Economia

Indústria de cimento busca recuperação em meio à instabilidade econômica

Os níveis de comercialização no Sudeste caíram 0,9% no acumulado de janeiro a julho deste ano, chegando a 16,6 milhões de toneladas
Indústria de cimento busca recuperação em meio à instabilidade econômica
Setor busca recuperação em meio a instabilidade econômica | Crédito: Adobe Stock

As vendas de cimento na região Sudeste tiveram uma queda de 0,9% no acumulado de janeiro a julho deste ano sobre o mesmo período em 2022. De acordo com os dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), ao todo, foram vendidos 16,6 milhões de toneladas do insumo no País. Já em 2022, esse número foi de 16,8 milhões de toneladas. Ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, o presidente da entidade, Paulo Camillo Penna, explicou que esse resultado ocorre por conta da instabilidade do cenário econômico nacional.

“O resultado, tanto da região do Sudeste, quanto nacional, foi de reduções provocadas pelos juros elevados nos últimos meses. Isso ocorre mesmo com a recente redução da taxa Selic. Ainda há outros dois fatores que motivaram a redução. Desses, destacamos o endividamento das famílias e a diminuição do número de lançamentos de empreendimentos imobiliários durante o período. Isso faz com que o crescimento do setor cimenteiro fique travado”, pontua.

“Ainda que o cenário não seja favorável, o setor de cimento segue caminhando com a retomada do investimento em infraestrutura e com a possibilidade de elevar a presença do insumo em programas habitacionais. Seja para o saneamento, a pavimentação de ruas, estradas e rodovias, o que se mostra inteiramente interessante do ponto de vista da durabilidade, do preço e dos aspectos de sustentabilidade para o segmento”, afirma o presidente do Snic.

Fatores domésticos afetam recuperação do mercado

Em julho, as vendas de cimento registraram um aumento de 1,5% em relação ao mesmo mês de 2022, atingindo 2,5 milhões de toneladas comercializadas. Porém, em âmbito nacional, houve um recuo de 0,7% no mesmo período. Esses números apontam para a influência de fatores domésticos que ainda afetam a recuperação do setor, como a dificuldade de acesso ao crédito e a lentidão na regulamentação do programa habitacional Minha Casa Minha Vida.

Apesar dos desafios, a confiança do consumidor aumentou em julho pelo terceiro mês consecutivo, alcançando o maior nível desde janeiro de 2019. Esse resultado é reflexo do arrefecimento da inflação, da recuperação da renda e das expectativas em relação ao programa de renegociação de dívidas, chamado de Desenrola. No entanto, o alto endividamento e a inadimplência ainda são obstáculos para uma confiança mais sólida.

Perspectivas são positivas

Apesar do cenário econômico incerto, o setor de cimento tem perspectivas positivas para os próximos meses. A aprovação do arcabouço fiscal, a tramitação da Reforma Tributária no Senado, a retomada de obras paradas e de investimentos em infraestrutura, aliados ao início de um ciclo de redução da taxa de juros, trazem mais segurança e previsibilidade para o setor e, por consequência, para a economia em 2023.

Paulo Camillo ainda ressalta que historicamente o segundo semestre apresenta uma sazonalidade positiva nas vendas do setor. “Há também uma redução da taxa básica de juros que permite projetar melhores resultados e minimizar as perdas então registradas até julho deste ano”, conclui.

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