Agronegócio

Queijo do Cerrado conquista selo de Indicação Geográfica

Produtores de Queijo Minas Artesanal de 19 municípios da região poderão usar chancela
Queijo do Cerrado conquista selo de Indicação Geográfica
IG deve beneficiar cerca de seis mil produtores do Alto Paranaíba e Noroeste | Crédito: Divulgação/Aprocer

A busca pela diferenciação dos produtos no mercado e a valorização dos atributos territoriais têm crescido em Minas Gerais. Nos últimos anos, a conquista de Indicações Geográficas (IG) avançou e a última obtida foi a do Queijo do Cerrado Mineiro, na modalidade Indicação de Procedência (IP). Com o reconhecimento, conquistado na primeira semana de agosto, produtores de Queijo Minas Artesanal de 19 municípios da região do Cerrado poderão usar a chancela que veio reconhecer as qualidades e as características únicas do produto feito da região.

A IG, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), deve beneficiar cerca de seis mil produtores do Alto Paranaíba e Noroeste de Minas Gerais. As cidades que fazem parte da região são: Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Vazante, Tiros e Varjão de Minas.

De acordo com a analista de negócios do Sebrae Minas, Naiara Marra, a conquista da IG pelo Queijo do Cerrado propiciará o reconhecimento do produto, que tem grande qualidade, mas ainda busca formas de agregar valor.

“A estratégia de identidade e de origem, além de proteger o nome geográfico, Cerrado Mineiro, quanto ao uso indevido fora da região delimitada, vai ajudar o produtor do Cerrado a ampliar o mercado, gerar novos negócios e, também, pode contribuir para o ganho em qualidade do produto ofertado”.

Ela explica ainda que para utilizar o selo da IG, os produtores da região delimitada deverão fazer parte da Associação dos Produtores de Queijo Minas Artesanal do Cerrado (Aprocer) e atender a uma série de regras específicas.

“Além de produzir na área delimitada, há um caderno técnico que foi aprovado pelo Inpi onde estão definidos os requisitos para que o queijo seja reconhecido como do Cerrado. Entre eles, o queijo precisa ser produzido com leite cru, integral, recém ordenhado, retirado e beneficiado na propriedade de origem em até 90 minutos após a obtenção, por exemplo”.

O processo para o reconhecimento do Queijo do Cerrado Mineiro por parte do Inpi foi rápido e levou cerca de um ano.

“O pedido foi depositado no ano passado e não esperávamos que ele saísse tão rápido. Fatores como a tradição, o jeito de fazer único e as características exclusivas da região foram fundamentais para a diferenciação”.

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Com a diferenciação da Indicação de Procedência, as expectativas em relação ao mercado são positivas. Por ser um produto reconhecido como único, a tendência é que a demanda aumente, já que os selos de IG são valorizados no mercado.

“Com o selo, os produtores terão a possibilidade de trabalhar o queijo e vender o produto maturado. O saber fazer é um diferencial para o mercado que vai gerar valor e reposicionar o queijo frente ao consumidor. Hoje, o queijo minas artesanal está sendo comercializado em lojas especializadas, para a alta gastronomia e sendo ingrediente de receitas assinadas e exclusivas”.

Além do Queijo do Cerrado Mineiro, a região já é reconhecida como o Café do Cerrado, que tem a Indicação Geográfica na modalidade Procedência e também de Origem. O objetivo é trabalhar as marcas regionais.

“Estamos estruturando uma rota do Café do Cerrado e do Queijo do Cerrado e a ideia é trabalhar a cesta de produtos para valorizar ainda mais a região. Além do queijo e do café, a ideia é adicionar outros itens da região, como os vinhos, por exemplo”, explicou Naiara.

O presidente da Aprocer, Eudes Braga, destaca que a conquista é um marco para a região e que trará grande visibilidade para o queijo e garantia de que ele foi produzido na microrregião delimitada pelo INPI. Um dos queijos que deve utilizar a marca em breve é o de Braga. Com uma produção que pode chegar a 2 mil quilos de queijo ao dia, as expectativas são positivas.

Braga, presidente da Aprocer, destaca que conquista é marco para a região | Crédito: Divulgação/Aprocer

“A partir de agora, os produtores que já estão na Aprocer poderão receber o selo que identifica que é o Queijo do Cerrado Mineiro. A região delimitada conta com cerca de 6 mil produtores, mas, o número de associados ainda é pequeno, são apenas 10, todos certificados em alguma instância, seja municipal, estadual ou federal”.

Braga explica que a Aprocer deve crescer, já que a expectativa é que mais produtores se interessem em investir na certificação e se associem, uma vez que a conquista do IG é um divisor de águas.

“Nosso queijo será ainda mais bem visto pelo consumidor, seja do varejo ou do atacado. O IG é uma garantia de qualidade e tradição e com o selo vamos ultrapassar as barreiras. Vamos conseguir chamar a atenção, vamos abrir mais mercados, gerar valorização do produtor e, consequentemente, melhorar a remuneração do produtor. Com maior renda, o produtor terá melhores condições de se manter na atividade e torná-la mais atrativa, incentivando a sucessão familiar”

A ideia também é ampliar a produção da região. De acordo com Braga, a produtividade média por produtor na região delimitada – que são em grande maioria de pequeno porte – gira em torno de 20 quilos de queijo ao dia. A definição da marca que será usada deve ocorrer nas próximas semanas e os primeiros queijos identificados devem chegar logo ao mercado.

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