação com a situação financeira da empresa aumentou 0,5 ponto em relação ao primeiro trimestre (51,3 pontos) atingindo no segundo trimestre do ano 51,8 pontos.

Perspectiva

Para os próximos meses, a perspectiva dos industriais é de elevação da demanda, da compra de matérias-primas e do número de empregados. “Mais uma vez a expectativa de uma estabilidade maior no cenário econômico gerando um otimismo entre os empresários”, avalia.

O estudo também mostra que a intenção de investimento foi maior (59,5), o que representa crescimento de 1,3 ponto na comparação com junho (58,2 pontos). “Um reflexo do que a gente vê em outras pesquisas que fazemos. Eles estão um pouco mais confiantes e mais seguros até para investir”, avaliou.

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