Economia

Faturamento da indústria sobe 6,5% no primeiro semestre

Alta foi motivada pela reabertura da economia chinesa, aumento do salário mínimo, desaceleração da inflação e medidas de incentivo ao setor
Faturamento da indústria sobe 6,5% no primeiro semestre
Indústria de transformação faturou 6,9% a mais e foi principal propulsor do desempenho da indústria mineira no período | Crédito: Divulgação/CNI

O faturamento do setor industrial mineiro subiu 6,5% no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo intervalo de 2022. A indústria da transformação, que entre os períodos faturou 6,9% a mais, foi o principal propulsor do desempenho, visto que o segmento extrativo mineral avançou apenas 1,1%. Os dados fazem parte da pesquisa Indicadores Industriais de Minas Gerais (Index).

Conforme o levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), outros indicadores da atividade apuraram crescimento nos primeiros seis meses de 2023 em relação a igual intervalo do exercício anterior. O total de pessoas empregadas no setor cresceu 1,6%, a massa salarial teve uma alta de 7,7% e o rendimento médio real aumentou 6,1%. Em contrapartida, as horas trabalhadas pelo pessoal empregado na produção caíram 0,3%.

A economista da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da entidade, Daniela Muniz, atribui os resultados positivos a fatores externos e internos. São eles: reabertura da China, que impulsionou a procura por minério de ferro da indústria extrativa mineira; aumento do salário mínimo e dos programas de transferência de renda e a desaceleração inflacionária, que ampliaram o poder de compra da população, e as medidas do governo federal de incentivo à indústria.

Setor apura bons resultados em junho

Ainda de acordo com o Index, o faturamento da indústria do Estado cresceu 3,5% na passagem de maio para junho. Esse foi o segundo crescimento consecutivo do indicador, impulsionado, dessa vez, conforme a economista, pela elevação de pedidos em carteira no segmento de transformação, que, entre os meses, faturou 7% a mais. Por sua vez, a atividade extrativa mineral caiu 28,7%.

O faturamento geral foi superior mesmo em um cenário de queda da produção no sexto mês de 2023, apurado pela Sondagem Industrial da Fiemg. Daniela Muniz explica que os dois indicadores não têm relação direta, uma vez que algumas indústrias podem receber pelos pedidos de forma antecipada ou produzirem antes e receberem somente na entrega. Segundo ela, o nível de fabricação se relaciona com as horas trabalhadas, índice que cresceu apenas 0,5% no período.

Quanto aos indicadores relacionados ao mercado de trabalho, o patamar de pessoas empregadas na indústria mineira praticamente ficou estável pelo segundo mês seguido, com uma alta de 0,1%. A massa salarial subiu 2,1% e registrou a terceira elevação mais intensa para junho desde o início da série histórica da pesquisa, em 2006, influenciada pelo pagamento de participações nos lucros e resultados, que ainda contribuiu para o aumento de 1,9% do rendimento real.

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Expectativa para os próximos meses é de crescimento moderado

Para os próximos meses, a expectativa é de crescimento moderado na atividade industrial do Estado. Isso porque, segundo a economista, existem aspectos negativos que ainda impactam o setor, apesar de todos os motivos que impulsionaram a indústria no primeiro semestre, como o arrefecimento da inflação e a resiliência do mercado de trabalho, continuarem favorecendo.

“Por um lado temos todos esses fatores positivos que estão impulsionando a atividade, mas, por outro lado, temos alguns fatores que continuam restringindo a demanda e os investimentos, como as taxas de juros em um patamar elevado. Isso realmente ‘puxa’ o setor para baixo e contribui para o mau comprometimento de renda das famílias que ficam endividadas normalmente em linhas de crédito mais caras, como é o caso do cartão de crédito”, ressaltou.

“Sobre isso, o Banco Central (BC) acabou de reduzir a Selic, de 13,75% para 13,25%, o que é uma ótima notícia, e esperamos que esse processo continue. Porém, mesmo com essa redução, os juros continuam elevados e vão permanecer assim por algum tempo porque essa queda será gradativa. Então, teremos uma atividade econômica mais restrita e desaquecida”, completou.

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